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COVID-19: Que países apoiaram mais nas facturas da luz, gás e internet?

Cartaz

Análise da Selectra sobre o apoio às famílias e negócios no pagamento dos serviços essenciais, em tempos da COVID, na Europa.

O impacto dos sucessivos confinamentos provocados pela COVID-19 vai muito para além de meras mudanças no nosso modus vivendi. Infelizmente, as perdas económicas são tangíveis e dificilmente recuperáveis para inúmeras famílias e empresas que, de alguma forma, passaram a estar reféns do apoio de terceiros, na garantia do acesso a bens e serviços essenciais. 

Efetivamente, nunca o acesso aos serviços essenciais de luz, gás e internet foram tão fundamentais para estas famílias e empresas as quais se viram obrigadas a parar as suas atividades laborais e a confinar. Para muitas delas, o acesso a estes serviços depende agora do apoio de governos e iniciativas promovidas pelas próprias empresas fornecedoras. 

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Neste sentido, a Selectra, um serviço que ajuda milhões de consumidores a conseguir uma tarifa de energia e internet mais barata, foi investigar que apoios têm sido distribuídos às famílias e negócios, nos vários países da Europa, incluindo Portugal, desde o início da pandemia. 

FRANÇA 

Em França, os clientes domésticos não beneficiaram de quaisquer apoios estatais relacionados com a COVID-19, com vista ao pagamento das faturas de eletricidade, gás ou internet. De resto, apenas as famílias mais vulneráveis continuaram a ser elegíveis para vouchers de energia que já se encontravam anteriormente disponíveis, antes da crise sanitária. 

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Doutra parte, as ajudas chegaram através do setor privado, nomeadamente, pela mão da histórica empresa EDF – antiga fornecedora de energia nacional – que desde o início da quarentena, na primavera de 2020, passou a garantir a continuidade do fornecimento de eletricidade e gás às famílias economicamente frágeis. O exemplo foi seguido por várias outras empresas fornecedoras de energia – por exemplo, a Mint Energie – que passou a oferecer descontos em fatura, entre os quais, a redução de 20% sobre o termo fixo da energia. 

Aos pequenos negócios passou a ser permitido o adiamento do pagamento das suas faturas de energia, assim como o do pagamento de rendas, até ao fim do estado de emergência. No setor das telecomunicações, o início da crise do Coronavirus foi marcado pelas ofertas especiais de gigabytes e canais de TV gratuitos, benefícios os quais foram desaparecendo paulatinamente, até deixarem de estar disponíveis no mercado. 

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ESPANHA 

Em Março de 2020, o Governo Espanhol adotou um decreto especial que passou a tornar ilegal o corte dos serviços de fornecimento de energia e água para propriedades incluídas na lista “lugares de residência habitual”, unicamente por razões de segurança. 

Igualmente, o Abono Social – apoio financeiro para cidadãos economicamente vulneráveis – foi estendido a cidadãos cuja situação de desemprego foi causada pelo COVID: 1) cidadãos elegíveis para o ERTE (Expediente de Regulación de Empleo Temporal); 2) cidadãos forçados a reduzir as suas horas de trabalho e, portanto, com um rendimento anual abaixo do patamar estabelecido. Além disso, o Governo congelou ainda os preços do gás butano e propano para este tipo de consumidores. 

Às pequenas e médias empresas foi conferido uma apoio de 25% na fatura de eletricidade, em particular, aos trabalhadores independentes com perdas acima de 75% do seu rendimento médio semestral. De igual modo, foi-lhes permitida a modificação ou suspensão temporária dos seus contratos de electricidade e gás, o ajuste do contador e subscrição de uma oferta alternativa, sem qualquer penalização, condições as quais não se verificariam em circunstâncias normais. 

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De resto, durante o segundo confinamento, algumas empresas fornecedoras, como a Iberdrola, Endesa, a Naturgy e a EDP, estenderam a possibilidade de alteração de potência a todo o tipo de consumidores, incluindo os privados. 

Relativamente aos serviços de internet, o Governo espanhol proibiu quaisquer cortes e impossibilitou as operadoras de subir os preços dos contratos existentes, medidas as quais se estenderem a todo o período do estado de alarme. De igual modo, todas as chamadas de emergência tornaram-se grátis para os clientes, e muitas operadoras adicionaram ainda serviços extra, livres de pagamento. 

Por fim, foram ainda realizados alguns investimentos adicionais por parte de algumas operadoras. Por exemplo, a Telefónica encetou planos para assegurar e fortalecer a conectividade, tendo alocado cerca de 75 milhões de euros em ajuda a pequenos negócios e trabalhadores independentes, durante o estado de alarme. 

PORTUGAL 

O Governo Português passou a proibir os cortes dos serviços de energia, até Junho de 2021. O mesmo princípio aplica-se aos serviços de internet, em particular, no caso do incumprimento de pagamentos derivado do desemprego potenciado pela COVID-19. 

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Ainda no setor da energia, o regime de apoio extraordinário aprovado pelo Governo, o qual se estende agora a 800 mil famílias beneficiárias da Tarifa Social da Eletricidade, tem aplicação direta na fatura destes consumidores domésticos, refletindo uma redução de 10% em relação à tarifa normal, com um valor fixo, por forma a evitar o consumo excessivo de energia. Para além disso, as dívidas derivadas do incumprimento de pagamento podem ser pagas em 12 prestações, nalguns casos, sem cobrança de juros por parte das comercializadoras. 

À ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos – foi dado o poder de travar ou atrasar a subida dos preços de eletricidade e de definir um preço máximo para as botijas de gás, durante o período de confinamento. De resto, aos negócios forçados a fechar portas foi dada a possibilidade de reduzir as suas potências elétricas. 

Quanto aos serviços de telecomunicações, passou a estar prevista a Tarifa Social da Internet que aguarda a sua implementação no mês de Junho do ano corrente, com o objetivo de garantir que os cidadãos socialmente mais desprotegidos possam suportar a necessária conectividade online e, assim, beneficiar das possibilidades do e-learning. 

Por fim, as pessoas que viram uma redução no seu rendimento igual ou superior a 20% podem solicitar o cancelamento dos seus contratos de internet sem as penalizações inicialmente previstas nos seus contratos. Também algumas das empresas de telecomunicações introduziram iniciativas especiais, como é o caso das tarifas mobile planas, tornadas grátis para os trabalhadores na área da saúde, durante a crise. 

ITÁLIA 

Os consumidores particulares não beneficiaram de incentivos especiais em relação às suas faturas de energia, durante a crise da COVID. Pelo contrário, nas áreas mais afetadas pela primeira onda da crise (na primavera de 2020), chegou mesmo a implementar-se o congelamento de dois meses de rendimentos. E se é verdade que algumas empresas, como a Acea, A2A, Iren, Hera e outras, estenderam o congelamento de salários a todo o território Italiano, também é verdade que os cortes de energia foram suspensos durante o mesmo período, não tendo sido revistos até à data. 

Por seu turno, todas as pequenas e médias empresas beneficiaram de uma redução de entre 15 a 80% no termo fixo das faturas de energia, durante o período de 3 meses (entre Maio e Julho), dependendo da potência contratada. 

Em Dezembro de 2020, a redução do sistema de abastecimento para bares e restaurantes foi discutida e aprovada no Parlamento como parte de uma iniciativa anti-crise mais alargada, sem nunca ter sido implementada. Ao contrário do que aconteceu com a energia, os Italianos beneficiaram de ajudas à conectividade online, tendo inclusivamente sido facilitado o teletrabalho e o ensino à distância. Igualmente, foi disponibilizado às famílias com baixo rendimento um conjunto de bónus e vouchers para gastar em computadores, tablets e conexão de internet, em Novembro de 2020. 

REINO UNIDO 

O Governo do Reino Unido promoveu a garantia de que as pessoas não seriam privadas do aquecimento e iluminação em casa, durante a crise da COVID. Para os consumidores com problemas financeiros ou com dívidas foram disponibilizados planos de revisão no pagamento das faturas, incluindo planos de pagamento de dívidas, suspensão e até redução de pagamentos. O Governo publicou ainda o apoio às empresas em dificuldade, incluindo como aceder a garantias disponíveis para apoiar empresas que foram afetadas pelo confinamento nacional. 

Alguns dos maiores fornecedores dos serviço de internet e móvel do Reino Unido – BT/EE, Openreach, Virgin Media, Sky, Talk Talk, O2, Vodafone, Three, Hyperoptic, Gigaclear, e KCOM, também concordaram com um número de compromissos para ajudar os seus clientes neste tempo de crise. Estes fornecedores removeram as limitações na utilização e acesso aos serviços de banda larga e comprometeram-se a oferecer novos pacotes de móvel e fixo com características como redução de preços para dados móveis e chamadas grátis. No caso de disrupção do serviço, os clientes vulneráveis e aqueles em isolamento receberão métodos alternativos de comunicação se as reparações prioritárias para a banda larga fixa e fixo não puderem ser resolvidas. 

BÉLGICA 

A partir de Fevereiro de 2021, mais famílias Belgas passaram a ser elegíveis para beneficiar de uma Tarifa Social especial para a eletricidade e gás, que faz parte de uma estratégia mais ampla no combate à pobreza energética. De resto, as medidas conjunturais variam de uma região para outra. 

Nas Flandres, o Governo Flamenco prevê a publicação de um voucher único com 202,68€ para ajudar os cidadãos vulneráveis no pagamento das suas contas de energia e água. Esta quantia é baseada na fatura média mensal por agregado familiar e é disponibilizada a todos os cidadãos que se viram desempregados no período compreendido entre 20 de Março e 17 de Julho de 2020, devido à crise da COVID. 

Em Bruxelas, o estatuto de “consumidores protegidos” que beneficiam da Tarifa Social será estendido a trabalhadores independentes elegíveis para a política de “bridging right” (ajuda financeira específica para trabalhadores independentes), entre 1 de Fevereiro e 31 de Dezembro de 2020. 

Na Valónia, foram disponibilizados incentivos financeiros para agregados familiares que dispõem de um

“budget meter”- um tipo de contador que permite um consumo de energia por carregamento, através de um cartão pré-pago. Os agregados familiares elegíveis com “budget meter” para eletricidade e gás passam a ser elegíveis para um cheque de 50€ e 150€, respetivamente. Igualmente, está prevista qualquer implementação de novos “budget meters” durante este período de exceção. 

Por fim, às companhias elétricas cabe a responsabilidade de tomar as medidas apropriadas para evitar a interrupção no fornecimento de eletricidade e gás, ajudando assim as empresas ou trabalhadores independentes a enfrentar alguns dos impactos mais diretos da pandemia. 

ALEMANHA 

Tal como na maioria dos países, no início da crise da COVID (Abril-Junho 2020), o Governo Alemão proibiu as companhias de cortarem o fornecimento de gás e eletricidade aos consumidores em falta com o pagamento das suas faturas de energia. A mesma medida foi aplicada aos serviços de telecomunicações. 

Estas medidas foram lançadas na sequência da redução da Taxa da Energia, um decréscimo de 19% para 16%, entre Julho e Dezembro de 2020. Os negócios também têm beneficiado de vários incentivos fiscais com o objetivo de reduzir os custos de energia. A maioria dos fornecedores de energia também ofereceu aos seus clientes a possibilidade de pagar as suas faturas em prestações

ÁUSTRIA 

Na Austria, a proibição dos cortes de energia durou durante o mês de Dezembro de 2020. Em 2021, foi introduzido o subsídio “Energiekostenzuschuss” de energia para as famílias financeiramente vulneráveis. Este subsídio, que visa a liquidação das faturas de energia, disponibiliza um montante de até 100€ aos agregados familiares elegíveis, complementado com 100€ adicionais por criança. De outra parte, os clientes profissionais são elegíveis para um programa diferente, designado por “Fixkostenzuschuss”, em que o Estado pagará três prestações, cobrindo até 75% dos custos fixos de um negócio, incluindo as despesas com energia e telecomunicações.

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