Vindimas: mais álcool e boa acidez nos alvarinhos de 2015

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O ano de 2015 corrigiu alguns excessos (de chuva) do ano 2014 e apresentou-se com um Verão em pleno. Por extensão, na sub-região e em Melgaço em particular, as uvas de 2015 são também mais quentes, de teor alcoólico ligeiramente superior a 2014.

O ano de 2015 corrigiu alguns excessos (de chuva) do ano 2014 e apresentou-se com um Verão em pleno. Por extensão, na sub-região e em Melgaço em particular, as uvas de 2015 são também mais quentes, de teor alcoólico ligeiramente superior a 2014. Os produtores, que vinham assentando a estratégia nas potencialidades aromáticas dos monovarietais, fruto das temperaturas moderadas no período de maturação, viram o teor alcoólico subir, mas sem comprometer a acidez.
A chuva que veio amenizar o calor de Setembro obrigou algumas vindimas a remarcar dias de colheita. No caso das quintas de produção e engarrafamento próprio, como a quinta Reguengo de Melgaço, que visitamos, o interregno de uma semana permitiu fazer a colheita em dia solarengo e quente. A uva, caprichou. “Está nos 13 graus, mais ao menos, e não queremos mais. É um mosto excelente. No final, a colheita ficará entre os 12,5 e os 13, o que ainda nos dá um vinho aromático e equilibrado”, observava José Luís Domingues. Cerca de quarenta pessoas, no maior dia de vindimas, contribuem para levar a efeito uma produção na ordem dos 45 mil litros da quinta Reguengo de Melgaço.
“Foi uma colheita interessante, que promete e dará para fazer coisas boas. Os aromas mantém-se na média dos anos anteriores, a acidez é a ideal”, nota por sua vez Paulo Rodrigues, da Quinta do Regueiro, que dá nota de um aumento de produção superior a vinte por cento em relação a 2014. O volume produtivo é aqui mais expressivo, com uma média de 65 mil litros de Alvarinho e 40 mil de Trajadura.
Mais acima, já na zona de encosta do Cerdedo, Luís Vergara Vaz traça um “dos melhores anos” para a colheita de 2015. O teor alcoólico, “ligeiramente acima dos 13 graus”, não desequilibra as características habituais dos vinhos da Casa do Cerdedo. Por outro lado reafirma, segundo o produtor, “a capacidade de um vinho que não é só para o Verão e para mariscos, é um vinho para todo o ano e que acompanha qualquer prato”, assegura. “Esperemos que evolua bem”, conclui.

Com um bom ano de uva nas vinhas de Loureiro, Ponte de Lima não quer plantar Alvarinho

Amâncio Cerqueira, engenheiro, professor e director da Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Ponte de Lima (EPADRPL), traçava para os Loureiro, Arinto e Vinhão um bom ano de colheita.
A instituição sediada em Ponte de Lima é também uma expressiva produtora de vinhos das castas mais emblemáticas daquele concelho do Vale do Lima, das quais a casta Loureiro é a mais representativa. É por isso taxativa a resposta do director daquela escola quando perguntamos se Ponte de Lima, poderia produzir Alvarinho com qualidade. “Claramente não. Há zonas muito bem definidas em que as castas atingem de facto o seu desenvolvimento exponencial e o Alvarinho em Ponte de Lima não será uma delas”, considerava, deixando até uma mensagem aos eventuais experimentadores da região. “A escola, enquanto eu for director, não enveredará pelo Alvarinho, ou castas exóticas, como andam a ser introduzidas, que nem sequer são nacionais, porque acho que neste momento já temos conhecimento daquilo que melhor se dá aqui na nossa região. Interessa-me fazer muito bem Vinhão, muito bem Loureiro, ou Arinto misturando com Loureiro, mas não me interessa ter uma casta que está num nicho muito bem definido e em que nessa região ela atinge as particularidades para mim mais interessantes”, sublinha Amâncio Cerqueira.
O investimento e plantação da casta Alvarinho fora do seu contexto tradicional não representa, para o director da EPADRPL, grande atractivo. A valorização das características naturais da videira está associada à influência das condições edafoclimáticas da sub-região, como sublinha. “Um monovarietal de Alvarinho, para quem o fizer fora da [sub-]região, não será um bom investimento, porque tenho a certeza que Monção e Melgaço vão estar sempre um bocado à frente, mais não seja em termos de notoriedade. Por isso, esse não será o meu caminho e acho que não deve ser o dos produtores. Há que procurar a diferenciação em cada uma das regiões, aquilo que se conhece. Pode fazer-se alguma investigação à volta de outras castas, mas em termos produtivos, temos de apontar no caminho que está certo, naquilo que já conhecemos como um padrão de qualidade superior”.

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