Melgaço em seis dias de documentário, do monte à ribeira

Miúdo a correr

Na sua segunda edição o festival internacional de cinema “Filmes do Homem”, este ano sob o tema do contrabando, lançou mais uma iniciativa propulsora de Melgaço enquanto referência cinematográfica. O prémio Jean Loup Passek, batizado em homenagem ao crítico e programador de cinema que doou parte do seu espólio ao município de Melgaço, trouxe uma secção competitiva a um festival que em 2014 se iniciou “em cima do joelho”, com uma organização programática planeada a cinco meses da data de exibições.

Festival “Filmes do Homem” projecta Melgaço na área cultural

O documentário português “Aqui Tem Gente”, de Leonor Areal, foi o vencedor do prémio Jean Loup Passek, sagrando-se o melhor filme da sua categoria (documentário português) “pelo retrato que faz da luta pelo direito à habitação dos moradores do Bairro da Torre, em Loures, muitos dos quais ciganos e africanos, bem como pelo destaque dado ao papel das mulheres e pelas questões que suscita”, determinou o júri, premiando o filme com um valor pecuniário de 1000 euros.
O júri desta primeira edição competitiva do festival internacional de cinema “Filmes do Homem”, que teve lugar em Melgaço de 4 a 9 de Agosto, composto por Jorge Campos, Catarina Alves Costa, Jean-Loïc Portron, José Manuel Sande e Tiago Hespanha, consagrou ainda os documentários “Once Upon a Time”, do realizador turco Kazim Oz, na categoria de longa-metragem e “Xenos”, do palestiniano Mahdi Fleifel”, na categoria de média-metragem.

Na sua segunda edição o festival internacional de cinema “Filmes do Homem”, este ano sob o tema do contrabando, lançou mais uma iniciativa propulsora de Melgaço enquanto referência cinematográfica. O prémio Jean Loup Passek, batizado em homenagem ao crítico e programador de cinema que doou parte do seu espólio ao município de Melgaço, trouxe uma secção competitiva a um festival que em 2014 se iniciou “em cima do joelho”, com uma organização programática planeada a cinco meses da data de exibições.
“Não fazíamos ideia do que o festival iria ser”, confessa o presidente da Câmara de Melgaço, Manoel Batista, notando no entanto para o impacto positivo dessa primeira edição, que terá somado cerca de 1700 espectadores espectadores nas várias sessões distribuídas um pouco por todo o concelho de Melgaço e Arbo (Galiza).
Na sessão de abertura do programa de 2015 foram apresentados quatro documentários realizados em 2014 no âmbito da residência cinematográfica Plano Frontal por quatro equipas de jovens estudantes de cinema que durante nove dias recolheram depoimentos e imagens de melgacenses que viveram as contingências da emigração, tema do festival no ano transacto.
O autarca de Melgaço realçou a qualidade dos filmes a concurso, seleccionados de entre os duzentos filmes candidatos, mas também a aproximação do público a um festival com uma linguagem “que não é fácil”. “A segunda edição já tem muita afinação em relação à primeira. A qualidades dos filmes que veio a concurso é enorme e tivemos um maior envolvimento do público de Melgaço, que se começou a rever no próprio projecto”, considerou.
Entre as iniciativas estreantes desta edição conta-se o programa de fim-de-semana “Salto a Melgaço”, que nos dias 8 e 9 de Agosto reuniu mais de noventa participantes nas diversas sessões de cinema e visitas ao património melgacense relacionado com a emigração e o contrabando. O programa especial contou no domingo, dia 9, com uma sessão especial do filme “Laurette Et Les Autres” em Lamas de Mouro. O documentário de Dominique Dante, realizado em 1973, retrata a luta de uma emigrante portuguesa contra a demolição do ‘bidonville’ de Massy, perto de Paris, e foi o mote para um debate que contou com a presença de Álvaro Domingues como moderador, Carlos da Fonseca, marido de Laurette (já falecida), com o autor, compositor e cantor Sérgio Godinho, também ele emigrante que viveu o Maio de 68 em Paris e o realizador José Vieira, uma das presenças da edição do festival em 2014 e com uma vasta obra dedicada à emigração.
“O festival começa aos poucos a projectar Melgaço na área do cinema e na área cultural”, notava Manoel Batista, indicando a presença de alguns canais de televisão e jornalistas da área do cinema presentes neste festival. A linguagem deste género de cinema, se não de fácil interpretação “traz a Melgaço leituras sobre o mundo” e conta já com alguns estímulos de empresas locais, nomeadamente da unidade do Intermarché de Melgaço, que apoiou o festival com um montante de 10 mil euros.
Além desta empresa local, que teve “sensibilidade cultural” para apoiar a cultura do concelho, o autarca espera que já na próxima edição outros patrocinadores possam reforçar a imagem deste festival, referindo que a Fundação EDP, entretanto abordada, poderá seguir-se enquanto mecenas. “Seria óptimo ter uma entidade com a envergadura da Fundação EDP aqui também, mas antes de mais quero realçar esta colaboração do Intermarché, foi muito importante financeiramente e simbolicamente, porque é um sinal grande de uma empresa instalada no município que manifesta interesse em participar em projectos culturais”, indica.

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