Bicadas do Meu Aparo: Não gosto

 

 

 

Escritor d’ Aldeia

 

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Acredito que é difícil viver no mundo de tantos defeitos individuais ou colectivos que uma sociedade pode criar.

Mas tais dificuldades nunca podem ser argumento de se ficar parado ou calado, embora seja defeito também, o de andar permanentemente em busca dos culpados.

Então pode pensar-se ou afirmar-se, que o homem ainda não está civilizado? Mas se estivesse civilizado, sentir-se-ia feliz, sossegado, ou seria ainda pior ser civilizado?

Verdade, verdade, é que a maioria dos homens não se sente incivilizados, pelo contrário! Assim sendo, será essa a razão da existência de tanta maldade, egoísmo e ganância?

Mas se optamos por afirmar ou pensar que o homem (ainda) não está ou não é civilizado, porque que tenta enganar o próximo? Não será que são os finórios/civilizados que são rapaces, mentirosos ou vigaristas?

Uma afirmação penso poder fazer-se: todos os homens se esquecem dos verdadeiros fins e fazem dos meios seus objectivos.

Mas será que a Humanidade, é uma multidão feliz, embora viva na imbecilidade e inconsciência?

Parece ser verdade, o homem sentir-se cadeado. E quando será que tem liberdade? Que liberdade? A sociedade inventa, cria e impõe as suas leis. Logo, o homem tem mais ou menos dificuldades em conviver e, daí, nascerem-lhe defeitos e ter de viver neles, se deles não tentar libertar-se.

Desse modo – sabendo que sou “Humanidade”, que vivo nela, alimentando ou não os meus defeitos e a minha maneira de estar nela…

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Sinto-me no direito de pedir que passem por mim a 300 quilómetro/hora, aqueles que dificilmente riem e que convivem permanentemente mal- dispostos.

Digo não àqueles que boicotam a alegria onde quer que estejam.

Não gosto de gente que busca a bajulação e que inveja a posição social d’alguém.

Digo não aos inoportunos, que não se interiorizam, que não se interrogam, que dificilmente dão valor aos outros e que muito menos elogiam os outros, bem como aqueles que só conhecem a força e nunca dão satisfações ao coração.

Não gosto dos que não se assumem, que maldizem, que sempre decidem a vida segundo o que lhes parece ou segundo a informação que recolhem aos ouvidos; que nunca se sentem errados, que nada arriscam e se limitam a esperar que Deus lhes faça diariamente milagres.

Não gosto dos que nunca apontam o erro para construir, e se limitam a criticar e a ferir desordenadamente os outros, por não terem a coragem e a sinceridade de falarem de frente. A estes chamo-lhes agitadores e inimigos da verdade.

Não gosto dos ocos por dentro – embora pareçam maciços por fora – os falsos, ficticiamente delicados, hipócritas e que, num frente-a-frente, concordam com tudo.

Desejo que sejam rápidos a passar por mim os voláteis, os teimosos e os despidos de ideias e de carácter; os injustos, os que pensam que só eles existem, os que sempre reivindicam direitos, os que nunca vêem Deus nas coisas e aqueles que de si mesmos, nada têm para dar;

Digo não aos sem personalidade própria, àqueles que apenas seguem a horizontalidade e ostracisam a verticalidade, os que nunca têm dúvidas e, errando, não se reconhecem nem mudam de rumo.

Que passem rapidamente por mim os indolentes, os que não fazem nem deixam fazer, os apáticos ou indiferentes, que necessitam constantemente de ser admoestados ou empurrados para algo acontecer e aqueles que tendo ideias e sonhos, deixam que tais valores percam actualidade, nas gavetas do medo, da preguiça ou das reuniões sem meta.

Resumindo: defendo a tolerância, a delicadeza e a oportunidade que deve dar-se a todos os homens. Mas que a insensibilidade, a cobardia, o individualismo, a malvadez, a má educação, a arrogância, a falsidade, a ingratidão, a falta de tino e de solidariedade… passem por mim à velocidade de um avião supersónico.

Eis os defeitos que mais se usam e mais se vendem nos dias de hoje. Há que estar ao largo…, longe desses banhistas de águas paradas.

 

* O autor não segue o acordo ortográfico de 1990

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