Embora não seja psiquiatra, não consigo deixar de imaginar como seria se eu fosse o psiquiatra de Donald Trump. Uma tarefa difícil, e, por isso, meramente ficcional, porque Trump, com um ego bem maior que o seu cérebro, jamais procuraria ajuda profissional nesta área, na medida em que não tem espírito crítico sobre si próprio.
Até aqui, estaríamos, aparentemente, no campo das psicoses. Mas, se por acaso, num raro momento de lucidez, Trump decidisse por sua iniciativa, fazer uma consulta, o diagnóstico provavelmente mudaria de “psicose” para “neurose” – uma melhoria substancial, convenhamos.
Com o seu narcisismo avassalador e total indiferença pelo sofrimento alheio, Trump faz lembrar Meursault, a personagem principal de O Estrangeiro, de Albert Camus. Ambos parecem sofrer de desrealização e de despersonalização: vivem afastados da realidade e não demonstram qualquer afinidade pelo próximo. Ambos revelam uma frieza quase mecânica diante da dor dos outros, uma desconexão que os torna incapazes de sentir empatia e, consequentemente, de perceber o verdadeiro significado e a dimensão negativa das suas ações. Meursault assiste ao funeral da mãe sem demonstrar qualquer emoção e mata um homem sem remorsos. Por sua vez, Trump, sem qualquer consideração pelas vidas humanas envolvidas, propõe transformar Gaza numa estância turística de luxo e sugar os recursos dos ucranianos ao querer explorar as terras raras da Ucrânia – ambas terras que cheiram a injustiça, sofrimento e morte. A diferença é que, enquanto Meursault é uma criação literária existencialista, Trump é um caso real e, potencialmente, um caso clínico. Sendo presidente do EUA, um perigo.
Se um psiquiatra fosse chamado a tratar Trump, a questão não seria política, mas médica. Seria tratado como um doente, certamente diagnosticado com graves perturbações mentais. A solução – para quem acredita em milagres, no caso de Trump – passaria por internamento imediato, acompanhado de uma boa dose de sedativos. Em termos médicos, Trump não seria um ditador, mas sim alguém tão distante do normal – para não dizer próximo de anormal (não querendo ofender os anormais) – que não consegue distinguir a realidade da sua realidade, bolha disfuncional em que vive. Em linguagem comum: um louco!
Por mais que tudo isto possa parecer ironia, o que está aqui verdadeiramente em causa e que nos devia preocupar é a saúde do mundo. Algo impossível enquanto existirem Trumps!
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