BICADAS DO MEU APARO: O burro da Palestina

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Artur Soares

Escritor d’ Aldeia *

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Conheço uma lenda que diz que “o burro da Palestina é muito vigoroso, aguenta o calor, alimenta-se de cardos; a forma dos seus cascos torna segura a sua marcha; enfim, embora lento, a sua manutenção é pouco custosa. O único defeito é a teimosia”.

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É verdade, lento e teimoso!

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Como o burro – peço perdão – parecemos nós também.

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Urramos em casa, nos supermercados, no comércio, nos estabelecimentos de ensino, às portas e nos corredores hospitalares, nos combustíveis – nestes, Deus ‘malivre’! – e já nem temos voz que se oiça nos restantes locais da urração. Somos roubados pelos políticos que governam o país, pagamos facturas da destruição que fizeram aos bens nacionais, engordam-se com a pele e os ossos de quem trabalha e, nós, como o burro da Palestina, comemos cardos e somos lentos na marcha. Pior: não marchamos e não fazemos a estes ensebados o que eles fizeram aos monárquicos em 1910.

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Avançamos no ritmo que nos é próprio: lentos a pensar, calmos na acção da vida presente e, receosos do futuro. Aceitamos e trilhamos os caminhos pedregosos e nada fazemos para melhorar a via de uma vida social digna que temos direito. Avançamos no silêncio e deixamo-nos “comer” por uns confeitos que nos atiram aos pés, que só os vigairos distribuem.

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Como o burro, teimam em nos oferecer um jugo e um fardo que, mostrando-nos sistematicamente a mentira e os assaltos aos bolsos vazios, ainda nos mostram farrapos de atitudes sem sentido, que nos enfraquecem e nos sujeitam. E ao contrário do burro da Palestina, as mulas existentes a quem damos o voto, causam manutenção elevada ao País e, os seus cascos, tornam débeis a nossa marcha: o futuro, rigor, disciplina social, educação verbal e alegria de ser português.

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Por isso, paciente leitor, recorda que nasceste Homem!

Mesmo que sintas ou se não tens a sorte de crer que foste feito “à imagem e semelhança de Deus”, deves recordar pelo menos que a tua sorte é inestimável.

Podias ser uma criatura viva, mas condenada ao torpor cruel da vida ferina, ao mecânico acanhamento do instinto, à muda e obscura reclusão das tocas, dos remoinhos e das fossas!

A tua sorte podia ser a do burro teimoso da Palestina que se alimenta de cardos, ou de uma cobra que se enterra no lodo, de uma toupeira que se movimenta nas trevas ou de uma infeliz rês destinada à tosquia e ao matadouro. Mas ao contrário, és um Homem, um ser que caminha na vertical e que olha o céu, iluminado pelo espírito, capaz de ser purificado e redimido pela própria dor!

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A tua alma é, apesar de tudo, tão nobre que pode vencer o génio e desejar a santidade! Tu és, co-proprietário de um planeta! O vento é teu servo, o fogo é teu escravo, a força das águas ilumina-te e aquece-te, todos os poderes da natureza estão sob as tuas ordens; percorres o firmamento, descobres o infinitamente pequeno, descobres o mistério dos germes e dissolves o átomo; sabes revelar o passado, pensar o presente e programar o futuro!

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As palavras podes transmiti-las com sinais e sons e, o pensamento, com todos os seus tormentos e paixões, é a tua nobreza, o teu penhor de passagem para lá dos seus próprios limites! És mortal como os burros e as éguas de toda a Terra, mas somente para ti, resplandece a esperança – que para certos é certeza – da vitória final sobre os teimosos e os adeptos da normose. Tu és, mesmo no cárcere da carne e do tempo, o impaciente “sopro” de um Criador, que não se fez e/ou desejado foi para comer cardos e ser lento na caminhada. Acorda homem de Deus!!! Não permitas que te saquem a espiga!

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* (O autor não segue o novo Acordo Ortográfico)                                                   

  

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