Editorial

UM NATAL MUITO DIFERENTE
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Joaquim Letria

Joaquim Letria

Professor Universitário

 

Este ano vamos ter um Natal muito diferente. Mas sendo diferente não tem de ser triste. Naturalmente que todos sabemos porquê, depois de termos vivido um tempo assustador, único e desconhecido em todo o Mundo.

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Nas grandes guerras houve quem respeitasse tréguas nesta quadra. Na I Grande Guerra foram os próprios soldados, muito jovens, quer alemães quer aliados, que decretaram as tréguas e chegaram a fazer confraternizações e a cantarem e trocarem músicas e mensagens de paz, de trincheira para trincheira. Este ano, a Pandemia não nos dá tréguas.

Este ano o Natal não vai ter Pai Natal, ninguém se vai lembrar das renas nem dos trenós. Mas vai haver Menino Jesus porque é o seu nascimento que celebramos. Recordo que na minha meninice os meus avós sempre celebravam o Menino Jesus e as prendas eram pedidas por carta ao filho de Deus.

Só quando eu tive filhos é que mudámos para o Pai Natal, que fazia barulho a entregar brinquedos, roupas e pijamas pela chaminé antes de nos entregarmos ao arroz doce, às rabanadas, às fatias paridas e aos sonhos, de calda grossa e deliciosa.

As celebrações, este ano, vão ser diferentes. Ou pelo menos deveriam ser. A consoada só com a família de nossa casa, o Dia de Natal só com os avós e mais tarde, em outros dias, e cada grupo à vez, os tios e os primos. Pelo menos assim deveria ser, com máscaras, sem beijos nem abraços e todos distantes uns dos outros.

Se todos respeitarmos estas regras, usando máscaras e lavando e desinfectando as mãos, poderemos talvez para o próximo ano celebrar um grande Natal como fazíamos antes, com todos juntos a comer bacalhau, a ir à missa do galo e a empanturrarmo-nos de doces. Se tivermos paciência, se resistirmos e compreendermos as regras a que devemos obedecer será isso que acontecerá, todos protegidos por uma das vacinas que nos irão proteger.

Então, a Pandemia será uma triste recordação que a muitos levou entes queridos e a outros deixou sequelas de difícil recuperação. Uma memória para os mais novos e uma lembrança para os que eram crianças e brincavam com as máscaras. Uma vaga ideia para a posteridade que falará de nós e deste pesadelo como nós falamos da Gripe Espanhola e da Pneumónica.

Oxalá esse tempo chegue depressa.

    

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