Os “pseudo” entendidos em quase tudo

Para estar a escrever neste jornal, foram precisos cerca de 7 anos de formação académica na área de comunicação, que por si só é uma área vastíssima e muito complexa, para falar de obras, trabalhei na área alguns anos.

Mesmo assim, todos erramos em algo, mas temos de ter a humildade de o saber reconhecer, assim como não sermos os legítimos sabedores da verdade e/ou do conhecimento.

Vejamos: os assuntos em voga nesta última semana passaram pelas diversas greves do corpo docente e pelas suas reivindicações, passaram também pelas Jornadas Mundiais da Juventude 2023 que muito orgulhosamente Portugal irá ser o anfitrião de tal evento.

Ora, quem não faz a mínima ideia do que envolve ser professor neste país e a forma de contratação, horas de trabalho, fixação nos quadros efetivos de pessoal e condições de trabalho, são aqueles que criticam arduamente esta classe trabalhadora pelas inúmeras greves que têm vindo a ser realizadas.

Dada a oportunidade que possuo, deixem-me desabafar e dizer que estes professores estão dar a maior e melhor lição que alguma vez possam ter preparado para dar aos seus alunos e aos pais dos seus alunos.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Estão a ensinar o direito previsto na Constituição Portuguesa, digo, O DIREITO À GREVE. O direito à greve não é nada mais nada menos que um Direito que assiste a todos numa democracia, pela defesa dos direitos que a mesma lhe deve assistir. Valentes são os professores que hoje – muitos deles já em fase de termino da carreira – estão ao lado dos colegas mais novos, na luta pela continuidade da classe, pela dignidade e pela isenção nas contratações, que não pode nunca e jamais passar pela esfera local.

Deixemos de continuar a fazer juízos de valor, sem primeiro perguntar a diversos professores o que contestam e porquê, eu fiz, por diversas vezes durante toda a minha vida e vejo, hoje, uma classe envelhecida, descontente, desmotivada e tenho conhecimento de muitos que abandonaram a profissão, porque não conseguirem conciliar a profissão com o ambiente familiar estável.

Os nossos professores são e sempre serão, independentemente dos seus defeitos, os Nossos Mestres, os pontos de referência na vida pessoal, profissional, familiar e até social.

Tenhamos respeito pelo seu trabalho, cada vez mais difícil. Tristes têm sido diversos comentários que tenho lido e ouvido como “eles só têm 20 alunos na sala não sei de que queixam”, “andam a fazer as greves, não querem trabalhar e os nossos filhos é que ficam sem aulas”. Eu pergunto quem são estas pessoas, que nada mais vêem que a turma dos seus filhos? Como podem ter moral para proferir qualquer comentário?

Temo que as gerações futuras já não venham a ter a comunicação presencial, tão importante ao desenvolvimento cognitivo do ser humano, mas que venham a ter sim a comunicação mecânica por falta de profissionais para lecionar.

Terão os pseudo-entendidos noção do que é a comunicação interpessoal? A importância das relações humanas face to face (passo o estrangeirismo)?

Repensem na união e solidariedade para com o pessoal docente e não docente. A escola do amanhã será o reflexo da de hoje, que poderá vir a ser uma escola forte e com princípios ou poderá ser unicamente para descarregar juventude por falta de tempo dos seus familiares. Antigamente uma das profissões respeitáveis e estáveis em termos de carreira profissional era ser professor e hoje é uma das profissões mais mal pagas e mais inseguras a todos níveis.

Vale a pena refletir nisto…

No que se refere às jornadas Mundiais da Juventude 2023, o nosso pais vai ser o anfitrião do maior evento Juvenil do Mundo.

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Vai ser em Portugal, um país pequeno mas grande para saber receber. Sabiam que o tão falado e criticado palco vai ter uma das pessoas mais importantes do Mundo, mas com ela também vai ter mais cerca de 2000 mil pessoas em cima do mesmo palco? Também para escrever isto, estou a fazê-lo com conhecimento de causa, quer no sector dos materiais de construção, como preço de mão de obra e em mais situações, pelo que estou a opinar com conhecimento de causa. Vejamos as Jornadas que são em Agosto de 2023, ou seja a menos de 6 meses, e serão necessárias pessoas (cada vez mais escassas) para construir o palco, máquinas, andaimes, cofragens e matérias primas. Já foi dito que de futuro, o palco, irá pagar-se, por ele próprio.

Quando leio alguns comentários acerca dos assuntos aqui expostos, volto a verificar que  existem pessoas, cada vez com mais acesso às novas tecnologias,  mas em termos sociais e cognitivos ainda não cresceram e permanecem na idade da Pedra.

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2 comentários

  1. Amiga,

    Desejava o momento anterior a ter posto o pé, não sei se o direito se o esquerdo, na entrada, no dia 7 de Outubro de 1956.
    Era analfabeto com o h.
    Feliz.
    Fui Admitido a uma Pós-graduação, que não funcionou, tendo sido convidado para outra, que não aceitei.
    Sinto-me mal.
    Sou vítima do que sou, AP.
    Boas escritas.

  2. Distinguida Profesora,
    Me alegro de su fuerte alegato en pro de una de las clases más dignas e importantes de la sociedad. “Maestro”
    Los intereses de los padres son múltiples y variados, de ahí sus respuestas muchas veces incongruentes con la objetividad.
    Los alumnos actuales tendrán más información que sus padres; espero que les sirva para salir de la mediocridad imperante en nuestra sociedad y den el justo valor a quien con vocación y no por interés económico entrega su vida a enseñar su conocimiento a quien no sabe.
    Mis respetos Profesora

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