Ama-a Sempre

Novo momento de poesia vinda da Galiza, do nosso Colaborador José Verde Pardo.


É assim que é fácil amá-la:
Quando os violinos estão a tocar
e ela deixa o seu cabelo ondulado cair
sobre as suas costas molhadas
E os beijos voam
como borboletas de asas frescas
e tudo é uma festa a essa hora
onde a noite envelhece
e torna-se em madrugada
quando as carícias explodem
como foguetes inócuos
tingindo de cores

o teto do quarto
e a brancura da almofada.
É assim que é fácil amá-la.

Mas ama-a também,
quando as suas lágrimas azedas
derramadas no seu rosto derrotado
quando a vida a sacode com força
e as suas entranhas doerem.
Quando ela não puder mais arrastar
as mágoas que picam como espinhos
e ele tem vontade de fugir.

Para se apagar do mapa.
Para se afastar de tudo.
Da sua casa, dos seus filhos,
dos seus longos dias
de trabalho invisível,
semana após semana.

Ama-a também,
quando ela quiser deixar estas terras
e comprar um bilhete
para fugir para a “Ilha de Java”.
Ama-a também
quando ela perca a esperança.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Amá-la sempre.
Do pôr do sol ao nascer do sol.
A vida dela vale mais
do que os teus desejos
e mais do que as tuas dúvidas cartesianas.

Pára de resmungar.
Sobe para a garupa dos seus sonhos
e cavalga a vida com ela.

Ama-a muito.
Ama-a mais,
do que a tua própria estrela.

(24 de outubro de 2023)

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