Dizem que somos livres…

Dizem que somos livres, e aspiramos a sê-lo, mas sê-lo-emos de verdade?

Estaremos livres do stress, das dívidas, do medo, da ansiedade, do falhanço, da perda de  dignidade, da traição?

Na verdade vivemos reféns dos nossos próprios preconceitos, ocultados atrás de duvidosas ideologias e credos que nos tornam desconfiados de tudo e de todos, e receosos do que podem pensar de nós outros que afinal nos vêm como transparências. E esse retraímento a que nos obrigamos faz que sejamos rebuscados, em vez de espontâneos, cada vez mais amargos, calados, numa palavra: fechados em nós próprios e muito possivelmente a caminho de um transtorno psíquico, senão mesmo de uma perigosa fobia social.

Vejamos…

Não somos livres porque calamos o que pensamos ao refrear permanentemente a nossa essência sempre que receamos o efeito do que possamos dizer ou fazer. E, em resultado desse preconceito, contraímo-nos e sentimo-nos frequentemente frustrados.

Não somos livres porque sempre esperamos o momento certo para concretizar um sonho que vivemos adiando, na ilusão de que o acaso mais tarde ou mais cedo nos dará a conhecer esse momento.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Não somos livres porque não conseguimos libertar a criança que há em nós, o nosso lado infantil alegre e sonhador, que devia equilibrar o peso que sentimos face às duras realidades da vida.

Não somos livres porque – embora inconscientemente – adoptamos uma disposição conformista, resignados perante as imposições e convenções da vida em sociedade.

Não somos livres porque vivemos condicionados por um passado que acumulou reveses, tristezas e desilusões, a que juntamos o saudosismo pelos afectos perdidos no tempo.

Porque, leitor amigo, temos de convir que isto a que chamamos liberdade só a poderíamos desfrutar realmente na sua integralidade se nos fosse possível libertar-nos do muito que temos reprimido dentro de nós mesmos.

 

«Liberdade querida, e suspirada
Que o despotismo acérrimo condena:
Liberdade, a meus olhos mais serena
Que o sereno clarão da madrugada.»

 (Bocage)

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1 comentário

  1. BOA NOITE, MEU AMIGO EUGÉNIO! O seu texto é um decreto perfeito a provar com muito acerto ” que não somos livres”!
    A liberdade é um grande sonho,
    Sonhado mais que nunca,
    Nos dias atuais em que ela nos é tolhida,
    E abre suas asas sofridas,
    Cada vez para mais longe de nós,
    Enquanto não existir um freio,
    Que a liberdade possa voltar,
    E ser por nós acolhida,
    E ai sim podemos realmente ir e vir,
    Sem ser alvo de uma bala perdida,
    De um arrastão ou coisa parecida,
    Liberdade para caminhar de mãos dadas,
    Pelos parques e jardins,
    Curtindo as belezas da vida.
    BEIJOS
    BOM FINAL DE SEMANA
    16/09/2023

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