BICADAS DO MEU APARO: Animalidade e consciência

 

 

Escritor d’ Aldeia *

Dizem-me os filósofos que a ciência não busca devidamente – e por ordem de prioridades – os conhecimentos mais necessários às necessidades do homem.

Os cientistas, por sua vez, dizem-me que a filosofia não sabe explicar as descobertas científicas alcançadas.

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Reconheço a minha ignorância, ou limites, quer de uma quer da outra: ciência e filosofia. Porém, tenho conhecimento que a filosofia foi uma grande senhora há cem anos: entrava pelas instituições, habitava nos palácios reais, comandava os estabelecimentos de ensino, as religiões e anotava os desvios socias, com os seus comportamentos anárquicos e por aí fora.

A ciência não dominava nesses tempos longínquos. Actuava despercebidamente, envergonhadamente, incerta, medrosa e poucas vezes concluía, com certezas, da sua acção praticada.

Pelo que, embora a filosofia tenha sido desviada do ensino, ela continua activa, vai explicando o que pode, pela simples razão de que é a filosofia que explica a ciência.

Os filósofos, queixam-se-me, e eu limito-me a escutá-los, pois melhor não sei fazer. Dizem-me que a ciência não consegue explicar a existência de Deus e a da alma no homem. Apenas conseguem dizer que o homem e a natureza sofrem e/ou beneficiam da evolução. Mas a filosofia exige que a ciência diga de onde vem o poder, de o homem e da natureza terem a evolução.

De Deus, dizem os cientistas, ainda não conseguimos lá chegar. A alma, concretamente, também não, pois não vemos que o indivíduo possa ter duas coisas: corpo e alma, pois é um individuo, um só ser que está à vista. Ora os filósofos, embora aceitem que a ciência prova que o homem tem consciência – diferente de alma – acusam-nos de pouco avançarem, porque qualquer lorpa – dizem os filósofos – sabe que o homem tem consciência total de si mesmo: tem a sensação do desejo, da dor, do amor, da raiva, da imagem, da tristeza ou da alegria, da felicidade ou infelicidade.

Queixam-se ainda os filósofos, de que a ciência, em relação aos animais pouco avançou. Apenas descobriram que os animais têm somente o instinto de caçar para comer e o instinto de defesa. Pelo que, diz a ciência, logo que os animais não tenham fome e não se sintam em perigo, dormem e fazem sexo – mas não têm a consciência do cansaço nem a consciência do amor aos filhos e à fêmea que os pariu.

Sendo verdade que a ciência pouco ou nada se preocupa em descobrir a existência de Deus e da alma, no homem, preocupou-se apenas em recordar á Humanidade que o homem é dotado de consciência com os atributos acima descritos.

Se a consciência tem a Lei gravada em si, como pensar, agir, julgar, podemos dizer também que o raciocínio vem da consciência. E que dirão a filosofia e a ciência, da inconsciência que existe na humanidade, sobretudo em homens inteligentes ou de grandes responsabilidades sociais?

Ora a inconsciência, se estamos de acordo, define/tem-na o animal e o homem. Logo, a inconsciência é irracional e o mais que pode conseguir é actuar pelo faro, de que não tem consciência. E se estamos de acordo que há homens inconscientes, pois podem estar endemoninhados, desnorteados, exaltados, fanáticos e muito mais estados de inconsciência, porque não apontar meia dúzia de inconscientes bem conhecidos do planeta e da história, de homens sem Deus ou com Ele, sem alma ou com ela?

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Que consciência terá tido um Lenine e um Stalin da União Soviética, um Trotsky e um Mao Tsé-Tung da China, um Kin Jong-Um da Coreia do Norte ou um Vladimir Putin, invasor da Ucrânia ou de um Hitler da II guerra mundial? E que dizer da consciência de um Trump da América e de um Bolsonaro do Brasil, de um José Sócrates e de um Ricardo Salgado em Portugal?

Toda esta canalhocracia, é consciente ou inconsciente? Têm Deus e alma ou são portadores de instinto e faro como toda a animalidade? A ciência ainda não estudou a inconsciência de muitos homens e a filosofia, por isso mesmo, não pode explicar mais nada. Avenham-se. A ciência que tenho, é a tarimba da vida e a filosofia que anuncio é a justiça social e o bem comum, que tardam.

  • O autor não segue o acordo ortográfico de 1990.

 

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