Editorial

VACINAÇÃO COVID
Antonieta Dias

Antonieta Dias

Antonieta Dias

Médica

PhD na FMUP

Cientificamente está comprovado que a vacinação é o meio mais importante para prevenir a infeção nas múltiplas doenças infeto-contagiosas, como por exemplo no tétano, na tuberculose, na meningite, na poliomielite e em imensas outras doenças.

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Na atualidade e perante a pandemia que estamos a viver a vacinação para a prevenção da infeção por Covid é uma decisão mundial.

Naturalmente que existem critérios para a prioridade da vacinação.

Não se compreende porém que em Portugal não estejam abrangidos nesta primeira vaga os idosos não institucionalizados que é onde se têm verificado mais mortes.

Sendo ainda um enorme grupo que padece de várias patologias, muitas vezes com cuidadores também eles idosos, a sua vulnerabilidade e fragilidade  é muito maior,  tendo por isso um risco acrescido para contraír esta doença.

A decisão que foi tomada é injusta e inadmissível.

Todos sabemos que a vacinação é  um método de excelência para a prevenção das doenças,  tendo sido erradicadas por este meio muitas delas em todo o mundo e nunca existiram critérios de exclusão social baseados na faixa etária.

Para além disso considero uma desumanidade e um sentido de exclusão social para este grupo de idosos não institucionalizados que se encontram tantas vezes completamente desprotegidos o que os torna num grupo ainda mais vulnerável do que a vulnerabilidade resultante da própria idade avançada, já por si um importantíssimo factor de risco, merecendo por isso, na minha humilde opinião, a necessidade urgente em serem vacinados na 1.a fase da vacinação, como está a acontecer numa grande parte dos países.

 

Importa  ainda salientar que o Plano de Vacinação português para a prevenção da infeção por Covid ao não contemplar na 1.a fase  da vacinação os idosos acima dos 75 anos não institucionalisados que são  comprovadamente os que mais morrem por Covid , é um Plano discriminatório e atentatório do direito dos idosos à Defesa da Vida e à Proteção na Doença, direito consignado na Carta dos Direitos Humanos e na Constituição Portuguesa e no enunciado do texto regulamentador do SNS , deixando-os  desprotegidos e ao sabor de decisões políticas criticáveis por não respeitarem o que reiteradamente têm aconselhado a Ordens dos Médicos e os mais diversos e conceituados  cientistas quer virologistas, quer epidemiologistas .

Enfim é desolador assistirmos a esta decisão até agora inflexível do Coordenador do Plano de Vacinação que para além de ser injusta vai contra os Direitos Humanos destes nossos Cidadãos.

Todos sabemos que é através da vacinação que são irradicadas as doenças preveníveis por este método.

Foi através dela que conseguimos erradicar muitas doenças prevalentes como a varíola em 1976.

A erradicação das doenças acontece em países que têm um plano nacional de vacinação devidamente organizado, como é o caso de Portugal desde1965,  sendo o nosso país um exemplo a nível mundial, dado que tem uma excelente cobertura vacinal.

O Plano Nacional de Vacinação foi uma meta altamente valiosa na prevenção de muitas doenças. Não queira agora o Coordenador do Plano de Vacinação para a Covid contribuir para que não sejam evitadas mortes e assim poupar muitas vidas neste importante grupo etário ao ser inflexível adiando uma vacinação que deveria ser uma das mais precoces a ser administrada a este venerando grupo etário de Cidadãos , os quais devem merecer todo o nosso respeito, a começar pelo Estado a quem mais compete  proteger estes milhares de Cidadãos mais vulneráveis.

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