Lendas e Mitos do Sul Brasileiro: A Erva Maravilhosa!

“Lendas são narrativas transmitidas oralmente com o objetivo de explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Para isso há uma mistura de fatos reais com imaginários. Misturam a história e a fantasia. As lendas vão sendo contadas ao longo do tempo e modificadas através da imaginação do povo.” 

A ERVA MARAVILHOSA

Diz a lenda que numa grande taba, situada em uma floresta no sul do Brasil, um grupo de índios estava reunido em torno de uma fogueira. Celebravam uma caçada feliz. Comiam, bebiam e conversavam alegremente. De repente, surgiu uma discussão entre dois jovens guerreiros da tribo. Piraúna, que tinha um colar de feito com dentes de cem inimigos por ele vencidos, e Jaguaretê, cuja força e coragem eram iguais à de uma onça, da qual tinham o nome.

A discussão entre os guerreiros tornou-se cada vez mais violenta . E houve um momento em que Jaguaretê, sentindo-se insultado por Paraúna, desferiu, em sua cabeça, um golpe terrível de tacape, matando-o.

Os índios ficaram revoltados com o gesto criminoso de Jaguaretê. Imediatamente ele foi dominado pelos outros guerreiros e amarrado a um poste de torturas.

De acordo com as leis da tribo, os parentes do morto tinham o direito de tirar a vida ao assassino.

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Mas o velho e sábio Curuaçu, pai  de Piraúna, declarou que não desejava o sangue de Jaguaretê. Não fora ele que matara seu filho. Fora Anhangá, o espírito mau que o fizera abusar do Cauim e tirar a vida de Piraúna. Jaguretâ não seria morto, mas teria de abandonar a tribo e viver sozinho nos serões longínquos.

Os índios aceitaram  a decisão do velho guerreiro. Jaguaretê foi desamarrado e, recendo suas armas, imediatamente deixou a tribo, desaparecendo no meio da floresta.

Passaram-se muitos anos. E um belo dia, um grupo de índios que se aventurava a caçar em região muito distante da tribo, descobriu, no interior da mata, uma cabana solitária, onde vivia um homem alto e forte, de aparência moça, apesar de seus cabelos brancos.

Esse homem estranho recebeu os jovens guerreiros com alegria e cordialidade. Serviu-lhes uma bela bebida de sabor delicioso. Os visitantes perguntaram ao velho a razão de viver sozinho.

Ele então contou-lhes a sua história.

Era Jaguaretê, o índio exilado. Depois de sua expulsão da tribo, dominado pela tristeza e pelo remoso, caminhara dias e mais dias, através da floresta sem fim. Quase morto de cansaço, caíra desfalecido num lugar onde cresciam árvores que lhe eram desconhecidas.

Adormeceu profundamente. Teve, então, um sonho em que lhe apareceu  a deusa Cáa-Iari , protetora dos ervais, que lhe ensinara a preparar com  as folhas daquelas árvores uma bebida maravilhosa, a mesma que lhes servira.

Graças às propriedades mágicas  dessa planta, que lhe restituíra e lhe dera novas energias. Jaguaretê escapara da morte e conseguia conserva-se forte e sadio, durante os longos anos que passara afastado de sua tribo.

E foi assim que os índios do sul dom Brasil aprenderam a usar o Cáa, nome que dão erva-mate com que se prepara a deliciosa bebida apreciada por todos brasileiros.

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Lenda da Erva-mate

Segundo conta a lenda, a erva-mate surgiu após o pedido de um velho pajé ao Deus Tupã. O chefe índio que antes era tão vivaz e feliz estava cada vez mais triste, pois percebeu que a velhice também haveria de chegar para ele. Com isso uma preocupação passou a lhe perturbar: quem seria seu sucessor. O pajé teve apenas uma filha, a índia Caá-Yari, por isso deveria escolher um dos integrantes de sua tribo para sucedê-lo. Para cumprir tal tarefa escolheu o mais altivo dos guerreiros de sua tribo, o mesmo pelo qual sua filha estava apaixonada, contudo Caá-yari deveria seguir seu amado por qualquer lugar que ele fosse. Seu pai não sabia se iria sobreviver caso ela viesse a se casar, visto que a mesma iria se ausentar muitas vezes por ter de acompanhar seu marido. Mesmo sendo apaixonada pelo bravo guerreiro a índia mantinha seu amor em segredo e escolheu ficar ao lado de seu velho pai, deixando de lado seu grande amor. Em um certo dia um pajé desconhecido chegou na tribo deste velho Pajé e ao ver a tristeza de Caá perguntou-lhe o que ela queria pra voltar a ser feliz; Prontamente a jovem índia pediu que de alguma maneira recuperasse suas forças de seu pai para que todos pudessem seguir em frente com a sua tribo. Ao velho cacique foi entregue uma folha verde, com odor bem marcante, sendo o mesmo instruído de como preparar uma bebida que iria renovar não só o seu corpo, como também sua alma. Assim o velho passou a sorver a bela folha, e através da nova bebida quente e amarga pode recuperar suas forças e acompanhar sua tribo em novas andanças. A nova bebida também passou a ser um símbolo de amizade entre os guerreiros, e confortava os mesmos em horas tristes e de solidão.

Nota: Na década de 1960 a 1961 eu era aluno da CNEG e presidia a União Nacional de Estudantes Cenegistas congregando os alunos das 20 unidades existentes no então Estado da Guanabara. Nossos encontros sociais, culturais e esportivos éram enriquecidos,  brindados pelo Instituto Nacional do Mate, que disponibilizava, graciosamente, alguns galões do delicioso mate. Cabia-nos a responsabilidade da retirada e a devolução dos galões vazios. O depósito ficava situado em uma das ruas da érea do Cais do Porto do Rio de Janeiro.

 

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Empresário luso-brasileiro no Rio de Janeiro

Natural de Geraz do Minho – Portugal

Academia Duquecaxiense de Letras e Artes

Associado do Rotary Club Duque de Caxias – Distrito 4571

Membro da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade

Membro da CPA/UNIGRANRIO

Diretor Proprietário da Distribuidora de Material Escolar Caxias Ltda

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2 comentários

  1. Parabéns ao amigo Antônio Cunha, pelo excelente artigo. A erva mate é um chá bastante popular no Brasil e u não conhecia essas lendas.

  2. Mais uma vez um belo trabalho. Eu também não conhecia a lenda. É muito bonita e explica a popularização da erva-mata e como é tão consumida, principalmente nos estados sulistas.
    Parabéns!

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