Momentos de Poesia

Mais uma poesia de José Verde Pardo, um dos nossos colaboradores da Galiza.

Passo Palavra

Um nada para ser tudo,

Você saiu da sala

daquela imundície

hotell de verão

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

mesmo na beira da praia.

 

A tarde transpirava
um cheiro intenso de algas putrefantes.
Era uma quinta-feira cinzenta normal
de um mês de julho sem graça,
e a coisa mais “chique” que se destacava
naquela câmara do destino
era uma toalha amarela
enrugada e muito sovada
sobre um lençol de linho branco.

A brisa brincava às escondidas
atrás dos juncos verdes da praia.

Saí atrás de ti,
como uma rajada de vento inesperada.
Devagar e com firmeza.
Sem a pressa habitual do passado.

Como a fotografia da minha vida,
mil vezes revelada.
Um “dejá vu” repetido.
Desta vez, com cantos gregorianos,
em jeito de proclamação.

Fui sempre tão tarde

e nunca estive à altura
caçando borboletas
com as asas cortadas.

Como minha vida vai.
Simples, solitária, franca.
Adormecer à noite
com as luzes apagadas.

PUB

 

Nelas, eu estava,

quando “foi dado” para mim

consultar o dicionário

e lá estava ela, pérfida e fria,

o que eu já temia.

A palavra “esperança”:

 

– “Uma das virtudes teologais”.

-” Um estado de espirito que surge, quando se apresenta como alcançável

o que é desejado e amado”.

A esperança fugiu-me das mãos, naquele albergue na praia.
Não é coisa minha, jogo de damas.

 

E é por isso,
que “passo palavra”.

  Partilhar este artigo

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *