BICADAS DO MEU APARO: Pavimento escorregadio

Artur Soares

Escritor d’ Aldeia

w

 

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Estamos no início do mês de Junho de 2021. Sente-se no ar os aromas do verão, os insectos agitados da época e, tanta outra bicharada que ameaça picar ou bicar. Conhecem-se os desejos de gozar férias das formas mais diversas e sabe-se, porque se sente, que ninguém passará o tempo de verão tranquilo e muito menos o passará descontraído.

A pandemia que domina o Planeta e os políticos, os profissionais de saúde e os laboratórios sem descanso, os diariamente novos infectados pelo covid-19, dizem-nos que esta estranha onda coronavírica que nos esmaga, atrofia e desorienta, não vai ser fácil o seu desmoronar e, os comportamentos humanos têm de ser modificados, melhorados.

Tem sido feito a nível internacional, o aviso dos cuidados diversos para se não ser infectado pela pandemia. E se é verdade que a grande maioria cumpre as regras, outros “inteligentes” aparecem que riem de quem se guarda, galhofam e afirmam que o covid é treta das grandes empresas, do grande capital. É aqui que entram as estruturas do governo, a informação correcta das instituições, as directrizes ou normas a cumprir, a acção verdadeiramente séria e exigente que os políticos devem a quem os elegeu. E governar é servir, pois o povo não pediu aos políticos que se candidatassem, mas estes é que pediram o voto ao povo, para servirem.

Sendo assim, poder-se-á perguntar se este Governo PS de António Costa tem sido minimamente competente para fazer frente à pandemia e se o mesmo tem sido no serviço ao país. E se abaixo do mínimo é paupérrimo, este Governo é paupérrimo, vive à custa da publicidade, da mentira via Órgãos da Comunicação social e vive na arrogância política: untado em graves erros (que tem cometido) ao longo desta meia dúzia de anos a governar.

Recordando os tropeções mais recentes, como se aceita a anarquia nos festejos do campeão sportinguista, que juntou milhares e milhares de adeptos nas ruas da capital, sem que o Governo tivesse programado ou feito algo para que tal não acontecesse? Como se admite a nula organização governamental na vinda de quinze mil ingleses para assistirem à final da Champions no Porto? Como se compreende que tenham estado amontoados milhares em Fafe no rali de Portugal, quando é sabido que é nos ajuntamentos que o covid ataca?

Os turistas em Portugal fazem falta. Fazem parte da saúde da nossa economia. Mas assim não! As televisões mostraram que a cidade do Porto – devido à final da Champions – tinha dois géneros de pessoas: os habitantes do Porto ou os portugueses, devidamente resguardados e distanciados entre si e os ingleses aos molhos, sem máscaras e, os agentes da autoridade, estáticos e indiferentes, mas talvez revoltados com tamanha bagunçada, com tamanha incompetência de quem tinha obrigação de programar, organizar e exigir normas de comportamento e de, sobretudo, de não mentirem ao país de que “tudo seria controlado”.

Concluiu-se assim, que Portugal deixou-se alugar, os portugueses foram preteridos sem direitos como foram dados aos turistas-desportistas-ingleses e, o Governo escondeu-se enquanto o tsunami passava. E como não há neste país quem faça mais e melhor – pois a oposição não existe ou não se sabe quem são os seus líderes, porque cegos, mudos e moucos – António Costa sorri, vai deitando águas mornas na fervura, mesmo que televisões e jornais apontem os erros que o povo sofre.

O povo reclama, desorganiza-se, desobedece, desinteressa-se, sente-se injustiçado, vilipendiado, sofredor, vivendo-se mais em pavimento escorregadio que em pavimento seguro. Estamos a braços com a variante indiana que pode provocar uma quarta vaga de coronavirados, mesmo que a vacinação vá ajudando. O tempo de praia aproxima-se e os ajuntamentos irão ser reais. É certo que a maioria dos portugueses tem noção dos perigos que poderão surgir e acautelar-se-á. Mas no meio desta gente há sempre gente que se marimba para as autodefesas contra o vírus e o problema persistirá.

Os governantes têm, quanto antes, de apresentar mais caminhos de segurança ao povo para se poderem enfrentar os próximos três meses que ainda serão de incerteza quanto ao perigo pandémico. Tem de haver nas praias, nos restaurantes, nos espectáculos públicos e em todos os locais por onde se passa férias, avisos e recomendações que alertem os mais distraídos ou os mais facilitistas. Diz o povo que quem bem fizer a cama, bem nela se deita. Que um ou outro escorregue, compreende-se, mas que não seja por existir em Portugal pavimento escorregadio.

PUB

 

(O autor não segue o novo Acordo Ortográfico)

  Partilhar este artigo