Bicadas do Meu Aparo: Olivença e o Portugal inteiro

 

 

 

Escritor d’ Aldeia *

 

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O dia 10 de Março passado e o próximo dia 25 de Abril deste ano de 2024, colou-se ao meu descontentamento essa data e revoltar-me-á a segunda: tudo indica que o que sinto e pressinto, ambas as datas se transformarão em revolta.

O 10 de Março, porque, para mim, o povo não apresentou cultura política nas urnas. Não soube pôr em primeiro lugar os interesses nacionais, maltratou a democracia e nota-se pelos resultados eleitorais que se guiou pela raiva, pondo em causa a liberdade conquistada, há cinquenta anos pelas Forças Armadas.

O 25 de Abril próximo, porque falará de tudo: politiquices sem miolo, resguardo de interesses económicos, defensores do bem-próprio e não do colectivo e irão com toda a certeza falar de um Portugal não inteiro, mas de um Portugal retalhado que nem “o absolutismo miguelista, a revolução liberal, a República, o Estado Novo, a adesão à NATO, a institucionalização da Democracia e a integração na Europa comunitária”, (in Livro Olivença na História), resolveram: refiro-me a que Olivença é Portugal.

Num slogan de Pedro Nuno Santos do PS, (PNS), nesta campanha para as eleições legislativas passadas, lia-se: Portugal Inteiro. Não sei que mensagem foi aquela, que quereria transmitir. Mas na verdade, logo pensei: será que PNS quer lutar pela devolução de Olivença a Portugal, conquistada aos mouros por D. Afonso Henriques e usurpada em 1801 pelos espanhóis? Rindo de mim mesmo pelo pensamento, logo pensei também: não, não quer lutar, nem tem tomates no seu pomar que lhe deiam força para tal luta.

As Forças Armadas portuguesas, os políticos portugueses e talvez 80% dos portugueses, sabem que Olivença é Portugal. Já em 1958, quando o general Humberto Delgado se candidatou à presidência da República, o que prometeu aos portugueses era de que iria lutar com todas as suas forças para a devolução de Olivença. Roubaram-lhe os votos, teve de fugir e não se sabe como nem porquê, foi assassinado em Badajoz.

E porque não há tomates nos pomares da Casa da República Portuguesa, Olivença e os oliventinos são ostracizados, concedem-lhes a dupla nacionalidade – já são mais de dois mil – como que fossem estrageiros, quando são portugueses por facto e por direito.

E como a cobardia é rainha e senhora em Portugal, mais de mil oliventinos, debaixo da Bandeira portuguesa, votaram, nestas eleições legislativas de 10 de Março deste ano de 2024. Quem são os portugueses que souberam desta votação oliventina? Muitíssimo poucos, pois jornais e televisões evitaram falar dos votos de Olivença. Não fora o jornal Hoy, de Badajoz a anunciar votos, povo e Olivença, políticos e órgãos da comunicação social, transformaram em Portugal, bifes em merda.

“Portugal Inteiro”, anunciou Pedro Nuno Santos na campanha referida. Só que PNS, não pensou na polémica que poderia causar tal desejo. Este político e tantos outros, bem como mais de 90% dos portugueses, talvez não saibam que para Portugal ficar inteiro, além da devolução de Olivença, ainda falta devolverem as povoações de S. Felix dos Galegos, em Salamanca, de Hermesende, em Zamora e de Salvaterra do Minho, em Pontevedra, povoações que foram invadidas pelos espanhóis.

Políticos, Povo português, jornais e televisões, parecem desconhecer que se Olivença foi usurpada pela coacção/força, as outras três povoações acima mencionadas, foram obtidas por invasão e, “o Direito Internacional desde sempre se opõe a qualquer tentativa de dar valor jurídico à modificação de fronteiras que resultem de invasões e ocupações militares por Estados que o fazem para obter território pela força, impondo-se como vencedores aos vencidos, a sua vontade e o seu interesse”. (In Livro Olivença na História).

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Nestes últimos 50 anos, foram vários os políticos portugueses que andaram ao beija-mão por terras de Espanha com Reis e políticos, apenas para se mostrarem, para untá-los de sebo e adicionar a respectiva bajulação. Nunca nenhum deles teve pêlos suficientes no peito para lhes exigir o que em 09 de Junho de 1815, ficou decretado sobre Olivença:

“Findas as Guerras Napoleónicas e reunidas as potências europeias no Congresso de Viena, o problema foi ali discutido e assinado o Ato Final do Congresso, no seu artigo CV.º, que estabeleceu: “As potências reconhecendo a justiça das reclamações formadas por Portugal e Brasil e considerando a restituição de Olivença a Portugal como uma das medidas para assegurar entre os dois reinos boa harmonia, esta devolução deve ter lugar o mais brevemente possível”. (In livro Olivença na História).

Informaram, alguma Imprensa, que Luís Montenegro iria visitar a Espanha como primeiro-ministro e ser este o primeiro país estrangeiro a recebe-lo. Será que Luís Montenegro irá falar da devolução de Olivença e das três povoações acima citadas?

Do modo como se praticou democracia nestas eleições de 10 de Março passado, Montenegro nem tempo terá, como 1º Ministro, para ir à sanita, quanto mais resolver em Madrid, a Questão de Olivença!

 

* O autor não segue o acordo ortográfico de 1990.

 

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