A classe política

António Fernandes

Chefe de Serviços em Multinacional de Telecomunicações

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Os partidos políticos, entre outras organizações, em Portugal e pelas sociedades civilizadas em geral mundo afora, enfrentam a sua maior crise organizacional em moldes societários de continuidade, de que há memória.

 

Depois de um processo com dinâmicas sociais motrizes ao longo de quase um século, aconteceram um conjunto de motivos que levaram a que a cidadania não só se afastasse da vida político partidária ativa,  ao ponto de ostracizar e abominar o agente político enquanto classe social distinta  no edifício da organização das sociedades com responsabilidade específica de poder e de definição das políticas estratégicas para a continuidade desse modelo em liberdade onde a pessoa é o centro em torno de que todos os interesses gravitam.

 

Esta nova configuração de classe social trouxe ao espaço sócio profissional do agente político, naquilo que à organização partidária diz respeito, a permeabilidade necessária para que a sua essência ideológica e a sua razão orgânica se diluíssem permitindo assim centrar em si um foco de condicionantes avulsas pela negativa com especial ênfase para:

 

– a corrupção;

– o compadrio;

– o favorecimento;

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Esta nova condição de classe social resultante de  um conjunto de fatores em que o exercício do poder é determinante deu razão à continuidade dos modelos sociais e políticos ancestrais em modo evolutivo de ajustamento progressivo ao conhecimento anulando a vontade política que é necessária para proceder à inovação revolucionária do ensino e da justiça, dois pilares estruturantes de uma nova mentalidade, permitindo assim que as  classes sociais desde sempre dominantes mantenham os mesmos privilégios o que  desacredita os “novos políticos” no atual contexto Histórico perante uma nova cultura tecnológica de massas em crescendo fomentada pela necessidade das atuais e das novas gerações em gerar condições de vida estável.

 

Ou seja;

o poder político não teve a sagacidade, ou não quis, de acompanhar as sucessivas inovações tecnológicas decorrentes das dinâmicas de transformação das matérias primas e por consequência dos diversos setores e serviços que aconteceram, e continuam a acontecer no seu tecido empresarial, fomentando políticas de proteção social comum de estabilidade e segurança para as populações.

 

Não chega, por isso, aceitar que a transição para a era digital é uma etapa sem retorno e que novas etapas neste domínio acontecerão.

 

Não chega reconhecer que as alterações climáticas estão a mudar o figurino geográfico do Planeta nas suas variáveis mais díspares.

 

É urgente:

– acreditar o agente político enquanto cidadão acima de toda e qualquer suspeita preparado para construir o edifício legislativo de forma segura e eficaz na proteção das pessoas e da sua vida em sociedade comunitária civilizada;

 

Porque…

As atuais gerações tem da classe política a ideia de que é nela que se concentram todos os males do mundo.

 

Uma ideia generalizada incutida pelos diversos sistemas de ensino com influência determinante na atual cultura dos povos e que, curiosamente, nas suas linhas mestras tem o agente político como elemento decisor fulcral.

 

Encontrar e resolver a contradição entre a razão e o interesse pode ser a chave capaz de abrir a porta do futuro capaz de conciliar a cidadania com os diversos agentes políticos e, salvaguardar a essência ideológica e a razão de ser dos partidos políticos enquanto organização de cidadãos, com vocação de poder para a implementação dos modelos de organização social em que acreditam.

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