Millôr Fernandes, nome artístico de Milton Viola Fernandes, foi um desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, poeta, tradutor e jornalista brasileiro.
Conquistou notoriedade por suas colunas de humor gráfico em publicações como Veja, O Pasquim e Jornal do Brasil. Wikipédia
SOCORRO:
Recontada por Antônio J C da Cunha
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DA REDAÇÃO | Na curtíssima fábula “O Socorro” (leia ao final da matéria), o escritor Millôr Fernandes (1923-2012) conta a história de um coveiro que cavou tanto uma cova que acabou sem poder sair de dentro dela.
Desesperado, começou a pedir por socorro, em vão. Anoiteceu. Chegou a madrugada. Nada de ajuda.
De repente, eis que o coveiro ouve os passos de alguém que passava pelo local. Era um bêbado. O coveiro se animou e começou a gritar por socorro novamente. “Estou com um frio terrível”, gritou.
O bêbado ouviu e se aproximou. Olhou então para baixo e, com a consciência alterada por conta da bebida, concluiu: tiraram a terra do pobre mortinho. Pegou então uma pá e, solidária e cuidadosamente, enterrou de verdade o coveiro.
- Moral da história, segundo o próprio Millôr:
- Nos momentos graves é preciso verificar muito bem para quem se pede ajuda.
Leia o conto do Millôr:
O Socorro
Ele foi cavando, foi cavando, cavando, pois sua profissão – coveiro – era cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que cavara de mais. Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para cima e viu que, sozinho, não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. Enlouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardas. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouvia mais um som humano, embora o cemitério estivesse cheio dos pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que lá vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: «O que é que há?»
O coveiro então gritou, desesperado: «Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível!». «Mas coitado!» – condoeu-se o bêbado. – «Tem toda razão de estar com frio.
Alguém tirou a terra toda de cima de você, meu pobre mortinho!». E, pegando na pá, encheu-a de terra e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.
Moral: Nos momentos graves é preciso verificar muito bem para quem se apela
Millôr Fernandes, in ‘Pif-Paf’
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Pelo bem que fazes nunca serás notado.
Mas um passo em falso, serás condenado !
LENDAS PESQUISADAS E RECONTADAS POR:
Antônio J C da Cunha – Duque de Caxias / Rio de Janeiro.
Natural da Freguesia de Geraz do Minho(Lugar de Guichomar) –
Concelho da Póvoa de Lanhoso –
Realizada com subsídios colhidos da Enciclopédia Walkepídia (Internet)-
Para publicação no Jornal Minho Digital.
Com subsídios da Enciclopédia Walkepídia
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1 comentário
Não deixa de ser um humor trágico, pois não posso mais usar a expressão “humor negro”. Eu buscaria uma narrativa com moral semelhante, mas, sem um desfecho macabro. Trata-se de questão pessoal.
Já fiz a opção por ser cremado e não enterrado.