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António Fernandes
Chefe de Serviços em Multinacional de Telecomunicações
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Estará ainda o Partido Socialista em estado de letargia a tentar perceber quais os motivos que terão levado ao chumbo do seu orçamento de Estado para o ano de 2022 pelos seus parceiros de espectro político e social à esquerda depois de ter elaborado um documento que, a seu ver, nunca foi tão longe nas cedências financeiras em benefício da globalidade dos cidadãos nacionais mas, com especial impacto na vida das pessoas com maiores dificuldades económicas ?
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Quiçá a intransigência em cedências que coloquem em causa as “Contas Certas” tenha sido o limite balizador de um orçamento com uma carga social profunda em total rotura com anteriores orçamentos que tinham como seu principal objetivo: o déficit externo; em prejuízo dos equilíbrios internos na justiça e equidade social respeitando os direitos liberdades e garantias invertendo – lhe o ónus porque, em primeiro devem estar as pessoas e depois os compromissos até porque: sem pessoas não há condições para que se cumpram compromissos sejam eles quais forem ?
Ou estará a tentar perceber o comportamento enviesado de alguns dos seus notáveis que nunca aceitaram ter como parceiros de Legislatura os partidos à sua esquerda uma vez que, por detrás do epíteto da defesa da social democracia, só conseguem vislumbrar esse modelo de sociedade construído com os partidos políticos do centro direita ?
Será a maioria absoluta nas próximas eleições legislativas a tábua de salvação de António Costa para que se consiga manter à frente dos destinos do Partido Socialista, ou será essa maioria absoluta estritamente necessária, para o futuro do próprio Partido Socialista contornando assim os seus problemas internos de posicionamento político no espaço ideológico ?
Para a ala direita dentro do Partido Socialista ainda não é o momento oportuno de demarcação embora já se assista a uns arrufos espontâneos e convenientemente veiculados por órgãos de comunicação social.
A este posicionamento interno, um destacado dirigente veio a público defender o exemplo e os resultados conseguidos durante o maior período de estabilidade política conseguida em democracia, em Portugal, – seis anos – ,e afirmar que o entendimento do Partido Socialista com a sua esquerda não foi um parêntesis. O futuro o dirá.
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António Costa tem vindo a gerir estas movimentações internas, desde 2015, como só um líder é capaz.
E esse é o dilema da direita interna: não tem um líder!
Não só não tem um líder como sabe que dificilmente conseguirá espaço político ao centro. Esse espaço, com o surgimento de novos partidos como a I.L. e o CHEGA à direita e extrema direita empurram o CDS e o PSD para a direita moderada e o centro.
Assim sendo, a sua expectativa de substituição do Secretário Geral e candidato a primeiro ministro, António Costa, saiu – lhes gorada e por isso se remetem a um silêncio cúmplice em que vão mandando “recados” mas não indiciam início de turbulência interna.
Depois tem outro problema egocêntrico:
– a sua flexibilidade racional é diversa;
Por isso não encontram no seu universo um líder com o carisma de Mário Soares ou de António Costa.
Dois líderes únicos. Em que a argúcia para manter o equilíbrio na correlação das forças em presença no seu espectro interno foi determinante.
Lideranças afirmadas no partido e na sociedade em geral com reconhecimento do eleitorado nacional e que também por isso ganharam eleições e exerceram o cargo de primeiro ministro.
A História de Portugal mostra realidades políticas e sociais em contextos diferentes e, em conjunturas extremas, interna e externamente, também diferentes.
Dois exemplos:
a) Mário Soares fez caminho por entre pressões internacionais;
b) António Costa fez caminho por entre pressões nacionais;
Os trajetos foram por isso balizados por alianças estratégicas díspares em que a única matéria em comum se prendeu com a situação económica do País e das famílias.
Quer num caso como no outro os colapsos socioeconómicos e sociais eram uma evidência.
Não aconteceu.
Aqui chegados vão acontecer eleições.
Do seu resultado depende a vida com mais ou menos qualidade dos cidadãos nacionais.