A guerra pelo controlo do Partido Socialista

Em Congresso da ASP-Ação Socialista Portuguesa em 19 de abril de 1973 deliberou-se a alteração da sua denominação social para; Partido Socialista.


Em 1974 há em Portugal um golpe de Estado perpetrado por um movimento militar liderado por capitães sob a sigla de MFA-Movimento das Forças Armadas que abre caminho para a instalação das liberdades democráticas da sua população permitindo a liberdade de organização politica, sindical e outras.
No contexto internacional esta ocorrência causa perplexidade nos interesses geoestratégicos e geopolíticos internacionais liderados pelos U.S.A. que se apressaram em tentar travar o Processo Revolucionário em Curso (PREC) em Portugal, tendo em conta as implicações politicas na Península Ibérica, o que veio a acontecer com a queda de Franco em Espanha, substituido por uma monarquia, um regime politico bem mais simpático para os interesses em querelas geopolíticas internacionais.
Nesse sentido aconteceram episódios caricatos mas de relevo significante como aconteceu com a substituição do embaixador dos USA por um operacional da CIA, Frank Carlucci.
Desde o inicio que o controlo do Partido Socialista ultrapassou a disputa pela liderança ideológica para se tornar numa guerra de interesses em legislatura entre a esquerda e a direita ideológica nas politicas transversais responsáveis pela organização social e por essa via o acesso ao controlo económico tanto na reprivatização de setores fundamentais da economia nacional a preços de saldo como aconteceu, mas também nos posteriores fluxos financeiros externos oriundos da U.E. como dos excedentes resultantes do apuramento liquido das contas das empresas em sede de despesa e receitas apuradas consoante as vantagens conseguidas e um IRC que, quando comparado com o IRS sobre a massa salarial, os rácios apurados deixam muito a desejar.
É nesta perspetiva que a distribuição da riqueza produzida tenderá a crescer para quem trabalha por conta de outrem se a esquerda ganhar a contenda e, a diminuir se o resultado tender para a vitoria daqueles que defendem politicas do centro direita saudosista.
Alias, desde o inicio que são conhecidas as ideias politicas dos dois principais contendores: Luís Pedro Nuno dos Santos e, José Luís Carneiro.
Assim como as soluções politicas diversas que preconizam para os Portugueses através de um exercício simples: anunciando os seus aliados preferências.
Mas também a História dos militantes do partido que com antecedentes de luta antifascista em outras organizações politicas fez caminho e influenciou militares que no seio do Conselho da Revolução divergiram no modelo e se organizaram no grupo dos nove liderado por Melo Antunes em rota de colisão com a linha mais sectária seguida pelo MFA, optando por se  posicionar próximo dos interesses dos Estados Unidos que por cá colocaram o acima citado agente da CIA como  embaixador: Frank Carlucci; que fez o seu trabalho de combate politico no sentido de impedir que a esquerda revolucionária de então, já acima referenciada, abrisse uma brecha na Europa como veio a acontecer com a queda de Franco em Espanha; a fragilidade de Mitterrand em França, a queda de Helmut Schmidt na Alemanha, entre outros.
O centro direita cerra fileiras na Europa travando o avanço dos movimentos sindicais operários e campesinos onde imperava a pobreza e, o Partido Socialista, em Portugal, percebe que contribuiu para isso ao ponto de o seu fundador: Mário Soares, já muito depois de deixar as lides da disputa política se ter posicionado politicamente na esquerda ideológica defensora da fraternidade e da igualdade de oportunidades: o Socialismo Democrático, rumo a uma nova sociedade de valores e de justiça social.
A que se seguiu, em 2015, uma convergência politica de causas para a composição de uma maioria que trouxe a reconquista de direitos usurpados por Pedro Passos Coelho e a melhoria significativa das condições de vida até… uma certa maioria…
As disputas pelas lideranças partidárias de hoje não são, nem por sombra, idênticas às que conquistaram Abril.
As disputas pelas lideranças partidárias de hoje são personalizadas em torno de grupos de interesses colocando em causa o princípio da ciência politica que versa a organização civilizacional das sociedades modernas.
Esse é o papel que cabe aos Partidos Socialistas e que, por isso, devem ter lideranças com identidade e vinculo popular.
Até porque, o que faz um politico não é a veste.
São as ideias.

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