Zita Leal
Professora
(Aposentada)
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Esta semana Aveiro esteve em festa e festa rija. São Gonçalinho “ o nosso menino “ como a beira- mar lhe chama presidia na sua belíssima capela aos festejos.
Orava-se, cantava-se e do cimo da capela atiraram-se cavacas para o largo pejadinho de gente de toda a idade, toda a cor, ansiosa por apanhar alguma. São rijas mas doces e os dentes que se aguentem que dias não são dias. Mau é quando alguma cai na cabeça dos gulosos fazendo galos e por vezes rachadelas. Mas “ quem anda à chuva molha-se “ , não é?
Já não tenho pernas para lá ir e ainda bem que não fui porque teria perdido o momento mais brilhante da animação. Ei-lo: a televisão acompanhava a parte musical da festa e pelo palco passava música popular, música mais jovem mas como eu estava a tricotar à frente do aparelho nem via com atenção os artistas. Peço desculpa.
Eis senão quando, entra no palco redondinho do largo, uma cançonetista de voz melodiosa a entoar uma canção diferente. Tiro o olhar da malha e vejo atrás da cantora um jovem portador de paralisia cerebral ( suponho ) que exprimia corporalmente o sentido da canção. Os voos acrobáticos dos melhores dançarinos não tinham o brilho, o encanto da gaivota que nem precisava de asas para voar em palco. Todo ele era sensibilidade artística em movimento. E bom gosto teve também o operador de imagem que por momentos focou as águas da ria onde uma estrela de Natal ondulava como a acompanhar a outra estrela.
Chama-se Paulinho e acompanhava a artista Noa.
São Gonçalinho ficou mais rico e eu fiquei mais feliz e orgulhosa porque Aveiro soube aplaudir entusiasmada a entrega de uma gaivota que apesar de ferida mostrou a todo o mundo como todos somos iguais se seguirmos a rota do Amor.