Liliana dos Santos Gonçalves
Jornalista
No próximo dia 24 de Janeiro os portugueses são chamados às urnas para eleições do novo presidente da República. Serei só eu, ou a maioria dos cidadãos não tem ainda opinião formada sobre quem eleger e tampouco está deveras interessada?
Sempre que se fala em eleições, inevitavelmente fala-se em comícios. Os diferentes candidatos andam numa roda viva pelo país junto das populações a distribuir abraços e beijinhos a todos os que se lhe aparecem nas ruas. Querem, por isso, passar a imagem de serem pessoas comuns como todos os demais e transmitir que entendem a realidade de muitas famílias portuguesas. Um trabalho de 2ª a 6ª feira de 40 horas semanais (com sorte!) para cobrar no final do mês uns míseros tostões que servem para a alimentação(e muitos nem para isso chega), pagar a renda de casa, as faturas do mês e pouco mais. Querem fazer-nos acreditar que entendem esta realidade e que nos apoiam na luta do dia-a-dia quando a realidade desses mesmos políticos é tão diferente da nossa! Conduzem carros de luxo, possuem casas aqui e acolá, têm terrenos, negócios, dinheiro investido na bolsa, vão passar férias quase todos os meses… São realidades tão distintas que nem tem comparação possível! Estes senhores que se apresentam como os representações da nação deveriam sair da sua redoma de vidro e experimentar viver apenas um mês com um salário mínimo. Aí sim entenderiam o que milhares de pessoas sentem todos os dias.
Gostava de entender porquê é que se desperdiçam milhares de euros em campanhas eleitorais. Esse dinheiro seria muito mais bem investido em instituições, que tanto carecem de condições mínimas, hospitais onde faltam equipamentos, escolas sem material didático para as crianças, criação de novos postos de trabalho, sei lá. Podia aqui enumerar um sem fim de propósitos onde esse dinheiro seria sem dúvida muito mais precioso.
Não sei se é apenas algo que me ocorre a mim, ou a toda a uma geração dos anos 80 à qual pertenço, mas sinto que já ninguém quer saber de política ou sequer ouvir falar desse assunto. As típicas expressões: “São todos iguais”, “Quem lá entrar vai fazer o mesmo que os que já lá estiveram” são ouvidas por novos e velhos.
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As pessoas andam desacreditadas no poder político, tendo em conta a forma como o país tem vindo a ser governado e o buraco em que estamos, ainda, metidos. Uma grande parte dos portugueses já não se preocupa com decisões relacionadas com a política. Tem preocupações maiores no seu dia-a-dia.
A meu ver, os comícios ou campanhas eleitorais são uma forma pouco útil de dar a conhecer os candidatos e os seus ideais ou objetivos. Além de inúteis, são dispendiosos. Os debates televisivos entre políticos são muito mais elucidativos e interessantes para os eleitores. Quando confrontados cara-a-cara, os portugueses conseguem ter uma perceção melhor e uma opinião mais fundamentada de cada um dos candidatos. Apesar de que, na maioria das vezes, o que é dito não é cumprido. É o típico “dar o dito por não dito”!
No próximo domingo, dia 24, ver-se-á a opinião dos portugueses. Os políticos apelam ao voto, apelam à não abstenção. Veremos se os portugueses lhes vão dar ouvidos.