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Jorge VER de Melo
Professor Universitário
(Aposentado)
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Todos os nossos políticos tiveram o cuidado de afirmar vontade forte para virar a página. Estamos a referir-nos aos discursos dos responsáveis partidários nos últimos comícios onde se habilitam às próximas eleições legislativas.
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É caso para preocupar muita gente! Se todos pretendem virar a página é porque a anterior não foi bem preenchida.
Se existe descontentamento com os resultados da última governação, (do Governo e do Parlamento), “nenhum deles está satisfeito com o seu próprio trabalho.”
Por isso querem virar a página num sentido totalmente diferente, ou seja, arriscar outras experiências já que as anteriores se reportaram a uma boa percentagem de fracassos.
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Meus caros, encontramo-nos num beco sem saída!
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Temos que procurar outras escolas para formar políticos pois as destes, (os próprios partidos tal como a Lei assim obriga), conferiram uma formação pouco eficiente. O resultado está à vista e confirmado pelos seus próprios dirigentes.
A mais alta personalidade da Nação, o nosso Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa na sua mensagem de Natal, teve o cuidado de salientar muitos dos problemas urgentes que todos conhecemos e que não foram resolvidos.
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Já em 2020, numa pequena resenha do seu discurso ele lembrou as desventuras da nossa história recente:
- O racionamento do fim da 2ª Guerra;
- Os que combateram em Angola, Guiné e Moçambique até 1974;
- Os retornados dessas mesmas terras e o efeito coletivo;
- As crises financeiras e económicas;
- O resultado em crises sociais;
- Originando um milhão de emigrantes entre 1960 e 1974;
- E ainda a crise da década 70/80.
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Nesse ano apelou à resiliência dos cidadãos.
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Mas agora, o Presidente alerta para os esquecidos da sociedade:
– Os ignorados e oprimidos;
– Descompensados psicologicamente pela pandemia;
– Os que mais sofreram e sofrem;
– Pobres, doentes, vulneráveis;
– Abandonados, excluídos e marginalizados.
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Lembrou o curtíssimo prazo deles para a recuperação do tempo perdido pois estão em causa: os empregos, a residência e a manutenção do lar.
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Morrer de fome, de frio ou com doenças sem assistência por falta de médicos, de hospitais, de enfermeiros ou de auxiliares disponíveis e sem dinheiro para medicamentos… São possíveis factos dos nossos dias em Portugal!
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Esta é a situação real do nosso país, por isso ele apela à busca do tempo perdido e à consciência coletiva para a urgência do que está por fazer.
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Lembra ainda que esta pobreza envolve também a saúde mental de resolução bem mais difícil.
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Ele alerta para todos esses abalos duríssimos até fatais que originaram as novas vidas ou remendos de vida. Por isso carecem da colaboração social e irrepreensível governação.
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O apelo é forte porque ele recorda que a memória coletiva é curta e por isso receia que tudo vá cair no esquecimento se um dia se realizar o sonho do possível regresso à normalidade.