OPINIÃO:
Joaquim Vasconcelos
(Engenheiro e Ambientalista)
Desmatar a Rede Natura!…
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Placa esclarecedora!…
A ciclovia existente paralela a menos de 100 metros da nova
Em escassos decénios, a intensificação de numerosas actividades humanas, provocou a perda ou fragmentação de meios naturais, deixando pouco espaço para a vida selvagem ou confinando-a a uma parte exígua, não só em Portugal mas também no território Comunitário
A Comunidade Europeia, atenta a essa situação, criou uma política da conservação da natureza que, desde 1973, tem sofrido sucessivas revisões de forma a criar uma legislação, com o objectivo de não destruir a nossa herança do património natural, pois a regressão de numerosas espécies resultou, em primeiro lugar, da deterioração dos habitats naturais mais importantes para a sua sobrevivência. Assim nasceu a rede Natura2000, a qual privilegia a protecção de numerosos ecossistemas com o intuito de defender diversos habitats.
Esses sítios de valor biológico, são constituídos por exíguas fracções de terreno.
A situação no litoral Norte, nestes últimos tempos, com a empresa POLIS ( sociedade constituída pelo Governo português e os municípios de Caminha, Viana do Castelo e Esposende) que diz, entre outras coisas, defender, proteger e preservar a zona costeira visando “a prevenção de risco – integra um conjunto de medidas correctivas de erosão costeira que passam, entre outras, pela realização de um estudo da vulnerabilidade e riscos às acções directas e indirectas do mar sobre a zona costeira, pela análise e desenvolvimento de intervenções de defesa costeira inovadoras, pela implementação de acções de recuperação, protecção dos sistemas dunares e renaturalização de algumas áreas naturais degradadas ao longo de toda esta faixa costeira”.
No entanto, há uma situação recente, no concelho de Caminha, que não se percebe qual a intenção do que estão a fazer, pois desmataram uma extensa área, com uma largura considerável, entre Moledo do Minho e St Isidoro, em plena Rede Natura2000, onde só encontramos uma pequena placa informativa que refere ser proibido circular.
Sabendo que estávamos perante uma zona integrada na rede Natura2000, fomos ver o que se estava a passar e, mais uma vez, se presume concluir que a lei em Portugal não existe.
Neste caso, além de terem ‘mandado às urtigas’ o desenvolvimento sustentável (destruíram parte da rede Natura), que de acordo com os comentários locais, referem que visa duplicar a ciclovia até Moledo, o que é incompreensível.
Será para gastar os dinheiros comunitários e o erário publico? É por estas e por outras que independente das “cores politicas”, tudo parece mais do mesmo … Isto são obras da Polis que é uma sociedade pública, como atrás se disse!
O mais estranho é não existir nenhuma placa informativo da referida obra. Será uma obra clandestina? Se é pública como é que isto é possível? Foi patrocinada por quem? Não houve concurso? Será que o empreiteiro é sempre o mesmo?
Se de facto é, para fazer uma ciclovia torna-se incompreensível, pois já existe uma a menos de 100m, a qual obedece aos verdadeiros objectivos das ciclovias que é um equipamento, numa vertente conservação de mobilidade mais amiga do ambiente e respeitava os objectivos a que a Polis litoral se supõe propor.
Conclui-se que estamos perante algo pouco transparente, porque tendo procurado ser esclarecido ninguém sabia ao certo para o que era aquilo. Os responsáveis continuam. a reduzir e a destruir espaços da nossa biodiversidade, ou melhor estão a destruir uma herança de um património Natural que devíamos entregar intacto aos nossos filhos.
Enquanto os governos pedem sacrifícios aos portugueses, criando impostos sucessivos, reduzindo e congelando ordenados aos funcionários públicos, aos reformados, dizem não haver dinheiro para a segurança social, a Polis Norte continua a ‘inventar’ obras, agora duplicando o traçado de uma ciclovia feita há meia dúzia de anos, tendo os responsáveis da altura o bom senso de a fazer não destruindo parte da Rede Natura, respeitando a legislação e os princípios da própria Polis.
A população mais atenta e que nada tem a ver com as “tribos politicas”, interroga-se com o que se está a passar, pois vêem-se obras que estão a executar-se sem painéis informativos, em quanto estão orçadas, quem é a entidade promotora entre outros esclarecimentos que não deixem alimentar suspeições. Neste caso estamo-nos a referir a uma empreitada em plena entre Moledo e Sto. Isidoro, onde alguém – que o cidadão comum desconhece – já abriu uma faixa de com uma largura considerável, desmantou e destrui um espaço onde podíamos encontrar algumas espécies endémicas
Embora pertençam a “clubes” diferentes, lá se vão entendendo na destruição de espaços protegidos, como o caso dessa corda litoral que é um ex-libris da zona.
Agora como não conhecemos nenhum projecto, interrogámo-nos o que irá sair dali!…