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A incrível história da primeira pessoa a curar-se de SIDA

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Brown esteve em São Paulo na semana passada para participar numa convenção sobre HIV na USP. Na ocasião, ele conversou com a reportagem, contou sua trajectória e como lida com o facto de ser a primeira pessoa a ser curada da doença.

Hoje não gosta de ser identificado como o “Paciente de Berlim”. “Se os casos são realmente interessantes os cientistas têm de encontrar um modo de se referir àquela pessoa e identificar mais rápido de quem estão falando sem precisar expor o nome do paciente. Como o meu caso ocorreu em Berlim, me chamaram de o ‘Paciente de Berlim’, embora eu não seja de lá”, diz. “Em 2010, decidi dizer ao mundo meu nome e mostrar meu rosto. Quando as pessoas ainda usam ‘Paciente de Berlim’ eu fico meio irritado. Basicamente, dei permissão para usarem meu nome e disse que estou ok com isso.”

Aos 53 anos, Brown aparenta mais idade do que tem, mas traz também no olhar o brilho de quem decidiu viver. Ele enfrentou primeiro a SIDA em meados de 1990, época em que ser infectado pelo HIV era uma sentença de morte. Depois, em 2006, descobriu ter leucemia que, embora não relacionada com a SIDA, foi a chave para eliminar o vírus da doença.

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Depois de tentar quimioterapia sem muito sucesso, Brown estava desenganado quando a equipe médica resolveu uma última tentativa, um transplante de medula. A estratégia foi tentar combater não só a leucemia, mas também o HIV. O vírus precisa de uma proteína presente no sangue para se instalar e reproduzir. Ocorre que algumas pessoas não produzem essa proteína – uma mutação que os permite ser imunes ao vírus.

Estratégia contra SIDA

A estratégia inédita era tentar encontrar para Brown um doador de medula compatível e que tivesse aquela rara mutação genética. A ideia era destruir seu sistema imunológico e substituir a medula dele pela do doador, criando um novo mecanismo de defesa e exterminando não só a leucemia, mas também o HIV.

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Embora tivesse recebido dois diagnósticos de doenças potencialmente mortais anteriormente e mantido a calma, Timothy revela que só quando estava sozinho no quarto do hospital e com o próprio sistema imunológico destruído é que começou a “enlouquecer”. O grau de vulnerabilidade que sentiu foi tamanho que o fez perder o modo prático com que lidava com a vida.

A experiência deu certo para eliminar a SIDA, mas a leucemia ainda não tinha sido derrotada. “Neste sentido, a Aids tinha sido ‘fácil’ curar… Não é realmente fácil curar, mas eles tinham feito isso, mas a leucemia foi bem mais difícil”, lembra. Foi preciso fazer um novo transplante com o mesmo doador para combater o cancro.

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O caso pioneiro de sucesso foi publicado em 2009 no periódico New England Journal of Medicine. Em março deste ano foi anunciado que a eliminação da doença tinha sido obtida uma segunda vez, no “Paciente de Londres”.

Brown conta como se sente com o título de primeira pessoa curada da SIDA. “Em algum momento eu já pensei… e eu estou compartilhando algo que nunca falei antes, excepto para meu namorado. Às vezes penso que se houver mais pacientes curados eu não serei mais tão importante. Mas quero que haja, sim, muito mais curas. Meus pensamentos negativos não estão em sincronia com o meu desejo mais profundo (de uma cura universal).”

 Paciente pode ser 2º no mundo a se curar da aids

Um homem britânico tornou-se o segundo adulto no mundo a ser curado da SIDA, após um transplante de medula óssea de um doador resistente ao vírus HIV, anunciaram os seus médicos, preservando a identidade do paciente. É apenas a segunda vez desde o início da epidemia global de SIDA, nos anos 1980, que um paciente parece ter sido curado da infecção por HIV.

A notícia chega quase 12 anos depois do primeiro paciente que teria sido curado, e em circunstância parecida. O sucesso do tratamento aumenta as esperanças de que uma nova estratégia para a cura de pacientes com o vírus da SIDA seja possível.

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Os investigadores devem publicar o seu estudo nesta terça-feira na revista científica Nature. Publicamente, os cientistas estão descrevendo o caso como uma “remissão em longo prazo”. Em entrevistas, a maioria dos especialistas confirma se tratar de uma “cura”, com a ressalva de que é difícil saber como definir a palavra quando há apenas dois casos conhecidos.

Quase três anos depois de receber células-tronco da medula óssea de um doador com uma mutação genética rara que resiste à infecção pelo HIV — e mais de 18 meses depois de largar as drogas antirretrovirais —, testes altamente sensíveis mostram que até agora não há vestígio da infecção por HIV no paciente tratado.

“Não há vírus lá que consigamos medir. Não conseguimos detectar nada”, disse Ravindra Gupta, professor e biólogo especializado em HIV da Universidade de Cambridge que liderou uma equipe de médicos que trataram do homem. O paciente contraiu o HIV em 2003, disse Gupta, e em 2012 ele foi diagnosticado com um tipo de cancro no sangue chamado Linfoma de Hodgkin.

Apesar da esperança, os médicos alertaram que o resultado não significa que uma cura para o HIV tenha sido encontrada. Gupta descreveu seu paciente como “funcionalmente curado” e “em remissão”, mas advertiu: “É muito cedo para dizer que ele está curado”.

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O homem está a ser chamado como “o paciente de Londres”, porque seu caso é semelhante ao primeiro caso conhecido de uma cura funcional do HIV — em um homem americano, Timothy Brown, que ficou conhecido como o paciente de Berlim – onde foi submetido a tratamento semelhante, em 2007.

Brown, que vivia em Berlim, mudou-se para os Estados Unidos e ainda está livre do HIV. Cerca de 37 milhões de pessoas em todo o mundo estão infectadas com o HIV, e a doença matou cerca de 35 milhões de pessoas em todo o mundo desde que começou, na década de 1980.

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