Zé Carvalhal (1952-2025): Um Homem fenomenal (com vídeos)

Artista – Animador – Concertinista – Cantautor – Intérprete – Vocalista – Amigo.

A notícia veio veloz, pela voz do filho, Rui Carvalhal. “O meu pai acabou de falecer”! Contra tudo e todos, a supremacia do destino, o desencontro, o mistério. A dor e a resignação, a esperança e a conformação, pela força da razão! Face a uma realidade incontornável, pela qual havemos de passar. Certo é que a morte não leva tudo, nem é o fim! A esperança e a fé levam-nos a confiar n’Aquele que deu a sua vida por todos nós. Há sinais de vida, na morte deste amigo! O Zé Carvalhal, fenomenal personagem, fez a sua última viagem, deixando connosco um legado que vamos continuar a honrar! No dever de valorizar a sua obra cultural, num tempo e em circunstâncias adversas! Onde lhe faltava quase tudo, para singrar na vida. Tantas eram as adversidades, para não referir o facto de ser invisual, de ser ceguinho, desde a sua tenra idade. Dotado de outros recursos, o Zé Carvalhal, armado de uma excepcional determinação, cresceu a vencer, dando consistência à vida, realizando os seus sonhos, fazendo o que gostava! Constituiu uma família, a sua maior riqueza, abraçou uma invejável carreira artística, provocou e partilhou os valores da tradição popular, com distinta forma de o fazer! Inspirou e marcou gerações, também através da sua Cana Verde, que ninguém consegue igualar! Interventivo defendia, como podia, a justiça e a solidariedade, pautava-se pela verdade, também através das suas gravações em vinil e mais tarde em cassete.

O Zé Carvalhal levou e promoveu a sua Ermida, Ponte da Barca, o Minho, Portugal nos quatro cantos do mundo! Naquele tempo, com aquela gente da Diáspora, que o recebia de braços abertos e onde granjeou grandes e boas amizades. Integro e frontal, o Zé Carvalhal vai continuar a ser exemplo. Prova disso são os milhares de mensagens e notas de condolências à família. Nas redes sociais, logo após o anúncio da sua partida, os mais diversos votos de pesar, de solidariedade e de comunhão fraterna. Tudo e todos com o Zé Carvalhal, naquilo que era, que é e que será sempre!

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De forma digna e justa o Zé Carvalhal merece – mais que os aplausos e as palavras de gratidão – um gesto digno e dignificante, perante a toda comunidade barquense, na Vila sede de concelho, para além do reconhecimento e da obra na sua freguesia da Ermida. Embaixador da nossa cultura popular, da nossa história, da nossa identidade; deixou por longe, a marca da Barca! Merece, efectivamente, todos os louvores, homenagens e demais elogios. Como forma de o perpetuar merece, acima de tudo, na Barca, a gravação de um brasão, de um busto, nome de rua, ou praça. Merece, a exemplo de outros ilustres barquenses, que aguardam outorgado tributo; autêntico, merecido, justo e justificado! Não podemos, nem devemos viver só de palavras e de boas intenções. Precisamos de gestos, de atitudes, de obras, de factos! Por ele, mas também por nós, que já o lembramos com saudade.

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Homenagem e agradecimento

“Nascer numa freguesia pequena e remota como a Ermida já seria difícil para conseguir abrir portas e ter oportunidades, se a esse facto juntarmos o ser invisual então seria tarefa quase impossível, isso caso não estivéssemos a falar do meu pai, Zé Carvalhal.

 

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Lembro-me de em pequeno imaginar muitas vezes como seria não ver, às vezes até fechava os olhos para tentar sentir como seria, como conseguia o meu pai andar sozinho por tantos caminhos difíceis, fazer as suas coisas, ter o seu negócio, ser totalmente independente e o mais incrível, como tocava tão bem concertina e era tão admirado por tanta gente!?

Detestava que lhe falassem da condição dele, que tivessem pena dele, pois era uma força da natureza, nunca lhe senti fraqueza, nunca o ouvi queixar-se ou lamentar-se, sempre o admirei por uma força inquebrantável, por uma persistência e vontade que poucas vezes vi em alguém!

Correu o mundo, conheceu países e culturas, animou e alegrou a vida de muitas pessoas, também com o seu jeito único de ser.

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Disse-lhe algumas vezes que apesar de eu ter visão, não seria capaz de viajar como ele fez para tantos países longínquos e muitas vezes sozinho.

O menino da Ermida- Ponte da Barca, que aprendeu por si próprio o toque da concertina e o cantar ao desafio, num tempo diferente sem redes sociais, ou publicidade fácil, onde apenas o seu talento e força falavam por si, sem nunca pisar ou enganar alguém, levou a sua arte a vários países e continentes, fez bons amigos e animou muitos e bons momentos, que hoje vemos recordados com saudade.

Nunca o vi ser falso, mentiroso ou desonesto, tinha uma teimosia vincada e uma frontalidade clara, que embora às vezes incomodasse, cada vez mais se deve admirar nos dias que correm.

Era amigo do amigo, de forma plena!

Teve uma vida repleta de amor, admiração, carinho e amizade!

É amado incondicionalmente pela sua família e amigos!

Para mim foi pai, amigo, ídolo e referência máxima em tudo o que tenho feito e em tudo o que tentarei fazer, tenho por ele uma admiração que não pode ser medida!

Era um pilar familiar que não pode ser compensado de forma nenhuma, as saudades já são incrivelmente pesadas, mas tentaremos reagir, como ele nos ensinou!

Muito obrigado, da forma mais sincera possível por todo o carinho e amizade que nos tem entregue, mas sobretudo pelo respeito e admiração que lhe tem prestado, honestamente ele merecia, foi um grande, grande homem, do primeiro ao último dia, em tudo o que foi e em tudo o que fez!” –Rui Carvalhal

CITAÇÕES

“Será sempre Zé Carvalhal…Da Ermida natural…Que todo o mundo conhece… Fica na nossa memória… Um homem com grande história… Que a gente jamais esquece… Deu-nos muitas alegrias… Com suas belas melodias… Tocadas à concertina… E o seu cantar original… Extrapolou Portugal… Com seu toque e sua rima! A tocar num papelão… Já era causa de atenção, já mostrava garantias… Teve a primeira concertina, que foi uma benção divina… Aprendeu a tocar em três dias! De alegrias e muita qualidade… Zé Carvalhal era um autodidata… Agia na hora exata, com valor e simpatia. Grande Zé muito obrigado, por ter contagiado, com toques e cantos de alegria… Levou a Ermida e a Barca ao mundo, pelo seu agir eu deslumbro, que foi uma Pessoa querida… Através do Zé Carvalhal, um homem fenomenal… Vem o mundo à Barca e à Ermida… No dia em que o Zé fez anos… Eu alterei os planos… E liguei ao grande Zé…Cantei-lhe os Parabéns ao telefone… Ele com o teu talento enorme… Respondeu: já sei quem é… Esta voz é de Barcelos, é o Amigo Loureiro! Até nisso foi pioneiro, único, especial… Que Deus o tenha em bom lugar… E que continue a brilhar! Obrigado Zé Carvalhal… Também pelos momentos grandes, que vivemos na tua Ermida, a conviver e a cantar! A bendizer e abençoar.

Fica na nossa memória… um Homem com grande história… Deu-nos muitas alegrias… Por nos ter contagiado, com o seu talento e grande legado cultural. Obrigado Zé Carvalhal.” (Amigo Loureiro de Barcelos)

Descansa em paz José! A nossa terra fica mais pobre. Já não podemos dizer: vamos a Ermida ouvir o Carvalhal, mas ficas na nossa memória. Descansa em paz aonde estiveres! (José Maceira)

 

VIDEOS:

https://youtu.be/hAhoRH_hyQ4?si=k1VFBkcxAb8YaSi9

 

https://youtu.be/3n0Lv1G6PK0?si=z0NlUzo3BpwSoy1p

 

https://youtu.be/KKxXogvdY2o?si=vyCk0dg4rArXHCD3

 

https://youtu.be/6dYn0VRqtMI?si=Yih4qCp64KE26lYC

 

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