Crónicas de Trazer por Casa: Joguinhos de Antigamente

Zita Leal

Professora

(Aposentada)

            

Hoje deu-me para ter saudades da cabra-cega, do salto ao eixo, do jogo do mata e de um que sei como se joga mas do qual não me lembra o nome. Era qualquer coisa como. “ A mamã dá licença? “. Ajudem-me que eu só recordo como se jogava.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Meninos e meninas lado a lado, à frente de um ou uma que regulava as passadas de quem perguntava: “ Mamã dá licença? “

A resposta orientava a progressão ou não do perguntador. – “ Um passo gigante em frente “, “ dois passos atrás “, “ um passo de caranguejo para a direita “, “ três passos para trás “, “ um passo de caranguejo para a esquerda “, etc.

E passavam-se alguns minutos de recreio escolar dando passos e passinhos à vontade do mandante do jogo. Bons tempos de obedecer de cara alegre…

Como é que se explica esta minha nostalgia pelos joguinhos de antigamente? Proust também andou uns anos  “ À la recherche du temps perdu “ mas esse era escritor, filósofo, ilustre, podia dar-se a essas fantasias existencialistas. Eu não. Mal tenho tempo para os noticiários televisivos, para as casas das Cristinas, das Júlias, das Fátimas… Menos ainda para aquelas que utilizam passadeiras vermelhas e se sentam repimpadas a dizer cobras e lagartos dos vips, dos jet-setes.

Esperem, fez-se luz, agora, no meu cérebro quase centenário. É que ao falar de televisão revivo algumas histórias de encantar, de jogos do tempo em que não havia telemóveis, nem netes e sem querer comparo os tempos de diversão. Calculem que ando há bastantes dias a apreciar o jogo do “ Mamã, dá licença? “ mas em que o mandante não é uma mamã, mas sim um pardalito que não sabe muito bem as ordens que quer dar. Tem, por vezes, um ar apardalado quando confrontado com pardais mais aguerridos.

Chega a perder o pio. 

Será que existirá uma mamã mais direitinha a orientá-lo?

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