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Capital vive a Cultura do Minho

Grupo Verde Minho

Apesar dos quilómetros – e não são poucos – os minhotos radicados na capital não esqueceram, nem deixam a sua cultura e tradição. Juntos e com o intuito de passar a mensagem aos filhos, criaram o Verde Minho.

Em Loures, mais concretamente, eles representam a identidade da sua região: o Minho!

Já lá vão duas décadas que actuam onde os chamam, junto das comunidades de emigrantes e onde gostem de receber o Minho.

O Minho Digital reduziu a distância e falou com um dos seus dirigentes, Teotónio Gonçalves, e conhecemos este grupo e quais os seus projectos.

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Mas também há tempo para a crítica, concretamente ao que chamam de «serviço público» e, ainda, um pouco de história para que melhor se entenda a cultura e tradição …

 

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Minho Digital (MD) – Quando surgiu o grupo Verde Minho e com que intuito?

Teotónio Gonçalves – O Grupo folclórico Verde Minho surgiu em 1994 com a intenção de agrupar os minhotos radicados na região de Lisboa e simultaneamente promover o folclore da nossa região, transmitir aos mais jovens que já aqui nasceram o apego às raízes culturais dos seus pais, assegurando a passagem de um testemunho cultural que tem a ver com a nossa identidade.

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MD – Como podemos caracterizar o grupo?

O Grupo Verde Minho representa em Lisboa os usos e costumes das gentes do Minho e assume-se como uma “embaixada” do Minho no concelho de Loures onde se encontra sediado. É nesse sentido que tem vindo há mais de duas décadas a organizar o ‘Encontro de Culturas’ cujo formato se encontra em fase de renovação, assumindo-se como o maior festival de folclore da região, procurando constituir uma jornada de confraternização de diferentes povos e culturas numa localidade marcadamente cosmopolita: o folclore ! Apesar de se tratar de um evento regional, possui a marca das gentes do Minho na sua organização, estreitando os laços que a unem à terra que os acolheu.

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EMBAIXADORES DO MINHO

 

MD – Qual a forma que tem de subsistir?

O Verde Minho subsiste através das quotas dos seus associados, da generosidade dos seus patrocinadores, do apoio que o Município de Loures e a Junta de Freguesia de Loures nunca regatearam e ainda das mais diversas parcerias estabelecidas com vista à sua participação em eventos culturais. Não obstante, apesar da necessidade de se financiar para manter a sua actividade, o Grupo Verde Minho não deixa de participar generosamente em eventos de beneficência e solidariedade, o que o torna particularmente bem aceite e reconhecido entre a comunidade, o que também nos é muito grato registar.

 

MD – Consideram haver lacunas no apoio às associações que representem a tradição do Minho?

Pelo que nos diz respeito e no que ao poder local diz respeito não possuímos razões de queixa. As maiores dificuldades registam-se a nível de apoio na divulgação junto dos órgãos de comunicação social, mormente por parte daqueles que, sendo financiados com o dinheiro dos contribuintes, deveriam prestar o serviço público que lhes é devido. E, não concedendo espaço na sua programação à divulgação das nossas raízes culturais e a nível de informação às iniciativas desenvolvidas pelos grupos e entidades que promovem as tradições do nosso povo – como é o caso do Grupo Verde Minho – dificilmente se poderá aceitar que estejam realmente a prestar um serviço público!

 

MD – Quantos elementos compõem o grupo?

É actualmente constituído por 45 componentes, distribuídos pela tocata, os cantadores e os bailadores. Enquanto os bailadores são escolhidos normalmente entre os mais jovens e ágeis, os cantadores possuem a particularidade de ainda conservarem a nossa pronúncia, um aspecto que também devemos considerar e faz todo o sentido.

 

MD – Entre que idades?

A componente etária no Grupo Verde Minho varia entre os 9 aos 74 anos de idade. Trata-se de um espaço inter-geracional único que contribui para a formação da personalidade dos mais jovens, promovendo o respeito e a amizade pelos mais velhos, aproveitando a sabedoria que a idade lhes proporcionou e, desse modo, tornando-os bons cidadãos. Por outro lado, os mais velhos beneficiam desse contacto permanente com os mais jovens, conservando-lhes o espírito e a juventude, apesar da idade. São poucas as formas de participação na sociedade que, à semelhança do que sucede com os ranchos folclóricos, contribuem para um relacionamento saudável entre pessoas das mais variadas gerações, conservando os mais jovens afastados dos vícios e malefícios que a sociedade actualmente vem oferecendo…

 

O APELO ÀS RAÍZES

 

MD – O que significa para vós recriar as tradições do Minho?

O Grupo Folclórico Verde Minho não pretende recriar as tradições do Minho no sentido em que o mesmo possa ser entendido como renovação. O Verde Minho procura conservar e dar a conhecer aquilo que constitui o património cultural do nosso povo a um tempo anterior à padronização dos costumes e mentalidades que nos foram impostas por uma sociedade industrializada ou seja, os finais do século XIX e começo do século XX. Por falta de documentação suficiente, jamais poderíamos recuar mais no tempo como seria desejável. A maior parte das pesquisas no domínio da etnografia foram feitas em meados do século passado graças ao aparecimento da fita magnética e do filme de 8 milímetros, proporcionando aos investigadores trabalharem directamente no terreno junto das populações, nomeadamente na recolha musical.

Porém, quando falamos em recriação, referimo-nos à reconstituição de tradições, feitas em moldes que não são absolutamente reais na medida em que apresentam as limitações inerentes de algo produzido fora do contexto e do tempo. É o que sucede com a realização de uma desfolhada do milho que promovemos anualmente e que, na realidade, constitui apenas uma simulação. Aliás, de outra maneira não podia ser!

 

MD – O que sentem quando actuam nas nossas comunidades de emigrantes?

O contacto com os nossos emigrantes é sentido como se de um reencontro familiar se tratasse, um abraço entre amigos que o tempo e a distância fizeram crescer a saudade. E sentimo-lo porque, de certa forma, também somos “emigrantes” dentro da nossa própria Pátria. Tal como eles, tivemos de deixar as nossas famílias e amigos para procurarmos melhores condições de vida em terras distantes, com gentes e costumes diferentes dos nossos, embora portugueses como nós. E foi precisamente esse distanciamento que nos acendeu na alma a chama imensa do amor que sentimos pela nossa terra e que nos fez criar o Grupo Verde Minho!

 

MD – Quais são os projectos futuros do grupo?

O projecto mais imediato do Grupo Verde Minho do qual dependem vários objectivos, consiste na transformação do “Encontro de Culturas” que já vai na sua 23ª edição, num grande festival de folclore com projecção nacional e internacional. Mas, dentro de um conceito diferente àquele que está subjacente à esmagadora maioria dos festivais de folclore, os quais se reduzem à exibição pura e simples de danças e cantares, fazendo desfilar em palco uns tantos grupos cuja representação a tal se limita. Trata-se de conceber um novo figurino que, para além das nossas tradições, terá ainda em linha de conta as nossas influências culturais junto de outros povos e comunidades ao longo de vários séculos desde os Descobrimentos portugueses, com gentes com as quais convivemos quotidianamente nas nossas cidades.

Finalmente quero, em nome do Grupo Folclórico Verde Minho, agradecer ao Minho Digital a oportunidade que nos deram para apresentar o nosso trabalho e a representação que fazemos do Minho no concelho de Loures e na região de Lisboa em geral. Muito obrigado!

 

 

 

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