Que nojo!

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José Venade

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A semana passada foi polémica por causa das declarações, no mínimo, infelizes do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre os crimes de abusos sexuais sobre crianças, perpetrados no seio da Igreja Católica e em que ele declarou: serem pouco elevados.

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É, de facto, inacreditável tal declaração. Faria mais sentido se ele tivesse afirmado que, o número de crimes encaminhados para o Ministério Publico, foi pouco elevado. Lá diz o ditado: quem muito fala pouco acerta.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

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Este tema não sendo segredo, ou novidade para ninguém, foi ficando escondido de qualquer investigação, ou meio que possibilitasse denúncia, demasiado tempo. Ninguém se incomodou com este gravíssimo assunto.

Ao longo da vida, todos nós fomos lendo, sabendo e ouvindo relatos sobre violações, abusos de crianças e menores no seio das instituições da Igreja Católica, sem que daí suscita-se alguma reacção dos governantes, ou da Igreja, no sentido de os averiguar, até ao cerne da questão. Os casos, mais ou menos, isolados, resolveram-se com audições verbais, sem que nada ficasse registado.

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Nem, mesmo depois do 25 de Abril houve consciência para este flagelo. A falta de separação, evidente, entre a Igreja Católica e o Estado a isso se proporcionou.

Se até ao 25 de Abril se vivia em ditadura, com enorme promiscuidade entre o Estado e a Igreja, tendo esta um poder considerável e evidente, agora não deveria de haver motivos para este deixa andar.

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A Igreja Católica Portuguesa não é isto. E ainda bem. Mas tem dentro dela péssimos ministros, Bispos, energúmenos que se aproveitam do poder para abusar, violar e escravizar crianças, calar, ou assobiar para o lado. E isso é imperdoável. E houve aqueles que, mesmo, sabendo, o consentiram.

De escândalo em escândalo, a Igreja sentiu-se incomodada e foi criada, a expensas da mesma, recentemente, a Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Portuguesa. A dita Comissão criou vários canais para que, as vítimas, pudessem apresentar a sua queixa, denunciar de forma anónima, ou outras.

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O que daí se apurou, está de acordo com as expectativas criadas pela Comissão, que eram baixas e baixas foram.

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Espera-se, de futuro, uma maior atenção e investigação sobre novos casos, por parte da Igreja, mas principalmente, por parte do Estado português, e jamais uma situação de alheamento e negligência, como até aqui se viveu. Porque os energúmenos continuam dentro da Igreja.

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Há quem prefira sofrer no silêncio, não dar o seu testemunho, o que se aceita. Os traumas sofridos, são irreparáveis, e aceitar dar o seu testemunho, seria a devassa da sua vida íntima, pessoal e social, o pouco que ainda lhe resta, estragada que foi, e sem remédio. Perder o resto da sua dignidade podia ser fatal.

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De tudo isto, a mim, mete-me nojo.

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* O autor não segue o acordo ortográfico de 1990.

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