Viver a vida como se estivéssemos permanentemente sob um diáfano manto de céu azul, com temperaturas agradáveis, nem muito calor nem muito frio, onde só chovesse de noite com conta peso e medida, e nos sítios certos.
Sem temporais nem outros fenómenos da natureza, seria o Mundo perfeito e ideal.
Poucos dias de trabalho, até, porque a terra produziria abundantemente e com pouco esforço, o que que equivale a dizer, baixos preços na cadeia da alimentação.
Nesse Mundo perfeito, haveria uma redistribuição justa e igualitária, aonde o lucro e a exploração, do homem pelo homem, seria coisa residual e , até, socialmente, mal visto.
Não haveria luxos, mas muita igualdade e solidariedade. E as pessoas viveriam em harmonia com a natureza e com os vizinhos. Nada de conflitos, por mínimos que fossem, porque ali o Mundo era perfeito e solidário.
Impostos justos e mínimos, mas igualitários porque os serviços seriam maximizados e desburocratizados.
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E todos, rigorosamente todos, desde que nascessem até à idade da reforma, pagariam impostos, graduais, nem que fosse um só euro, mas pagariam. Os únicos que estariam isentos seriam os reformados, porque para isso já pagaram em tempo devido. Pagar duas vezes é roubo, e ali é o Mundo perfeito.
Não haveria necessidade de haver tantas prisões, nem tantos policias, porque haveria muitos menos ladrões, nem políticos ou governos, nem tantas Câmaras Municipais, ou Juntas de Freguesia, ou serviços de Finanças e demais repartições, e tantas instituições, ou Fundações, e um terço dos hospitais chegavam.
Nesse Mundo perfeito, bastava ter um terço de campos de futebol, de pavilhões desportivos, de piscinas Municipais, de polidesportivos, sem uso, de teatros, ou cinemas, a que ninguém vai.
Não haveria os ditos Lares para Idosos, porque as famílias cuidariam dos seus.
Muito menos Tribunais, quando muito, em cada terra, haveria uma espécie de Comissão de Sábios alargada, não remunerada, que se ocuparia, nos tempos livres, de andar entre os seus, para verificar do estado e conservação dos caminhos e estradas e dos edifícios, e de partilhar a sua alegria, e viver com o seu povo.
Esta Comissão de Sábios, ao exercer o cargo usufruía activamente a sua reforma em prol da comunidade, sentir-se-iam úteis, ouvidos e respeitados.
E todos os edifícios, fossem eles da Igreja, das barragens, das Fundações, as sedes dos partidos políticos, ou a Universidade Católica, ou até mesmo o Estado, todos, rigorosamente, pagavam impostos.
A palavra isenção era banida destes e de outros assuntos.
Porque ali, o Mundo era perfeito.
PUBCada agregado familiar entregaria mensalmente, consoante as suas disponibilidades e o seu negócio, uma determinada quantia em dinheiro ou bens, para pagar os desgastes provocados pelo usufruto da coisa pública
A Comissão de Sábios encarregar-se-ia de a fazer chegar a quem de direito.
Seriam estes Sábios que fariam a ligação com as sucessivas cadeias de decisores, são longo do país, sem interferência de ninguém, das necessidades das suas terras e dos seus povos.
Todos os meses, a dita Comissão de Sábios, reuniria com o povo para os ouvir, para saber dos seus anseios e agiriam em conformidade e isenção e afixariam as contas públicas mensais de modo simples para serem lidas por todos.
Teriam os poderes necessários para resolver, em sede própria, os processos daqueles que precisavam de construir uma casa ou um simples barracão, ou o que fosse, sem que para isso fossem torturados, com uma infinidade de processos burocráticos e licenças usurárias.
Este seria o Mundo perfeito?
Poderia ser, só que entretanto acordei.
- (José Venade não segue o actual acordo ortográfico em vigor)