Ciclovia das Águas férreas- pode ser um presente envenenado

Joaquim Vasconcelos

Engenheiro Civil e Ambientalista

Ultimamente, devido aos constantes disparates feitos pela gente poderosa que governa o planeta, o mundo está perante uma crise gerada pelo aquecimento global. Com a realização da ciclovia através do Sapal de Vila Praia de Âncora, foi destruída parte de uma área protegida, no entanto, não podemos esquecer que o traçado presente, embora esteja sobre estacaria, pode não agravar tanto a dita área protegida, mas vai minimizar as suas características, pelo que não podemos esquecer a sua função que:

“Têm um papel muito importante na depuração das águas devido à grande capacidade de absorver e fixar matais pesados, muitos dos quais são tóxicos para outros seres vivos; por outro lado, os abundantes microorganismos aqui existentes metabolizados convertem em nutrientes materiais que, de outro modo, poluiriam as suas águas. Assim sendo o sapal contribui para a diminuição do nível de eutrofização provocado por efluentes urbanos e industriais.”

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– No entanto, o problema tem a ver com a parte técnica, pois é incompreensível que a saída da garagem de uma vivenda dê para a ciclovia!

– Também não se compreende como não existe uma guarda de protecção na ciclovia, quando actualmente uma das maiores preocupações existentes tem a ver com a segurança das pessoas, utilizando todo o tipo de equipamento para isso!

 

 

– Além disto parece terem esquecido os disparates que realizaram em Vila Praia de Âncora (caso do Porto de Mar, que hoje já está novamente todo areado o que destruiu uma quantidade de postos de trabalho de ancorenses). Os técnicos  conscientes alertaram quer os políticos quer toda a comunidade para o que ia suceder naquele local!

Lembro, mais uma vez, que a Natureza não se se vende e há situações cíclicas que não conseguimos dominar, principalmente quando há deficiências técnicas de quem decide casos delicadas. Neste caso devíamos não esquecer as inundações que sucederam no início do século (2000 e 2010).

                                                                     

 

 

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Tendo em atenção os erros cometidos globalmente em todo o mundo contra a natureza, caso dos incêndios, tornados, terramotos, incluindo o aumento dos níveis dos oceanos inundações etc… devido em grande parte à poluição e destruição dos ecossistemas, dando origem ao aquecimento global.

 

Observações técnicas

No caso que estamos a referir tem a ver que a qualquer momento pode haver novas inundações, o que trará muitos malefícios a toda a comunidade.

Presentemente, a situação será ainda mais gravosa, porque as áreas impermeáveis têm vindo a ser ampliadas e já em 2000, as inundações ultrapassaram as áreas inundáveis, Mas também devido ao facto de os responsáveis da altura não respeitaram a legislação em vigor, caso do Decreto Lei nº 93/ 90  de 13 de Outubro onde referiam não ser permitido construir em zona de cheias.

Estes terrenos, que para certos empreiteiros ou imobiliárias – embora alterem o círculo hidrológico – são considerados um “desperdício” quando não estão integrados em área de construção, mesmo estando integrados em áreas sensíveis. De quem é a culpa?!!!

Agora, com o pavimento da ciclovia na área de cheias a uma cota quase ao nível do leito do rio a situação torna-se mais preocupante, pois agora já não existem “os guardas rios” e o lixo que vulgarmente os rios acarretam podem agravar os esforços sobre a referido estrutura.

Tendo em conta que as áreas impermeáveis aumentaram, o que inversamente leva a reduzirem as áreas que permitem funcionar como” bacias de retenção” dando origem a um caudal mais controlado.

Concluímos que:

1 – Se suceder uma possível inundação, vamos sentir a falta dos “guardas-rios”. (a periodicidade destes factos é bastante imprevisível), a situação pode demorar mais alguns anos;

2 – Como houve grande movimento das margens poderá haver erosão das mesmas;

3 – Como o açude foi ligeiramente intervencionado, quando as inundações sucederem pode de facto, dar-se a destruição de toda a sua estrutura;

4 – Se de facto essa situação vier a suceder a própria ciclovia ruirá.

A situação pode agravar-se colocando em risco a estruturas da CP indo alargar a área de inundações.

Como certas zonas na margem do rio foram alteradas, se de facto houver uma inundação que coincida com uma maré cheia, como já aconteceu, então a erosão poderá originar problemas graves a toda a zona litoral quase até a E.N. 13.

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