Aqui temos mais um momento de poesia vindo da Galiza do nosso colaborador José Verde Pardo.
O LUGAR DO SEU RECREIO
Morde o lábio,
antes
de pensares no que dizes.
Mantém-te firme nos teus pecados,
e não fales sem saber porque não são felizes,
aqueles que estão desencantados.
Mantém-te sempre à direita,
se queres evitar um mau momento.
A vida nunca será uma surpresa,
se conduzires devagar,
patriota irrepreensível,
servidor sem mácula.
Mantém-te sempre sóbrio,
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e inexequível ao desânimo.
Tenho medo,
de pensar que estou a ser um deles.
Sob os meus pés,
uma cidade perfurada de túneis e medos,
por onde circulam
bufarinheiros vários.
Vendedores de fumo.
Construtores de infâmia e arquitectos
de um futuro em desconsolo.
Aguardo pelo meu autocarro.
De volta para casa,
Sentindo em minhas veias,
um gelo húmido.
Zombie rodeado de betão, pisando um chão cinzento e sujo.
Paisagem desolada.
Horrivelmente vulgar.
Lugar sinistro.
