BICADAS DO MEU APARO: Natal de 2020 e eles

Artur Soares

Escritor d’ Aldeia

 

Diz-se nas feiras, nas peixarias e nas esquinas de qualquer praça pública que o covid-19 não escolhe pessoas para entrar nas suas entranhas, e de as matar sem dó nem piedade. Dizem que é um vírus justo! Se, de certo modo tal se pode aceitar, doutro também se pode afirmar que, sabendo-se o que se sabe hoje, só apanha o vírus quem não cumprir os cuidados anunciados.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Conhece-se a miséria coronavírica nos Estados Unidos e no Brasil. Os seus responsáveis políticos banalizaram o inimigo para crescerem politicamente. Riram-se de quem tomava precauções e só lhes faltou anunciar que faziam as refeições com a covid à mesa, amistosamente. O resultado vê-se: esses dois povos morrem como aqueles desprotegidos apanhados por bombas ou por tsunamis. Daí, os cuidados a seguir e todos terem de prever a vinda de bombas e tsunamis, escolhendo os abrigos respectivos.

Não se pode afirmar que os portugueses são cautelosos com a covid-19. Conhecem-se desleixos, ostracizações e incompetências. Os lares legais para idosos e os outros, aproximaram-se do caos e hoje pouco melhor estarão. Têm-se feito reuniões ilegais e em qualquer lado se veem ajuntamentos criminosos dos tais xico-espertos que abundam como moscas em currais. Os próprios políticos dão testemunhos negativos dos cuidados que diariamente aconselham.

Temos ainda os que por ganância de dinheiro expõem o pessoal trabalhador ao inimigo. Tantos terão razão de angariar dinheiro para honrarem compromissos, mas outros tantos acautelam-se nos camarotes do egoísmo e longe do vírus e, os débeis que trabalhem, que morram à vontade.

Temos os políticos e os governantes que perante o icebergue desta pandemia testemunharam debilidades profundadas, incompetências várias e tudo a par de uma situação de serviços de saúde tão má que acordaram o país das possibilidades de se poder morrer antecipadamente.

Finalmente temos os da ostracização: aqueles que não cumprem com as normas anunciadas contra a covid e que têm nulo respeito por todos os outros: que é, por exemplo, o caso do partido comunista português que democraticamente só, impôs ao Governo fazer o acostumado congresso. E o Governo, aceitou; e o Governo acreditou nas máscaras e nas distâncias prometidas dos congressistas; e o Governo baixou a cabeça porque Jerónimo de Sousa afirmou-lhes atempadamente que “o partido não vai adiar o Congresso nacional marcado para 27, 28 e 29 de Novembro, em Loures”, apesar do agravamento da pandemia nesta segunda fase. Ora “tomainde” lá governantes e António Costa! Levianamente proíbe-se tudo o resto, como cortes no fim de semana, actos religiosos, etc. Só as ocas politicas com políticos de trazer-por-casa, são permitidas.

A pandemia, na democracia de Jerónimo de Sousa, chegou aos pontos de fazer esta afirmação: “O PCP não se dá ao privilégio e ao egoísmo para se resguardar (do vírus), enquanto centenas de milhares de trabalhadores estão nos seus locais de trabalho todos os dias”. Afinal os congressistas do PCP são uns autênticos mártires, porque arriscam a vida pelos seus semelhantes. Então há que propor junto da Igreja, ao mais alto nível, a sua (deles) beatificação, mesmo em vida.

Aproxima-se o Natal. Tempo da festa do nascimento do Deus-Menino. Diferente Natal, este do ano de 2020! Natal que tem de ter poucas pessoas dentro de casa, não vá acontecer que as forças militares ou militarizadas toquem à campainha para verem quantos familiares comem o bacalhau ou o peru.

Mais se irá proibir e já pensam os duros da lei impor mais restrições ao povo católico e não só: Nossa Senhora, não deverá visitar sua prima Isabel, principalmente se for ao sábado ou ao domingo depois da uma da tarde; o presépio terá de ter apenas três ou quatro pastores devidamente distanciados e com máscaras; os presépios fecharão às três da tarde; S. José, a Virgem e o Menino terão de ter um cordão ao redor da manjedoura; Os Reis Magos ficarão em quarentena após a visita ao Menino e os camelos devidamente distanciados e, se possível mascarados; os avós do Menino-Jesus não poderão deslocar-se ao presépio, a não ser que tenham menos de 75 anos e estejam vacinados, e os animais no presépio tem de ser reduzidos a metade, tal como reduziu o PCP no número de congressistas ao Congresso XXI na manjedoura de Loures.

Finalmente este Governo, que afirma caçar com um gato quando não se pode caçar com um cão, exige que o ouro, incenso e mirra oferecidos pelos Magos, fique em quarentena, depois testado pela ciência, para de seguida ser entregue, desde que os comunistas não se oponham. Eis a política governamental para o Natal de 2020, eles e os confinamentos. Como dizia o outro: E esta hein!?

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(O autor não segue o novo Acordo Ortográfico)

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