Bicadas do Meu Aparo: O 25 de Abril em 2022

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Artur Soares

Escritor d’ Aldeia *

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Sabe bem recordar o 25 de Abril de 1974.

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Durante a noite os militares movimentaram-se. Os rádios gritaram. O povo nas primeiras horas do dia estupfactizou-se. Os comunicados choveram a cada cinco minutos e os cães uivaram. Passava nas rádios a Vila Morena. Os p.i.d.e.s eram agarrados e os presos das cadeias, soltos ficavam. Todos ia desconhecendo a balbúrdia e, assim, aconteceu o “glorioso 25 de Abril”.

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Havia noticiários longos, outros curtos, outros a horas mortas. Discursos, afirmações, acusações, choros, ranger de dentes, o povo cocafináva-se, prisões abertas, outras fechavam-se com novos inquilinos, o estrangeiro atento, divisas a fugirem e o primeiro 1º de Maio livre canta-se, discute-se e politiza-se o cego povo, oprimido, sanguessugado pelos mais de 40 anos fascizantes! – anunciavam. Delirante! Impressionante! Bestial-ante!

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Continuando a recordar o 25/A/74, tinha nesse ano os meus trinta anos de idade e com cerca de quatro anos de vida militar, incluindo trinta meses de guerra real em Moçambique. Senti-me solto nesse dia por perceber que a guerra na Guiné, em Angola e Moçambique, iria acabar. Anunciavam a liberdade e outros a libertinagem. Havia uma certa caça aos privilegiados, aos homens do dinheiro, aos terrenos alentejanos e até nas paredes dos cemitérios advertiram os mortos: “levantai-vos malandros, porque a terra é de quem a trabalha”.

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Sendo verdade que Portugal era um país reprimido, nebuloso, esquisito e onde tudo era proibido e controlado, também era verdade que aqueles que nada queriam com a política existente ou com a democracia a implantar, iam andando. Trabalhava-se, ganhava-se, passeava-se e apenas certos assuntos eram controlados, o que estava rigorosamente mal. Havia até uns “esclarecidos” que diziam: “a política é para os políticos e a religião é para os padres – olha mas é pela tua vida”! Hoje, 48 anos depois desse tempo, desse ambiente, era terrivelmente terrível viver assim – sem liberdades de toda a espécie.

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Quem não recorda os livros proibidos, os filmes cortados, os filmes proibidos, os jornais vistoriados pela censura, certos espectáculos públicos adiados e anulados, bem como a proibição da venda da coca-cola? Pelo que, o 25/A/74 deu-nos a liberdade de falar, de escolher, de pensar e actuar, etc. Não vou escrever se o positivo e o negativo de então, era superior ao positivo e negativo de agora. Mas subtraindo os positivos de ontem, creio que é mais grandioso o positivo para Portugal, hoje.

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Todavia, nesta comemoração dos 48 anos de Abril, o deputado José Soeiro, afirmou que precisamos de “mais democracia”; “falta-nos ainda quase tudo”. Os da Iniciativa Liberal afirmaram que Portugal “está economicamente estagnado, socialmente hipnotizado e politicamente desligado”, do povo, claro!

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Também o presidente da República, Marcelo R. de Sousa, não falando das injustiças sociais em que vive o país e da corrupção, convidou a que “se queremos Forças Armadas fortes, unidas, motivadas, temos de lhes dar condições”. As Forças Armadas, continuou, “desinfectam lares e escolas, organizam a vacinação em epidemia, ajudam a limpar florestas”. Ora, entendo, que as Forças Armadas não são feitas nem preparadas para nada disto. Os militares de qualquer país preparam-se para a guerra para obterem a paz e não para limparem florestas. Quando muito, as florestas devem ser patrulhadas para enxotarem pirómanos ou madeireiros interessados no abate – pelos fogos – das árvores.

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A nossa democracia, trazida pela Revolução dos Cravos, se veio dar uma certa beleza à vida social dos portugueses, também lhe trouxe muitos medos e muito stresse. Sabemos da pobreza que nos ossifica, da falta de empregos, da burocracia que estrangula, da louca dívida nacional que os políticos fazem, da vida rapace existente entre milhares de políticos que, marimbando-se para o povo, rapinam tudo que podem e jamais pensam em bem servirem como bons estadistas que deveriam ser e porque o povo lhes paga. Os nossos políticos, salvo as devidas excepções, procuram enriquecer, proteger os amigos, concretizar a cleptomania e o nepotismo.

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Sei que um país, feliz ou não, é aquilo que os governantes são. Concordo com o deputado acima mencionado: “falta democracia em Portugal e falta-nos quase tudo”. Não somos os mais infelizes da Europa, mas acredito que temos tido governantes fracos e terrivelmente oportunistas, em prejuízo real de quem neles vota e confia. Mas, “Abril, sempre”, como disse Jorge Sampaio e “fascismo nunca mais”.

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* O autor não segue o acordo ortográfico de 1990

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