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SVA da Galiza apreendeu 543 milhões de euros em branqueamento de dinheiro do narcotráfico

O SVA da Galiza (Serviço de Vigilância Aduaneiro), Polícia altamente especializada no combate marítimo, conseguiu desmantelar e apreender dinheiro e bens multimilionários apenas nos nos últimos 5 anos.

Milhões em contas bancárias, automóveis de luxo e de alta cilindrada, quintas, vivendas, apartamentos, garagens, jóias e obras de arte provenientes do narcotráfico e contrabando de tabaco. A crise parece não ter afectado estas organizações criminosas e a Galiza continua a ser a região que regista maior apreensões em todo o território espanhol.

2013 foi o ano em que os agentes do SVA tiveram um maior número de operações (61)  por lavagem de dinheiro mas foi em 2014 e 2015 que o valor dos bens que reverteram a favor do Estado bateu todos os recordes com mais 288 e 112 milhões de euros.

O SVA que conta com meios marítimos, aéreos e terrestres que actua na investigação, perseguição e é uma força policial de elite criada em 1877 e um dos principais meios que vigia este tipo de crime organizado com tentáculos transcontinentais.

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Tem ainda um grupo altamente vocacionado para detectar a ocultação do dinheiro e bens provenientes dessas actividades e que, em sintonia com os magistrados, tem obtido resultados notáveis no confisco de rendimentos ilícitos. «A crescente utilização de elevadas quantias em dinheiro em em cada vez mais sofisticados esquemas exige um cada vez mais aperfeiçoamento e estudo dos canais utilizados por estas redes que, na retaguarda, conta com o apoio de escritórios de advogados e agentes financeiros» – disse ao Minho Digital um alto funcionário da Agência Tributária.

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Contrabando de tabaco diminui em contraste com o narcotráfico

A Galiza, por razões históricas desde o tempo do contrabando quando ainda havia fronteiras, é uma das Comunidades espanholas com mais experiência, ao contrário de outras regiões cujas situações geográficas não são tão favoráveis ao transbordo de mercadorias ilícitas que chegam ao continente europeu por via marítima.

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Operações como a ‘Manga’, uma ramificação da ‘Pokemon’, ‘Cavalo de Tróia’, ‘Danubio’ ou ‘El Dorado’ estão na lista de actuações levadas a cabo pelo Serviço de Vigilância Aduaneiro que, graças à sua eficácia, conta com o apoio privilegiado da americana DEA (Drugs Enforcement Administration),da Força Aérea e Marítima britânica e da Polícia Judiciária.

Outra das áreas de trabalho do SVA centra-se no controle da falsificação de produtos que só no ano de 2016 abriu 10 investigações autónomas, 35 expedientes de apreensões de marcas. O valor destas mercadorias falsificadas apreendidas em 2016 superou os 138.000 euros, muito menos que os 4,3 milhões do ano anterior.

No contrabando de tabaco, os pacotes apreendidos superaram as 5.300, muito inferior às mais de 640.000 de 2015, no ano em em que se imobilizou um trailer cheio e que vinha da Grécia. Detrás deste balanço, a mesma fonte assegurou ao Minho Digital está a «habitual flutuação» que «se dá em pontos onde não se regista um tão grande afluxo de contrabando como em Galiza» e, ainda, ao facto de «hoje serem menos as redes que se dedicam ao tabaco e se passaram ao narcotráfico, já que tendo praticamente os mesmos meios logísticos, o lucro é infinitamente superior».

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O ‘Senhor Malboro’, ex-contrabandista de tabaco que se passou para o narcotráfico

Novas rotas do narcotráfico passam pelos Balcãs com apoio do Estado Islâmico

Nos meios de luta anti-terrorista e narcotráfico, o nome do argelino Mokhtar Belmokhtar, é desde há muito apontado como o principal líder islâmico que se movimenta por todo o norte de África, sendo o seu território principal a Líbia. É conhecido pelo ‘Senhor Malboro’ porque cedo começou a controlar as rotas de contrabando de tabaco com destino à Europa, recebendo em troca, primeiro dinheiro, e depois armamento proveniente da Bósnia, considerado o país a partir do qual funcionam essas principais redes de tráfico. A organização do argelino tem uma cúpula e, a partir daí, células espalhadas por vários países africanos. Fontes a que o MINHO DIGITAL teve acesso asseguram-nos, no entanto, que notícias recentes dão o ex-contrabandista com tendo sido morto no Chade. Uma notícia que «ainda não é segura» dada a dificuldade de infiltrar nessas organizações pessoas de sua inteira confiança. «Naqueles territórios ninguém é de confiança, há  ‘agentes duplos’ e só quando há deserções é que conseguimos alguma informação», assegurou-nos a mesma fonte.

Os investigadores do departamento antidrogas da Itália estavam acostumados a medir o fluxo de haxixe que passa dos campos marroquinos para a costa europeia em um carregamento de jet ski ou lanchas rápidas por vezes.

Assim, quando foram informados po um telefonema que um enorme navio cargueiro carregado de haxixe estava a percorrer águas internacionais ao sul da Sicília — a caminho da Líbia, centenas de quilómetros ao leste da rota normal das drogas em direcção à Espanha—, Francesco Amico, o investigador-coordenador, percebeu imediatamente que alguma coisa estranha estava a acontecer.

Não apenas estranha, mas enorme: quando dois navios de guerra da Marinha italiana pararam o cargueiro ADAM ao largo da costa Líbia, em 12 de abril de 2013, os agentes encontraram uma tripulação síria apavorada e 15 toneladas de haxixe — um volume muitas vezes maior do que as autoridades italianas jamais haviam visto.

“A droga era tanta que não sabíamos onde colocá-la”, contou Amico, que aguardou a chegada do navio escoltado até ao porto siciliano de Trapani. “Tivemos que alugar um armazém.”

As autoridades italianas tinham descoberto uma nova e lucrativa rota do narcotráfico que se estendia a leste, ao longo da costa do norte de África — e sempre conduzia à Líbia, numa área disputada por grupos armados conflituantes, entre os quais a milícia terrorista Estado Islâmico.

Um caso que nos diz respeito ao Alto Minho e que utilizava esta rota, passou-se há cerca de 2 anos com a apreensão do barco EISKOS (registado em Viana do Castelo) da rede dos ‘VIRIATOS’, em que foram detidos portugueses de Seixas, Caminha, Moledo, Vila Praia de Âncora, Aveiro e Peniche. O julgamento terminou há 15 dias no Tribunal Judicial de Viana do Castelo.

 

O que é Estado Islâmico?

O ADAM foi o primeiro de 20 navios que seriam interceptados naquela rota nos 32 meses seguintes, disseram as autoridades. A totalidade das suas cargas chegou a mais de 280 toneladas de haxixe, avaliadas em € 2,8 bilhões – aproximadamente a metade de todo o haxixe apreendido em toda a Europa continental no ano passado, segundo o Centro de Monitoramento de Drogas e Dependência de Drogas da UE.

Então, as denúncias deixaram de ser feitas, e as apreensões pararam. A investigação italiana, que tinha sido ampliada para incluir outros países europeus e a DEA (Drug Enforcement Administration) – o órgão de combate às drogas americano), não apreendeu mais navios na rota em 2016, embora as autoridades acreditem que o tráfico continue.

Enquanto procuram decifrar o que acontece com os carregamentos enormes, as autoridades enfrentam um mistério que sugeriram perguntas intrigantes, mas trouxeram poucas respostas.

 

Destino Final

Uma coisa que elas sabem é que a Líbia não era o destino final das drogas. Os produtores marroquinos usam logotipos de marca individualizados, como um escorpião ou um cifrão de dólar. Isso ajudou os investigadores a seguir o rastro das drogas depois de deixarem a Líbia, percorrendo uma rota terrestre que passava pelo Egipto e depois chegava à Europa, atravessando os Balcãs.

Mas os investigadores ainda não têm certeza do que aconteceu quando as drogas passaram por essa rota. Graças a interrogatórios e vigilância, eles sabem que a rota atravessava áreas que até poucos meses atrás eram reivindicadas pelo Estado Islâmico, que cobra impostos sobre drogas e outras mercadorias na Síria e no Iraque.

Esse facto, em particular, levou os investigadores italianos a começar a fazer perguntas que nunca tinham imaginado fazer: poderia o Estado Islâmico ou algum outro grupo estar a  lucrar com a rota das drogas, ao cobrar impostos sobre o tráfico? É aí que o ‘Senhor Malboro’ começa a ser badalado…

O caos gerado pelos militantes na Líbia estaria a criar uma oportunidade para o narcotráfico escolher uma rota da qual as autoridades não suspeitariam, ou grupos baseados na Líbia estariam mais directamente envolvidos? A investigação continua.

“A partir do momento em que as drogas chegam à Líbia, perdemos o rastro delas”, disse o tenente coronel Giuseppe Campobasso, director da unidade antidrogas na Sicília da Guardia di Finanza, a polícia financeira italiana que liderou a busca pelos navios.

Considerando que o haxixe é vendido por € 10 mil o quilo depois de chegar às ruas da Europa, apenas a carga do navio ADAM valia pelo menos € 150 milhões. E alguns carregamentos apreendidos posteriormente eram ainda maiores, incluindo um carregamento de haxixe que viria a ser estimado em 420 milhões de € no cargueiro ABERDEEN, perseguido por agentes especializados em fazer abordagens em alto mar, no verão de 2014.

Depois de apreender o navio-mãe, os investigadores italianos interrogaram os seus tripulantes que insistiram não saber que havia haxixe nos 591 sacos plásticos encontrados no convés…

Segundo uma transcrição do depoimento dado pelo capitão do navio aos investigadores, ele acreditava que estava a transportar ajuda humanitária, levada ao navio pelos tripulantes de lanchas que se aproximaram do navio ao largo de Marrocos e insistiram que ele levasse os sacos.

Para descobrir mais, os investigadores  – que têm décadas de experiência no trato com a Máfia siciliana – decidiram colocar escutas nas celas onde os seis tripulantes estavam presos. Ao longo de meses de vigilância, Amico começou a discernir os esboços da rota de tráfico e o mistério do reduto militante na região costeira Líbia pela qual ela passava.

 

Lanchas ou zebros ‘voadores’ continuam a ter um papel importante

Campo de Batalha

Desde a queda do ditador líbio Muammar Kaddafi, em 2011, ‘corredores’ da Líbia ao longo da linha costeira na região oriental de Cirenaica viraram um campo de batalha de grupos militantes concorrentes.

Em 2014, esses grupos já incluíam a filial líbia do Estado Islâmico, que em momentos diversos teve uma presença nas cidades de Benghazi, Derna e especialmente Sirta, que caiu parcialmente sob o controle das forças pró-governo.

As autoridades italianas acreditam que todas essas cidades eram destinos de alguns dos navios que transportavam drogas, se bem que as unidades de navegação de outras embarcações apreendidas indicassem que elas se dirigiam ao porto líbio de Tobruk, controlado por um grupo rebelde que combate o Estado Islâmico.

Os investigadores dizem acreditar que, pelo menos alguns dos casos, o grupo terrorista teria podido cobrar um imposto para permitir a passagem das drogas. Isso condiz com as práticas comerciais do EI então no seu reduto na Síria e no Iraque, onde, segundo um estudo do índice de Risco-País da empresa IHS, 7% da receita do EI no ano passado foi obtida da produção e cobrança de impostos do tráfico de drogas.

Mas as autoridades admitem que não têm certeza se o EI desempenha algum papel operacional propriamente nos carregamentos de haxixe e, se sim, qual é esse papel.

“Ninguém tem informadores em campo para poder saber com certeza”, disse Masood Karimipour, representante regional para o Oriente Médio e norte da África do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime.

“O que podemos informar, ou inferir com algum grau de certeza, é que onde os terroristas controlam território, eles controlam tudo o que passa por esse território, incluindo o tráfico de qualquer coisa, quer sejam armas ou drogas.”

 

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