Tempo de autárquicas… ou o regresso de filhos pródigos…?

José Andrade

Reformado

Que importa que a imagem pública dos políticos não seja a melhores referências! Ou que o interesse dado pelo comum dos indígenas à ‘coisa pública’, valha tanto quanto as cotações do BCP em bolsa?! Sim, que importância e denodo merece ‘oferecer’ a perda da vida privada, expondo-a ao escrutínio público?!

Para uns tantos, o que estará em jogo, tão só, é a ilusão de, por essa via, poderem ganhar, garantidamente, ao fim de uma temporada, mais uns cobres. Outros haverá, por certo, intelectualmente honestos, humanamente altruístas, por serviço público.

Complexas, variadas, simples ou desprendidas, o certo, é que sempre surge alguém disposto a ‘carregar com o piano’.  A música do Poder pelo poder, é sempre um bom e encantador lenitivo.

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E a música para o ‘baile mandado’ das próximas eleições autárquicas, têm já muita música a fazer mexer muito ‘bailarino’ de pé de chumbo! Acordes em tons vários, que mexem ou fazem mexer. Que o digam uns tantos dirigentes associativos/partidários, qual deles com a ‘proposta’ e ‘iniciativa’ mais ‘brilhante’ e ‘oportuna’ na manga. E, com tanto desacato partidário em exibição, não são surpresas, as prováveis mudanças de camisola. É que o tempo para a dança da cadeira à mesa da Junta ou Câmara, já começou. E com tanto reboliço entre os militantes, e dentro das estruturas partidárias, que não é de admirar  as  correspondente consequências que promove, desnorte que leva a confundir ‘passos de dança com piruetas’, trapalhada que só contribui para fazer aumentar o gosto pela abstenção de muitos eleitores.

E abstenção nas urnas, numas eleições autárquicas em tempo onde o poder central tem poderes diferentes, para não dizer contrários ao que vigora na paróquia camarária, é cenário expectável na contagem final dos votos.

‘Não peças a quem pediu… não sirvas a quem serviu’, ditado ‘popular’, coisa do ‘bom povo’, assenta que nem uma luva, agora que estamos já em fase final de ‘contratações’ autárquicas para ver como andam as ‘modas’. E se aliarmos a este ‘baile de independências/dependentes’, o adágio, ou a parábola do ‘regresso do filho pródigo’, mais altas são as expectativas em no jogo da confusão em que são servidas as eleições locais.

A Primavera este ano, não vai ser só mais uma estação do ano. Com o Verão e as retemperadoras  férias, a reclamarem muita praia, e o calor muito pouco esforço, o espaço temporal que resta, deixa pouca margem de manobra, ou de sobra, para ‘vendas de promessas’ das eleições do próximo Outubro. E sendo as próximas eleições um acto que permite eleger gente que nos está mais próxima, quer nas Juntas de Freguesia, que na Câmara Municipal, as dores de cabeça dos directores e candidatos, vão ser pior que insolação no deserto. É que para as eleições de Outubro, a ‘desculpa’ pelo que não foi feito, ou urge fazer, não pode ser assacada ao Poder de Lisboa ou de Bruxelas, aí temos a ‘descentralização’ vinda de Lisboa a caminho. Daí não ser estranho o ‘carinho’ de tantos ‘candidatos voluntários’. É que com tantas reclamações de ‘descentralização’ já satisfeitas e consumadas, acompanhadas pelos respectivos meios financeiros, é natural aquilo a que se assiste nos aparelhos e clientelas partidárias – todos querem um lugar ao Sol, ou à mesa. É certo que normalmente as ‘contratações’ nas eleições autárquicas façam ferver a exaltação partidária. O que não é normal, são algumas ‘contratações’ que se ‘conhecem’, pelo percurso, e pela acidez que trás muita gente nervosa e vai provocando muita ‘confusão’ em volta dos decisores políticos partidários.

Potro-candidatos não faltam, uns por iniciativa própria, outros por lançamento de interpostos amigos, mas todos com ‘legítimas’ e ‘solenes’ razões. Motivações tão ‘solenes’ e ‘legitimas’, como aquelas dos já instalados para continuarem, por que não querem deixar o ‘trabalho’ a meio uns, outros, porque, no ‘há que renovar’, entendem que como ‘bons filhos’ está na hora de acederem ao pote, ou à ração. Claro, todos sempre em nome do ‘povo’, do tal ‘bom povo’ que desinteressadamente com o seu voto os promoverá de bestas a bestiais, ou vice-versa, consoante os apetites satisfeitos ou não.

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