Editorial

TERRORISTA FOI ‘HÓSPEDE’ EM MONÇÃO
Picture of Manso Preto

Manso Preto

Partilhar

Em 2004, poucos dias antes da inauguração do Europeu de Futebol no Estádio do Dragão, o SIS, PJ, SEF, PSP e GNR lançaram uma enorme caça ao homem.

Havia informação dos Serviços Secretos europeus e norte-americanos de que se preparavam 2 atentados na cerimónia da abertura: um dentro do Estádio do Dragão e outro, em simultâneo, a poucas centenas de metros no restaurante McDonalds da cadeia americana. Tinham a marca da Al-Qaeda com Bin Laden ainda vivo.

Felizmente, as nossas autoridades conseguiram deter, antes, os potenciais terroristas, em número de 19, estando 17 hospedados em modestas pensões na Invicta.

Entre eles estava o marroquino Mohammed Bouyeri que, sendo detido na fronteira de Valença onde chegara de carro (com um amigo) proveniente da cidade holandesa de Haia, acabou por ser reencaminhado para o Estabelecimento Prisional  de Monção sob a acusação de que tinha documentos falsos.

Eu próprio, na altura, tive alguma informação (muito pouca) e, apesar dos esforços para saber o que se passava para fazer uma notícia, confrontei-me com todas as fontes a escusarem-se comentar por ‘Razões de Estado’ (sic).

Findo o Euro, todos foram postos em liberdade, inclusive os ‘hóspedes’ de Monção!

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Eis que, 8 dias após ser posto na fronteira de Valença, o marroquino viaja até Amsterdam onde era exibido com sucesso, por essas alturas, um filme sobre o islamismo. Mohammed conseguiu localizar o holandês Theo Van Gogh, o cineasta que acabaria por pagar com a vida a crença que tinha de viver numa sociedade em que a liberdade não era um conceito vão mas uma certeza enraizada nas suas convicções. O marroquino ‘de’  Monção degolou-o e deixou-lhe cravado no peito a faca com lâmina serrada que, mesmo que  arrancada, ainda mais destruiria os tecidos fibrosos.

Vem tudo isto a propósito dos recentes acontecimentos com os refugiados Sírios que chegam à Europa e as vozes que apelam à solidariedade. A meu ver, esse voluntarismo não tem nada de prudente, pode ser perigoso e de consequências incontroláveis.

 A hipótese de Portugal ou qualquer outro país facilitar na prevenção, na troca de informações, de uma vigilância que deve ser constante (com que meios?), traz com inevitável consequência a atracção, sobre este território sem fronteiras, de santuários a células radicais. Desse modo, os extremistas não despareceriam, apenas se ‘socializariam’ , ganhando um estatuto legal.

O terrorismo, não devendo ser considerado uma prática legítima seja em nome do que for, não pode, por demissão, omissão ou permissividade do Estado, ser legitimado por lei. Quando isso acontecer, muita gente começará a pensar que na liberdade está a fonte de todos os males, e não hesitará em sacrificá-la se considerar que é esse o caminho para pôr fim ao flagelo como ao que agora aconteceu em 13 de Novembro em Paris e tantos outros antes.

Em relação ao radicalismo, aos fanatismos, sejam eles religiosos ou de outra ordem, as democracias não podem, pois, ser tolerantes, e mais tarde ou mais cedo vão verificar que pactuaram demasiado.

E quanto mais tarde assumirem consciência disso, mais difícil será convencer os cidadãos de que é possível combater o terrorismo sem pôr em causa a nossa liberdade.

Mais
editoriais

Junte-se a nós todas as semanas