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Milagres celebra festa sem a presença de nenhum pároco

Andor da Senhora dos Milagres

A freguesia dos Milagres assinala, há oito anos, a devoção à Senhora dos Milagres sem a presença de qualquer sacerdote. Em 27 de Agosto de 2008, o então Bispo da Diocese, D. José Augusto Pedreira, proibiu “a realização de qualquer ato religioso”. Este ano, uma vez mais, a designada Confraria e os populares celebraram o terço na procissão de velas; e nos dias das novenas e ainda contaram com as actuações de Zé Amaro e Ympério Show.
Até perto das 20h30m ouve-se música religiosa no Terreiro. Duas badaladas no sino dão início aos cânticos no interior do santuário. É dia 05 de Setembro e vai realizar-se a procissão de velas, acompanhada por populares e liderada por dois jovens, que rezam o terço. A fé, o silêncio e a devoção são uma constante ao longo de mais de meia hora de procissão.
“Desde que me lembro venho sempre e com a mesma devoção”, refere, no final, António Caldas. Natural e morador no lugar dos Milagres, freguesia de Cambeses, não esconde o lamento pelo que fizeram. “Queriam tirar-nos o santuário, mas este foi dado ao povo dos Milagres”, explica.
Desde 2007 que parte da população dos Milagres anda em conflito com o pároco da freguesia. No entanto, isso não impede que venerem a Senhora dos Milagres, que se assinala a 08 de Setembro e o Santo Amaro, em Janeiro.
Em causa estará o registo de posse do santuário, mandado construir em 1604 por Francisco Pereira de Castro e terá sido doado pela família deste “ao povo do lugar dos Milagres”. No ano de 2007, o pároco invocou “uso capião” pelo facto de o mesmo ser utilizado para actos religiosos há mais de 40 anos. Depois de “três decisões do tribunal” favoráveis ao povo dos Milagres o processo ainda não tem uma conclusão, mas isso não impede que alguns populares façam a festa.
Regina Palhares tem 62 anos e “sempre participei nestas festas, porque tenho muita devoção pela Santa”. Adiantando que “o padre não faz falta. A gente vai com a nossa fé e se for preciso vem um padre Ortodoxo, que já esteve aqui e fez uma missa muito bonita”. Satisfeita com “as três decisões favoráveis”, aquela milagrense espera uma resolução para breve. Contando que “todos os dias vêm aqui muita gente cumprir as suas promessas”.

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Com 21 anos, Renato Pereira cumpre há oito a função de orientador do terço. Juntamente com Diana Pereira participam na parte religiosa da festividade. “Queríamos continuar a fazer a procissão e resolvemos dar seguimento. A igreja é do povo dos Milagres e por isso temos de a defender”.
Embora grande parte das pessoas que participa na procissão de velas tem mais de 50 anos, os mais jovens também participam. Cláudio Palhares foi um dos seis homens que levava o andor. Durante uma parte do percurso, Cláudio levou o andor e sente que “cumpri uma obrigação”. Lamentando que haja esta divisão.
O cântico “Senhora Nossa” dá o início aos rituais religiosos, que se iniciam no interior do santuário e prolongam-se ao longo de várias ruas dos Milagres. Algumas casas estão iluminadas. Tudo serve, desde velas até às luzes natalícias.
Chegados ao santuário e no final da reza do terço, Diana apresenta uma série de agradecimentos e pedidos de perdão a Nossa Senhora dos Milagres Finaliza-se com a oração àquela Santa cantada por todos os presentes.

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