O Papa Francisco no Santuário de Fátima | Centenário Mariano das Aparições

José Rodrigues Lima

Historiador

 

Sabemos que Portugal é a Terra de Santa Maria. A história regista o  vínculo que os portugueses têm com o culto e devoção a Nossa Senhora.

O Santuário de Nossa Senhora da Conceição é Vila Viçosa é conhecido  como Solar da Padroeira.

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D. João IV por provisão referenciada em Cortes Gerais, proclamou Nossa  Senhora da Conceição Padroeira e Rainha de Portugal, em 25 de Março de  1646. A partir de então, não mais os monarcas portugueses da Dinastia  de Bragança voltaram a colocar a coroa real.

Desde a zona de fronteira em S. Gregório, concelho de Melgaço, há  testemunhos do culto à Santíssima Virgem Maria.

No Monte do Facho, existe uma capela e um conjunto escultórico em  honra de Nossa Senhora de Fátima, aonde acorrem muitos cristãos  portugueses e galegos, de modo especial nos dias 12 e 13 de Maio.

Os cânticos da Assembleia do Povo de Deus misturam-se nas duas falas,  mas com uma só alma mariana.

É bonito de se ver e sentir tanta irmandade mariana.

A história da ermida primitiva é digna de ser escutada com veneração,  pois transmite fé viva de devotos em horas aflitivas.

Na paróquia de Santa Maria Madalena da Chaviães, há sempre festa no 8  de Dezembro, dia consagrado da Nossa Senhora da Conceição, tendo como centro a denominada Capela da Quinta dedicada à Virgem Imaculada.

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Junto à estrada que nos conduz de S. Gregório a Melgaço, surge-nos a capela românica de Nossa Senhora da Orada.

•       Nossa Senhora da Orada!

•       Aos de cá de Portugal,

•       Primeiro que a ninguém,

•       Livrai-nos de todo o mal.

Estes testemunhos são mais que suficientes para sublinhar a devoção mariana das gentes de Melgaço, onde Portugal começa.

Subindo para a serra, encontramos a imagem da Senhora da Natividade, várias vezes secular, na Igreja Paroquial de Cubalhão.

É de referir que D. Frei Bartolomeu dos Mártires, arcebispo de Braga, aquando da sua visita àquelas paragens, fundou a paróquia de Cubalhão, designando a Senhora da Natividade como padroeira.

300 ANOS COM A SENHORA DA APARECIDA – BRASIL

Das paragens de Melgaço foram muitos os que emigraram para o Brasil, terra da Vera Cruz, e por certo levaram a religiosidade popular de consistente devolução mariana. A evangelização realizada por missionários através do tempo longo implementou o culto mariano.

A padroeira do Brasil é a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, venerada na basílica de Nossa Senhora da Aparecida, localizada entre Rio de Janeiro e São Paulo, na cidade de Aparecida. Ali acorrem milhões de devotos das grandes cidades e do interior. A imagem de Nossa Senhora foi encontrada quando pescadores lançavam as redes no rio Paraíba. Segundo os relatos, a aparição ocorreu na  segunda quinzena de Outubro de 1717. Celebramos 300 anos do acontecimento mariano, marcante, como uma história cheia de emoções, com esperança viva e confiança alegre.

Referentes ao grande país do Brasil, recordamos os livros “Casa Grande e a Senzala” e “Sobrados e Mucambos” do antropólogo Gilberto Freire.

 

A IGREJINHA DE BRASÍLIA

Convidamos os leitores a dar um grande salto no tempo e no território e chegamos a Brasília.

Chama-nos a atenção a igrejinha de Nossa Senhora de Fátima que foi o primeiro templo de alvenaria inaugurado em Brasília, no distante ano 1958.

Dizem as crónicas que esta igrejinha foi mandada construir para “pagar a promessa feita por Dona Sarah Kubitsechek em agradecimento a nossa Senhora de Fátima pela cura de sua filha acometida por uma grande doença”.

Lá está a imagem de Nossa Senhora de Fátima protegida por paredes revestidas com azulejos figurativos, criados por o grande artista Athos Bulcão, onde consta a pomba representando o Espírito Santo e a estrela de Belém.

 

NOSSA SENHORA MÃE DA IGREJA

 Há muitas paróquias dedicadas a Nossa Senhora, Mãe da Igreja.

“Mãe da Igreja” é o título oficialmente dado à Virgem Maria durante o Concilio Vaticano II, pelo Papa Paulo VI. O título foi utilizado pela primeira vez por o Santo Ambrósio, bispo de Milão (338 – 397).

“Pelo missão da maternidade divina, que a une a seu Filho Redentor, e pelas singulares graças e funções, está também a Virgem intimamente ligada a Igreja: a Mãe de Deus é o tipo e figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo”, como já ensinava Santo Ambrósio.

Aos santuários dedicados a Nossa Senhora acorrem sempre multidões diversificadas.

“Os santuários mantêm-se vivos na memória histórica por serem espaços onde aconteceram eventos decisivos na história da fé de uma comunidade” (Delegado P. Conselho da Cultura).

“Entra-se no santuário para agradecer, louvar, suplicar; por isso, são também uma verdadeira escola de oração. Deste modo devem educar para a ação de graças, incutindo no peregrino o espírito de reconciliação, de contemplação e de paz, recordando o que Deus disse a respeito da sua casa: “A minha casa é uma casa de oração”.

“Estes espaços recordam também que Deus, ao tornar-se solidário com o nosso sofrimento, impele-nos à solidariedade e à partilha com os irmãos”. Na dimensão profética os santuários fazem-nos apelos à “contínua conversão e renovação”. (Responsável Reitores de Santuários).

No santuário aprende-se a abrir o coração a todos, em particular ao que é diferente de nós: o hóspede, o estrangeiro, o emigrado, o refugiado, aquele que professa outra religião, o não crente.

“Deste modo, o santuário além de se oferecer como espaço de experiência de igreja, torna-se um local de convocação aberta à humanidade inteira” (C. P. E. I.)

 

 

O PEREGRINO REGRESSA MAIS LIVRE E MAIS CONTENTE

Com Miguel Torga dizemos:

“O peregrino vem,

Reza devotamente,

Põe no altar o que tem

E regressa mais livre e mais contente.

Assim faço também”.

 

A peregrinação conduz à tenda do encontro com a palavra de Deus. A experiência fundamental da peregrinação deve ser a da escuta, porque de Jerusalém sairá a palavra do Senhor.

Era interessante percorrer os códices que nos falam da peregrinação através da história. Lembramos “O Guia do Peregrino Medieval” – Codex Calixtinus, do século XII, relativo às peregrinações ao túmulo de Santiago em Compostela; e ainda a obra “Egéria  – Viagens do Ocidente à Terra Santa” no século IV.

Dos nossos dias, citamos o livro: “Fátima – Sou Peregrino”, de António Rego.

“A multidão em Fátima tem um rosto próprio e é muito mais que um aglomerado de pessoas em manifestação ou festa”. É uma comunidade que vive a sua fé.”

Muito se tem escrito referente à mensagem de Fátima, sobre as aparições, os videntes, as celebrações e a teologia mariana, referindo sempre as recomendações de Nossa Senhora.

O Cardeal Manuel Cerejeira, em 1943 proferiu a frase síntese: “Não foi a igreja que impôs Fátima, mas foi Fátima que se impôs à igreja.”

E assim a Cova da Iria tomou a designação de “ALTAR DO MUNDO.”

Recentemente, foi publicada a Carta Pastoral dedicada aos Santuários de todo o Mundo – “Sanctuarium in Eclesia”. “Os Santuários permanecem até aos nossos dias em qualquer parte do mundo como sinal peculiar da fé simples e humilde dos crentes, que ali encontram a dimensão fundamental da sua existência. Ali experimentam de modo profundo a vizinhança de Deus, a ternura da Virgem Maria e a companhia dos Santos.”

 

CELEBRAÇÕES CENTENÁRIAS EM FÁTIMA

Os próximos dias 12 e 13 de Maio congregarão número incontável de peregrinos das diversas partes do mundo. O Papa Francisco presidirá à grande Assembleia do Povo de Deus, celebrando os Mistérios da Salvação e prestando culto a Nossa Senhora de Fátima.

“Por Maria a Jesus”.

A eloquência da fé será imensa e os corações receberão a alegria de como é bom estar juntos em comunidade eclesial.

Estamos certos de que as grandes atitudes passarão pelo acreditar, agradecer, comtemplar, servir, perdoar e partilhar.

Os peregrinos são exemplo de busca transcendente.

Cada peregrino sente ao que vai, e espera vivências especiais neste Ano Centenário das revelações da Mãe de Deus, Nossa Mãe e Mãe da Igreja.

A palavra do Evangelho a propósito das Bodas de Caná faz a síntese da grande mensagem de Fátima:

“Sua Mãe disse aos serventes: Fazei tudo o que Ele vós disser” (Jo.2,1)

E ainda lemos na Bíblia: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mat. 14,16)

Ecoarão as palavras: “Rezai, rezai muito…”

“Segui a voz de Deus…”

Haverá apelo à conversão e à paz. A santidade dos pastorinhos Francisco e Jacinta iluminará o Corpo 

Místico de Cristo, rejubilará o Céu e alegrar-se-á a Terra, pois serão canonizados.

O Papa Francisco vem como peregrino na força da sua fé e no testemunho e toda a Igreja agradecida pelas graças divinas recebidas. Nossa Senhora é Medianeira de todas as graças.

O Bispo de Roma que preside à fé e à caridade, falará ao mundo, lançando luz para a humanidade.

 

BENEDICAMUS DOMINO!

REGINA CAELI

A Salvé Rainha será rezada com o coração: “Prece cheia de piedade, gemido de coração cativo ainda entre correntes do desterro, canto sublime ao que não poderão deixar de se associar os anjos. A Salvé Rainha é a prece mariana por antonomásia, que desde a terra se dirige ao céu, e não poderá deixar de se resolver em torrentes de graças em favor de seus irmãos os homens”. (Monge Damian Yanez  Neira  – Mosteiro de Santa Maria Real de Oseira).

 

 

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