Bicadas do Meu Aparo: Olivença, o porco e o 10 de Junho

 

 

Escritor d’ Aldeia *

 

Como foi devidamente noticiado, as comemorações do dia de Camões, de Portugal e das Comunidades neste 10 de Junho de 2023, foram extensivas à África do Sul, para alguns milhares de portugueses, bem como no Peso da Régua.

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Neste 10 de Junho e como nos anteriores Junhos, como sempre, nada se passou, muito pouco se disse, e nada, absolutamente nada se angariou para benefício dos portugueses.

Passearam-se nas duas localidades certos governantes, alguns convidados, alguns empresários e, todos, como sempre, bem alimentados, bem remunerados e, como tem de ser, altamente simpáticos e sorridentes entre e durante a procissão.

Pelo que, no Peso da Régua, entre a distribuição de beijos e abraços, nas costas de Costa, surgiram uns professores – uma minoria minoresíssima de “madraços”, de “agitadores”, de seguidores da “normose professoral” e à revelia dos sindicatos (afirmaram alguns sindicaleiros) – com a caricatura em forma de porco, de António Costa, primeiro ministro de Portugal, que se agitava nas ruas do Peso da Régua.

Ora segundo os democratas socialistas, isto não pode ser, a democracia não é para isto e há que entender que as caricaturas não podem ser alusivas a todos conforme se quer e apetece. E haja respeitinho, porque democraticamente, “há limites!”, grunhiram uns certos políticos mais-que-perfeitos.

Penso que entre os portugueses, haverá somente uns quinze ou vinte por cento, que desconhecem esse grande de Portugal, que foi Rafael Bordalo Pinheiro. Entre outras actividades, este Homem, foi escritor, desenhador, decorador, grande industrial da cerâmica e fortíssimo caricaturista.

Bordalo Pinheiro, natural de Lisboa e falecido em 1905, fez uma caricatura do nosso Rei D. Carlos I, em França, apresentando-o na forma de porco: bem gordinho, rabo bem visível, unhas das patas devidamente alongadas, orelhas grandes e caídas e, claro, bigode farfalhudo e sem dúvidas: era a cara do Rei. Desta caricatura, fizeram- se 250 exemplares.

Conhecida a caricatura do Rei em Portugal, ninguém barafustou, a censura não agiu, não se conheceram melindres, choradeiras e muito menos existiram sintomas de vitimização para que o povo tivesse compaixão do Rei, como aconteceu com a caricatura de António Costa, que apenas – penso eu – lhe quiseram chamar de porco, politicamente.

Sendo assim, se estas comemorações do 10 de Junho de 2023, nada trouxeram para Portugal; se foram feitas com este “reles e atrevido caricatural” de António Costa na Régua, parece-me que era tempo de em todas as comemorações do 10 de Junho, elas terem início em Olivença – parte do Alentejo desde início da portugalidade, enquanto o país vizinho não devolvesse Olivença, que, “usurparam em 1801, por assinatura imposta a plenipotenciário português”.

Com esta usurpação de Olivença a Portugal, muito pouco ou nada fez a monarquia para a recuperar, mesmo sabendo que a França teria de dar o seu aval para a anexação de Olivença, o que nunca o fez, por ser injustiça total. E se a maçonaria assassinou o Rei D. Carlos, para implantar a República, devia ter feito tudo e reaver Olivença, que D. Carlos banalizou. Mas não: limitaram-se a roubar, a perseguir, a enriquecerem e a anarquizarem o país.

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Se a primeira República Mação, nada fez por Olivença; se a terceira República dos capitães de Abril nada fizeram; se a quarta República (a geringonça) de António Costa, idem aspas, a segunda República de Salazar, tentou tudo para reaver Olivença: em 1938/39, teve praticamente Olivença nas mãos, aceitando devolve-la, Franco de Espanha. Mas pararam as negociações, devido ao início da II guerra mundial. E até hoje, nada mais se fez por aquela parte alentejana.

O Rei Juan Carlos de Espanha, podia ter dado continuação ao caso de Olivença. Mas não surgiram portugueses-de-gema. Nesta quarta República da geringonça, tem havido contactos políticos, negócios, encontros de instituições e, até houve o abrir de fronteiras com António Costa, o presidente Marcelo e o actual Rei de Espanha, Filipe VI, pela já passagem saudável, que o covid 19 proporcionou. Mas nada negoceiam sobre Olivença: têm medo, ou vergonha de recuperarem o que nos pertence.

Sabemos que a França nunca disse “sim” à ocupação de Olivença, porque usurpada; sabemos que a Maçonaria, em 1910, até Moçambique deixava que os alemães levassem; sabemos que o 25 de Abril andou à procura dos guerrilheiros no mato, para lhes entregar o Ultramar, e sabemos que esta quarta República de António Costa e de Marcelo R. de Sousa, ainda não organizaram nenhum 10 de Junho em Olivença – que é Portugal.

 

  • O autor não segue o imposto acordo ortográfico de 1990.

 

 

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1 comentário

  1. Luís Vaz de Camões cuja obra eu estudei com aprovação, “morreu”, dizem, escritos, pobre e “faminto”, sobrevivendo, com o anterior alimento cultural e mais alguma coisa, não invejada, em algum ou alguns palácios da corte nacional portuguesa.
    Lá fora deve ter somado mais algum alimento, onde seria menos invejado.
    Eu sei a origem de tudo: um dia dois, um de cada caverna, tipo das do CR7 (humano como o Ibra…), aproximaram-se, como comunicaram, não sei, mas deu união, e inveja, mais tarde, e … hoje, é o que se sabe.
    10 de Junho: Dia de Camões e de Portugal, que ele Cantou!
    Das Comunidades, por ele ter sido mandado, para longe das Damas da Corte, por inveja da sua Cultura dupla, para elas, e eles, … Emigrante, ele, o primeiro?
    Ponto final

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