A comunicação social – uma visão concelhia

José Adriano Alves

Professor

A existência de uma comunicação social, nomeadamente os jornais, nos concelhos deste país, é de importância significativa. Sem os jornais locais os acontecimentos que vão surgindo no dia- a- dia das comunidades passariam despercebidos, na medida em que os mesmos, dentro daquilo que são os chamados critérios jornalísticos e editoriais nunca são “merecedores” de chegar aos leitores.

Por isso, uma comunicação social que faça eco dos casamentos, óbitos, festividades, demais assuntos de interesse para os leitores do concelho e dos imigrantes e emigrantes é fundamental. Espera-se é que esta comunicação social esteja, sempre, ao serviço dos seus leitores e nunca ao serviço de setores da sociedade local, nomeadamente políticos, religiosos ou outros.

Infelizmente, essa imparcialidade, em muitos concelhos não existe. O facto de existir, apenas um órgão de comunicação social, que não se paute por critérios exclusivamente do interesse geral, é um óbice à imparcialidade e à isenção. A existência de mais que um órgão de comunicação social, além de poder diversificar a informação prestada, dá oportunidade de confrontar e contrapor essa mesma informação.

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No concelho de Monção, que é o concelho onde resido, e que portanto conheço melhor, tempos houve em que existiram dois meios de comunicação social escrita. Nessa altura, apesar da ligação do extinto meio de comunicação estar ligado à Igreja Católica, tínhamos uma visão plural e amplificada dos acontecimentos que se iam sucedendo. Abstraindo da sua matriz católica, os leitores tinham a certeza que as notícias relatadas, os assuntos tratados, tinham correspondência total com a realidade e eram privilegiados os assuntos relevantes do concelho.

Hoje, a “imparcialidade já cá não mora”. Apesar de se continuar a relatar os casamentos, óbitos, festividades, assuntos há que, por represália ou critérios jornalísticos, muito duvidosos, não são dados a conhecer aos leitores. Refiro-me por exemplo a uma notícia publicada no Minho Digital e à qual a Rádio Vale do Minho fez alusão, circulando profusamente nas redes sociais, que foi a proposta aprovada por maioria na Assembleia Municipal de Monção, do passado dia 16 de dezembro de 2016, em que eu próprio, em nome do Partido Socialista propus a atribuição da senha de presença aos Bombeiros Voluntários de Monção.

Na realidade, uma notícia, até pela raridade do ato solidário, que mereceu honras de divulgação nos órgãos de comunicação citados, que nem estão localizados neste concelho, em Monção, não mereceu qualquer linha do órgão de comunicação social existente.

Perante esta constatação, que só poderá surpreender os menos atentos, afirmo com plena consciência do ato: precisamos nos concelhos – e no meu em particular – de órgãos de comunicação social isentos, plurais e livres de influências político-partidárias, religiosas ou outras de quaisquer espécies.

Os cidadãos em geral e os leitores em particular merecem isso.

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