Editorial

Viajar nas nossas estradas é perigoso
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Jorge VER de Melo

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Jorge VER de Melo

Consultor de Comunicação

Quem viajar pelas estradas do nosso país rapidamente se apercebe que estamos mal protegidos em sinalização de trânsito.

O mais grave é que não se trata apenas de incoerência na colocação da sinalização, mas sobretudo na manutenção e fiscalização de todo esse equipamento.

Infelizmente temos que recordar aqui que no primeiro semestre deste ano foram registados 237 mortos, mais 44 do que no mesmo período em 2016.

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Para estes resultados catastróficos acontecerem algo deve estar muito errado. A esse respeito não podemos dar grande ajuda, simplesmente salientamos aquilo que no nosso humilde entendimento parece estar claramente deficiente.

Ao recordarmos o que vai acontecendo nas nossas estradas por falta de manutenção, concluímos que estamos a lidar com algo semelhante ao terrorismo da estrada.

Reparem em alguns exemplos:

– Aquelas vegetações que caem para as estradas e obrigam os condutores, para não lhes tocarem, a desviarem para o centro da estrada calcando traços contínuos e fazendo as curvas fora de mão;

– Os desvios dos buracos que levam os condutores a ziguezaguear para não estourarem os pneus, amolgarem as jantes ou partirem a suspensão;

– A falta de manutenção e de fluorescência das tintas na sinalização;

– A falta de visibilidade da sinalização por deficiente colocação, etc.

Existem leis que regulamentam todas estas situações, por exemplo; o Decreto Regulamentar nº 22A/98 que adapta o Código da Estrada ao Decreto Lei nº 2/98 que altera significativamente os sinais de trânsito, sua aplicação e utilização. Há que cumprir!

Bem sabemos que quem tem responsabilidades neste domínio não pode estar em todo o lado, mas existe legislação que obriga à existência de auditores de segurança rodoviária. São estas pessoas que têm a competência e a obrigação de fiscalizar e fazer cumprir as leis que regularizam. São profissionais devidamente credenciados e disciplinados pela Lei nº 9/2009 e pelo Decreto Lei nº 92/2010 que aprimoraram as diretivas de 2005/36/CE e 2006/123/CE. Onde estão eles?

O próprio Parlamento Europeu estabelece o Regulamento 305/2011 para a elaboração, comercialização e colocação da sinalização de trânsito.

A AFESP – Associação Portuguesa de sinalização e segurança rodoviária, com grande responsabilidade nesta área, indica várias respostas pré sinistro:

– Infra estruturas e sinalização rodoviária conservadas;

– Repintura de marcas rodoviárias;

– Sinais de trânsito visíveis à noite;

– Painéis com informação de dimensão adaptada às necessidades dos utentes.

Quando estamos a lidar com situações de notório abandono, a tendência vai para a indisciplina e para o vandalismo.

Por isso pensamos concluir que são essas razões que nos conduzem ao tal terrorismo na estrada provocando: tantos prejuízos, tantos deficientes e tantos mortos.

Mas o ser humano, não sendo perfeito quando conduz uma viatura, deve contar com a sua momentânea distração ou até e principalmente com a dos outros. Se isso estiver sempre presente, podemos afirmar que vão acontecer muito menos acidentes.

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