Paradoxo: Uma proposta para reflexão / A Vocação Ibérica de Portugal e Espanha

Paradoxos são declarações ou sentenças aparentemente verdadeiras mas que, quando analisadas, apresentam alguma contradição lógica.

O filósofo do período helenístico Epicuro de Samos (341 a.C. – 270 a.C. ) propôs um suposto paradoxo sobre Deus, seus atributos e a maldade que podemos observar no nosso mundo.

 

 

 

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Epicuro de Samos

Disse Epicuro:

“Deus, ou quer impedir os males e não pode, ou pode e não quer, ou não quer nem pode, ou quer e pode. Se quer e não pode, é impotente: o que é impossível em Deus. Se pode e não quer, é invejoso, o que, do mesmo modo é contrário a Deus. Se nem quer nem pode, é invejoso e impotente: portanto, nem sequer é Deus. Se pode e quer, o que é a única coisa compatível com Deus, donde provém então a existência dos males? Por que razão é que não os impede?”

A elucubração de Epicuro merece respeito e admiração. Afinal, Epicuro refletiu honestamente e não é nenhum erro pensar, bem pelo contrário. Mas, o que dizer daqueles que sustentam a crença na ausência de Deus, baseando-se no Paradoxo de Epicuro? – Estas pessoas que sustentam o seu ateísmo no Paradoxo exposto de Epicuro estão equivocadas, e quem usa este paradoxo como “prova” de que a fé em Deus é paradoxal e, que, portanto, se deve ser ateísta, deve refletir no seu erro.

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A vocação Ibérica de Portugal e Espanha

Espanha e Portugal, fazendo jus à sua natural vocação universalista, formalizaram nos finais do século XV ( 7 de Junho de 1494) o tratado de Tordesilhas (*).

Os dois velhos países ibéricos, foram então autores de uma gloriosa gesta que levou a sua acção civilizadora e evangelizadora às cinco partidas do mundo, semeando as línguas de Cervantes e de Camões das Índias ao Japão e da Indonésia às Américas e à África.

Foto 2

A IMPORTANCIA DO TRATADO DE TORDESILHAS

O Tratado de Tordesilhas, assinado entre D. João II de Portugal e os reis católicos Fernando e Isabel, tem um significado muito mais vasto do que a simples delimitação de áreas de influência divididas entre os dois reinos.

Estavam envolvidos interesses de particulares, especialmente os dos mercadores andaluzes, habituados ao comércio secreto da Guiné sem pagamento ao erário real castelhano, pelo que de facto não lhes agradou a política dos reis católicos no sentido de afirmarem o seu direito tradicional «à conquista das partes de A/rica e da Guiné». Mas estavam sobretudo em causa os interesses políticos de dois Estados em expansão. Em 1479, o Tratado de Alcáçovas, depois confirmado pelo de Toledo, reconhecera já os direitos portugueses à costa africana e ilhas atlânticas, deixando de fora as Canárias, de resto também objecto de rivalidades antigas. Mas a viagem de Cristóvão Colombo começada em Palas a 3 de Agosto de 1492, colocou em evidência o Atlântico Ocidental e a questão de saber se o Tratado de 1479 abrangia a área. Depois de negociações várias, o Tratado de Tordesilhas foi assinado em 7 de Junho de 1494, e as esferas de influência ficaram definidas: pertenceriam a Castela as terras descobertas para além do meridiano que passava a 370 léguas a ocidente de Cabo Verde, limite encurtado para 200 léguas no que tocava aos descobrimentos que Colombo pudesse fazer na segunda viagem que, entretanto, iniciava. Discute-se muito as razões secretas da escolha da linha divisória, sendo a questão mais debatida a de saber se D. João II tinha já nessa data conhecimento da existência do Brasil (‘). A intervenção da Santa Sé foi extremamente activa, como veremos. De tudo resultou que o tratado seja um marco fundamental no desenvolvimento de várias linhas políticas dos dois países.»

 

(*) Daí que a UNESCO, consciente da importância das origens deste tratado, haja decidido integrá-lo no seu REGISTO DAS MEMÓRIAS DO MUNDO, ao abrigo do seu programa com o mesmo nome, que criou em 1997.

Hoje, confinados às suas fronteiras naturais e a umas poucas ilhas atlânticas e mediterrâneas, os dois países ibéricos, unidos pelos objectivos comuns à comunidade europeia a que ambos pertencem e de que são fundadores, orgulham-se das civilizações que formaram, que continuam a falar os seus idiomas, ambos de raiz latina, e a cultuar as suas tradições sociais, culturais e religiosas.

Nos nossos dias, em todo o mundo cerca de 300 milhões de pessoas falam português enquanto que  450 milhões utilizam a língua espanhola para se expressar. Trata-se, portanto, de uma notável expansão lusófona e hispânica, em todas as suas vertentes, e fixada em todos os quadrantes geográficos onde a imaginação nos leve.

Finalmente, aquilo que pressagiei há anos; a constituição de uma verdadeira união de estados irmãos, parece estar – aos poucos – a corporizar-se.

AS CIMEIRAS IBÉRICAS

  As cimeiras ibéricas são reuniões cíclicas, bilaterais, participadas pelo chefe do Governo de

Espanha e pelo primeiro-ministro de Portugal e nas quais se discutem questões de interesse para

ambos os executivos e projetos de cooperação entre os dois países.

 

Fronteiras com Espanhasão “pontos de união”;

Portugal e Espanha formalizaram já variados acordos de cooperação e estão finalmente juntos no arranque de uma política de centralidades.

“Mais que vizinhos, somos países irmãos” Mariano Raroy (2017).

 

IBÉRIA

Miguel Torga

Terra.
Quanto a palavra der, e nada mais.
Só assim a resume
Quem a contempla do mais alto cume,
Carregada de sol e de pinhais.

Terra-tumor-de-angústia de saber
Se o mar é fundo e ao fim deixa passar…
Uma antena da Europa a receber
A voz do longe que lhe quer falar…

Terra de pão e vinho
( A fome e a sede só virão depois,
Quando a espuma salgada for caminho
Onde um caminha desdobrado em dois ).

Terra nua e tamanha
Que nela coube o Velho-Mundo e o Novo…
Que nela cabem Portugal e Espanha
E a loucura com asas do seu Povo.

 

Desde 2020 que os dois governos ibéricos preparam estratégias conjuntas  para a gestão dos fundos comunitários.

As conclusões dos vários encontros englobam decisões na troca de experiências e partilham várias posições comuns em diversas matérias. Desde logo, no campo da energia foi reafirmado o empenho no aprofundamento da troca mútua de informações”, num “espírito de diálogo e transparência” e no quadro da União Europeia.

Já nos particulares da Educação, da Investigação, do trabalho, da Segurança comum, do Turismo, e em muitas outras áreas, os dois governos estão apostados numa cada vez mais estreita e colabora-ção. Por exemplo; de futuro será possível a um estudante de qualquer dos dois países ser-lhe reconhecida a equivalência à sua preparação académica, quer seja em Espanha ou em Portugal, bem como cientistas de ambos os países váo poder entrusar esforços conjuntos em diferentes áreas da investigação.

Tratado de Tordesilhas

Ano de 1494

A divisão da exploração dos mares do Globo

 

O documento:

EM NOME DE DEUS TODO-PODEROSO, Padre, Filho e Espírito Santo, três pessoas realmente distintas e apartadas e uma só essência divina, manifesto e notório seja a todos quantos este público instrumento virem, como na vila de Tordesilhas, a sete dias do mês de Junho, ano do nascimento de Nosso Senhor Jesu Cristo de Mil Quatrocentos e noventa e quatro anos, em presença de nós os secretários, escrivães e notários públicos adiante escritos, estando presentes os honrados D. Anrique Anriquez, mordomo-mor dos mui altos e mui poderosos príncipes os senhores D. Fernando e D. Isabel, per graça de Deus rei e rainha de Castela, de Leão, de Aragão, de Sicília, de Granada, etc., e D. Goterre de Cardenes, contador-mor dos ditos senhores rei e rainha, e o doutor Rodrigo Maldonado, todos do conselho dos ditos senhores rei e rainha de Castela, de Leão, de Aragão, de Sicília, de Granada, etc., seus procuradores abastantes de uma parte. E os honrados Rui de Sousa, senhor de Sagres e de Beringel, e D. João de Sousa, seu filho, almotacé-mor do mui alto e mui excelente senhor o senhor D. João, pela graça de Deus rei de Portugal e dos Algarves daquém e dalém-mar em África e senhor de Guiné, e Aires de Almada corregedor dos feitos cíveis em sua corte e do seu desembargo, todos do conselho do dito senhor rei de Portugal e seus embaixadores e procuradores abastantes, segundo ambas as ditas partes o mostraram polas cartas de poderes e procurações dos ditos senhores seus constituintes. Das quais seu teor de verbo a verbo é este que se segue; D. FERNANDO E D. ISABEL, pela graça de Deus rei e rainha de Castela, de Leão, de Aragão, de Sicília, de Granada, de Toledo, de Valência, de Galiza, de Mailhorca, de Sevilha, de Cerdenha, de Córdova, de Córsega, de Murcia, de Jahem, do Algarve, de Algezira, de Gibraltar, das ilhas de Canárea, conde e condessa de Barcelona e senhores de Biscaia e de Molina, duques de Atenas e de Neopátria, Condes de Roselhão e de Cerdónia, marqueses de Oristão e de Goçiano.

Porquanto o sereníssimo rei de Portugal, nosso mui caro e mui amado irmão, enviou a nós por seus embaixadores e procuradores, Rui de Sousa, cujas são as vilas de Sagres e Beringel, e D. João de Sousa seu almotacé-mor, e Aires de Almada seu corregedor dos feitos cíveis em sua corte e do seu desembargo, todos do seu conselho, pera praticar e tomar assento e concórdia com nós, ou com nossos embaixadores e procuradores em nosso nome, sobre a diferença que antre nós e o dito sereníssimo rei de Portugal nosso irmão é, sobre o que a nós e a ele pertence.

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1 comentário

  1. Epicuro de Samos
    “Se pode e quer, o que é a única coisa compatível com Deus, donde provém então a existência dos males? Por que razão é que não os impede?”
    Porque Deus não interfere no livre arbítrio que foi dado por Ele mesmo para os seres humanos na sua Obra da Criação! Se Ele assim o fizesse seria semelhante àquele que empresta algum dinheiro ao seu irmão, e depois interfere na maneira como gastá-lo!
    BOM DIA meu amigo EUGÉNIO
    BOM FINAL DE SEMANA
    19/08/2023

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