A Universidade Sénior de Monção surgiu em 2008 como uma resposta social do CENSO e com o apoio do Município de Monção. Este ano as inscrições abriram a 21 de Setembro e vão arrancar duas disciplinas novas: Pilates e Expressão Dramática. Quatro alunos estiveram connosco à conversa e contaram as motivações.
Com o encerramento da loja no Centro da vila, Piedade Coelho não queria ficar em casa. Em conversa com uma amiga, que já faleceu, soube da possibilidade de frequentar a Universidade Sénior. Apesar das renitências, avançou. “Conversando com uma grande amiga, que infelizmente já cá não está, a Dona Ofélia, ela fala-me da Universidade Sénior. Fiquei um bocadinho renitente e lá fui. Estou lá há quatro anos e adoro”, explica Piedade Coelho. Aos 58 anos não quer ficar num apartamento e sente vontade de aprender mais. “Aprende-se sempre algo. Damos sempre algo de nós. Divertimo-nos, passeamos. Temos a mente sã e o corpo são. Aprendemos sempre”, esclarece.
Pilates e Expressão Dramática são as novas disciplinas e Piedade Coelho já se prontificou a frequentá-las. A Música; Dança; Ginástica; Património são outras das matérias que gosta. Sem esquecer a culinária, que decorre nas instalações da EPRAMI e ministrada pelo Chef Rui Ribeiro.
Maria Regina Além regressou à freguesia de Pias depois de 50 anos de ausência, onde vinha pontualmente. Sentia limitações ao nível da Informática e queria aprender mais. “Nós [Maria e o marido] fomos apanhados pelas Novas Tecnologias em fim de carreira e não tivemos preparação. A preparação foi feita por nós. Sentíamos aquela necessidade de aprender mais alguma coisa”. Leu referência à Universidade Sénior neste jornal e conversou com uma amiga e decidiu ir ao Loreto [Edifício da Câmara Municipal] informar-se e inscrever-se. Começou há três anos e hoje com 64 anos sente que “reabri a agenda”. “A Universidade Sénior permitiu criar contactos. É um enriquecimento. Quando chegamos a esta idade não pensamos que seja possível. Esta idade representa o fechar de uma agenda. A gente fecha a agenda e perdeu-se. O projecto obrigou-nos a reabrir a agenda e a ter horários. Mantem-nos integrados no grupo e fazemos todas as descobertas novas”, salienta Maria Regina Além.
Há nove anos veio para Monção. Natural de Trás-os-Montes não tinha grandes contactos na vila raiana. Quando chegou, Fernanda Casimiro, queria aumentar a rede de contactos. Procurou como fazê-lo. Soube da Universidade Sénior e não hesitou. Inscreveu-se a tudo e seis anos depois ainda mantém a frequência a todas as disciplinas, com exceção da Informática. “Foi assim que fiz conhecimentos e hoje conheço as pessoas e faço parte daquela família”, explica. Adiantando que as prendas de Natal são agora todas personalizadas e feitas pela própria. “As minhas prendas de Natal são todas feitas por mim. Decoro garrafas, caixinhas para oferecer, os presépios nas cabaças. Aprendi tudo na Universidade Sénior, porque eu só sabia fazer crochet”.
Vítor Bret está reformado há 10 anos sublinha que a Universidade Sénior o obrigou a “vestir e sair de casa”. “Eu frequento aquelas disciplinas que me obrigam a mexer” diz, lembrando que “não estou com aquela intenção de aprender”, contudo “há sempre alguma coisa que fica”.
A falta de uma sala própria, onde pudessem deixar as coisas é apontada como ponto negativo. Vítor Bret pede apoio à Câmara Municipal desse espaço. “O que nos falta é um espaço, onde tivéssemos uns armários para deixar tudo o que fosse da Universidade e sem estar a pedir autorização para deixar as coisas da Tuna”.
Solidariedade devia estar mais presente
Os elementos da Universidade Sénior envolvem-se também em acções solidárias, contudo os alunos com quem falamos manifestaram vontade em serem proactivos. Com a vinda de Refugiados da Síria pretendem dar um contributo. “Portugal vai receber pessoas que vêm fugir à morte e todos temos de ajudar”, referia Maria Regina Além.
Protocolo com Salvaterra cativará mais alunos
“Este ano o protocolo com Salvaterra baseia-se apenas, nesta fase, em colaborarem na divulgação e angariação de novos alunos, porque achamos que tínhamos muito mais a ganhar se partilhássemos com o concelho vizinho, porque os costumes em algumas coisas cruzam-se e seria uma mais-valia termos um universidade ibérica. Mais tarde poderemos agilizar outro tipo de objectivos, mas para já é isso que está previsto”, salienta a directora Técnica do CENSO.
Sónia Durães fala da vontade em “injectar adrenalina” no projecto que conta com 60 alunos anuais. Este ano vão arrancar duas novas disciplinas a pedido dos alunos. “Todos os anos, no final, fazemos um questionário de avaliação para subentender as intenções dos alunos. Vamos manter a maioria das disciplinas e introduzir Pilates e Expressão Dramática”.
A responsável percebe a preocupação dos alunos com o espaço sede e garante que já estão em conversações com a autarquia e escolas.
Este ano vão ainda celebrar um protocolo com a Escola Superior de Desporto do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) para a avaliação dos alunos que frequentam as aulas de Corpo; Mente e Bem-estar, a ginástica como chamam. “Farão uma avaliação dos alunos no início do ano para depois fazer o Follow-Up no final e puderem ver se houve evolução”.