Tia Aida: «Todas as semanas vou à zumba!…»

Em Portugal, verificou-se uma elevadíssima taxa de mortalidade, com duas ondas epidémicas e uma ocorrência muito marcada entre os 20 e os 40 anos. Por isso, quando a sua mãe soube que estava grávida «fugiu cheia de medo para a corte das ovelhas porque não queria morrer», contou-nos a Tia Aida.

 Nunca se casou, teve uma filha com quem vive e diz sentir-se muito feliz com a vida que teve.

Aida Gonçalves Lourenço mais conhecida em Monção como a Tia Aida, nasceu na freguesia dos Milagres em 1919 quando a peste espanhola assolava o país .

Em Portugal, verificou-se uma elevadíssima taxa de mortalidade, com duas ondas epidémicas e uma ocorrência muito marcada entre os 20 e os 40 anos. Por isso, quando a sua mãe soube que estava grávida «fugiu cheia de medo para a corte das ovelhas porque não queria morrer», contou-nos a Tia Aida. 

Criança, com apenas 12 anos começou a trabalhar no campo a cuidar das ovelhas da família , foi vendedora ambulante de pão , empregada de restaurante em Lisboa e empregada doméstica .

Foi apenas quando mencionou que trabalhou igualmente «na resina» que entrou em detalhes. «Para apanhar a resina fazia-se um buraquinho nos fieiros, metia-se uma tigela por baixo e quando estava cheia, com uma pá de ferro enchia-se os tambores que andavam sempre connosco. A seguir descarregava-se os tambores cheios de resina para uns baldes».

Quanto à sua vida pessoal diz que, apesar de serem outros tempos, nunca se sentiu descriminada por ser mãe solteira. Tanto a família como o povo local sempre a trataram com respeito. «Tive foi que meter o pai da minha filha no tribunal porque não a queria perfilhar, mas essa é outra história», asseverou esta figura tão popular em Monção.

A Tia Aida contou que labutou muito, sempre foi auto-suficiente e nunca dependeu de nenhum homem. «Graças ao meu esforço, consegui que a minha filha se formasse e trabalhou sempre como professora primária até a sua reforma», confessou ao MINHO DIGITAL com inegável orgulho a quase centenária. Quanto ao segredo da sua longevidade, «foi o trabalho» contou-nos a entrevistada. E, com um sorriso, insistiu: «muito trabalho e um copito de vinho verde que o maduro cai mal».

«Ainda gostava de fazer muita coisa», disse-nos a Tia Aida para logo acrescentar que  «vou com a minha filha todas as Segundas à zumba!…», enquanto deixa escapar uma gargalhada. «Mas o que queria mesmo era sair todas as manhãs para o campo, só que a mente quer, mas o corpo não deixa».

A Tia Aida fez questão de presentear a nossa reportagem com uma sandes de queijo e um copo de vinho verde da sua adega. Entre canções cantadas com visível carinho e piadas da sua mocidade, concluíu relembrando que  «trabalhei muito, muito na minha vida, mas fui muito feliz»!

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Nuvem do Minho
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