Editorial

VALHA-NOS, PELO MENOS, A FESTA DA FAMÍLIA
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Jorge VER de Melo

Jorge VER de Melo

Professor Universitário

(Aposentado)

Temos que pensar no que de bom ficou de toda esta catástrofe. E daí deu para nos apercebermos que não vivemos apenas de nós nem só para os nossos. Estamos todos ligados pela responsabilidade humana que possuímos perante cada um.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

 

No Natal, como festa da família, todos pretendem estar felizes e provocar a felicidade dos outros, especialmente dos mais chegados. Mas como todos somos uma família, seria bom tentarmos preocupar-nos também com a felicidade de quem não conhecemos.

Embora a questão monetária esteja muito mal por esse mundo fora devido aos problemas causados pela pandemia, ainda existe quem tenha resistido a tudo e se encontre a ajudar os outros.

São essas pessoas que procurando a paz interior vão aumentando a sua felicidade e a dos que se encontram pior.

Mas com tantos contratempos, o ano 2020 é para esquecer. Resta-nos a esperança trazida pelas vacinas que já vão sendo aplicadas, mas tardam a chegar a Portugal nas quantidades necessárias.

O que está a acontecer tem sido uma lição que a natureza nos dá e que alguns não querem entender, ainda estão agarrados à postura anterior, ou seja, “Eu” primeiro que tudo e todos.

Esse egoísmo que não nos leva a lado nenhum tem prejudicado demasiado a humanidade, senão vejamos:

  • A falta de cuidado com a natureza tem desequilibrado o bem-estar do planeta e assim também todos os seres vivos que aqui existem. Confirmado pelos degelos nos Polos Ártico e Antártico que fazem subir exponencialmente as águas dos oceanos;
  • A agressão permanente ao ambiente. Veja-se a matança de 540 animais cercados na Quinta da Bela Torre na Azambuja, especialmente: gamos, veados e javalis;
  • A luta pelo lucro desmedido nas áreas de produção  ou dos trabalhadores pelo êxito no mercado de trabalho que leva famílias inteiras ao abandono presencial dos responsáveis. Como resultado temos uma geração abandonada pelos valores da instituição mais forte e mais importante que existe, “a família”.

Então como é que esta pandemia consegue alertar ou até alterar estas situações?

  1. Devido ao confinamento, as empresas deixaram de pensar apenas no lucro mas sim na manutenção da sua existência e para isso tiveram que criar alterações à forma de trabalho para conseguirem sobreviver o que já acionou outros processos de produção e de negócio que na generalidade têm obtido bons resultados;
  2. As pessoas passaram a valorizar mais a natureza, aproveitando o tempo que agora têm mais disponível para o exercício físico e para respirar o ar puro necessário à defesa contra qualquer ataque desta virose;
  3. Quer queiram ou não, têm que valorizar o ambiente porque a OMS (Organização Mundial de Saúde) indicou regras que os Governos se viram obrigados a impor. Como: distanciamento social, arejamento, limpeza e desinfeção das zonas que frequentamos, etc.

Reparem como o CORONAVIRUS nos conseguiu educar em tão pouco tempo. Passamos a respeitar os outros para não os contaminarmos com o vírus que possamos ter, ou não apanharmos aquele que provavelmente possuam. Perante toda esta dúvida, as pessoas estão agora muito mais atentas ao seu comportamento e ao dos outros.

Claro que ainda subsiste um grave problema respeitante ao que anteriormente afirmámos sobre a falta de acompanhamento dos responsáveis pelas famílias e pelos seus educandos, gerando jovens habituados a sobreviver à custa de uma solidão egoísta pela sua quase autonomia libertina do desenrasque de qualquer forma ou meio.

Não esqueçamos que por muito que custe aceitar, estávamos a entregar os velhotes a autênticas antecâmaras da morte que são alguns dos lares de idosos. Finalmente muitos familiares acordaram, alguns já tarde, perante esta situação.

Uma realidade que temos vivido e que o raio do vírus nos veio alertar, talvez a tempo de ajudar a salvar o planeta.

Será que é desta que o Ser Humano acorda perante os estragos já feitos e retifique o seu comportamento?

Aguardamos com esperança que a grande maioria tenha adquirido outros comportamentos com tudo o que aconteceu.

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