BICADAS DO MEU APARO: Feirantes alienados

Artur Soares

Escritor d’ Aldeia

 

Foi notícia, há pouco tempo, que na vizinha Espanha, Mariano Rajoy desistiu de reformar a lei do aborto, isto é, voltar a criminalizar a interrupção voluntária da gravidez, como se tinha comprometido, pelo que, o seu ministro da justiça de então – Alberto Ruíz Gallárdon – demitiu-se do cargo, após trinta anos de carreira política.

 

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Como nós, a Espanha tinha uma lei em que apenas se verificava o aborto, se a ciência médica tivesse a certeza de que a futura mãe corria o risco de perder a vida ou se o feto apresentasse defeitos físicos e os progenitores aceitassem a não continuação da gravidez.

 

Ora nós, nunca tivemos ninguém que, publicamente, e ligado ao Serviço Nacional da Saúde ou ao Ministério da Justiça, tomasse a atitude de perder “trinta anos de carreira”, como Gallárdon perdeu, demitindo-se.

 

Os portugueses mais atentos – os não feirantes na vida social que nos teimam dar – conhecem todas as razões porque a lei do aborto em Portugal mata aos zig-zagues, isto é, a torto e a direito, em que todos, indiretamente, pagam para tais serviços, tais birras.

Poderá haver uma ou outra exceção, mas qualquer mãe que engravide, desde que tenha condições mínimas para dar continuidade à gravidez, não exerce a acção de matar “um ser”, que habita em si, que é um pedaço de si mesmo!

 

Ora estes democratas desta terceira (ou quarta?) confusa República, concretamente estes feirantes de 2014, no Governo, deram-se ao luxo de cortar – no Abono de Família – doismilhões de euros por mês às crianças portuguesas, aos pais que pouco mais ganham que o salário mínimo!

 

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Sendo assim, com a miserabilidade de empregos, de salários dos mais baixos da Europa, da falta de incentivos ao crescimento das famílias e da incerteza do pão diário na maceira…, como podem crescer as famílias e como no futuro os idosos podem ter a reforma garantida, isto é, sem cortes, sem a rapacidade brutal que se verificou?

E o problema dos abortadores, os que queimam no ventre da mãe “o ser” que nela vive, ganham muito dinheiro com isso e, até os próprios estabelecimentos hospitalares – ou açougues, como queiram – têm com a abortagem lucros exorbitantes.

 

Eu explico-me: é sabido que o leite da burra – e parece que o da mula também – serve e é canalizado para as indústrias de produtos de beleza. Estes produtos serão de preço médio que se podem adquirir nas farmácias e supermercados. Tudo bem e ainda bem que a burra ou a mula – desde que não dêem coices – podem ser rendimento do seu dono, de todas essas leitadas. E se os donos das mulas ou das burras fazem dinheiro com o leite de quadrúpedes…

Quem ganha o dinheiro com os restos abortivos das desesperadas mães, que recorrem ao aborto, e que são pagos a preço do ouro e empregues nos mais caros produtos de beleza?

 

Por que é que o aborto é gratuito e nunca tem fila de espera? Porque nunca ninguém – políticos, estabelecimentos hospitalares, “açougues escondidos”, médicos e todo o pessoal ligado a esta indústria – disse ou explicou de qual é o fim destes “seres indefesos”?

Saberão todos os portugueses desta miséria miserável – entre nós – a favor dos grandes laboratórios, sobretudo os laboratórios franceses, suecos e alemães? Saberá o Movimento Português Pró-vida que assim é e saberão (disto) todos os cristãos, principalmente aqueles que defendem o aborto?

 

O inimigo do homem é o próprio homem.

Como se compreende saber, que certos fulanos, grupos ou movimentos sociais da nossa praça tentam impedir as touradas na arena, são contra a matança do touro no espetáculo e, depois, movimentam-se no país a defender o aborto? Onde habita a verticalidade desta gente?

 

Todos estes feirantes da política, ao dificultarem o crescimento das famílias com os cortes e a bagunça desta última década, com lágrimas de crocodilo, vêm queixar-se depois que a população portuguesa está velha e que 20% dos nossos idosos têm mais de 65 anos, isto é, três milhões vivem curvados, de bengala na mão e com dentes d’alho. Feirantes de ocasião, pois claro!

 

(O autor não escreve segundo o imposto acordo ortográfico)

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