Silere non possum

(Não me posso calar – Sto Agostinho).

Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.”

(Alexandre Soljenitsyne)

Ah! Ah! Ah!…

                    Carta aos meus amigos – nº 73        

                         BRAGA , 18– Janeiro – 2024+

PAX

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Esta minha Carta, tal como as outras, são única e exclusivamente da minha responsabilidade. Transmitem o que eu penso. E o que penso não é necessariamente o que muitos gostariam que eu pensasse ou não admitem que eu pense como quero e decidi pensar. Considero-me um homem livre e desta liberdade não abdico. Em toda a minha vida, já longa, nunca deixei de pensar pela minha cabeça informada. Agrade ou desagrade a alguns títeres ou candidatos a tal ainda que se revistam de palavras melífluas e cheias de “misericórdia” , a deles, de que eu prescindo.

Neste momento da minha vida não represento nada nem nenhuma instituição. Fica claro?

Represento-me a mim mesmo.

Assim, o que esta Carta vai dizer, tem só a ver comigo. Não será lícito a ninguém, absolutamente, ligar o que vou exprimir a qualquer instituição que servi e de que nunca me servi. Como, há mais de um ano me desliguei, conscientemente de responsabilidades directivas de várias organizações, hoje sinto-me livre de dizer o que penso sem que a alguém seja lícito, a não ser maldosamente, ligar às várias instituições que servi ao longo da minha vida o que vou exprimir aqui e agora. Está claro? O que aqui vou exarar é o meu pensamento, agrade ou não a quem me ler. Por isso decidi escrever com um tipo diferente e assinalado esta introdução. Que fique claro! Ficou?

Dezassete dias depois de ter nascido (13 de Junho) fui baptizado (30 do mesmo mês). Nasci cidadão português e assim morrerei. Amo a minha Pátria, a terra dos meus “pais”. Servi-a em vários serviços e latitudes. Amo a história, a geografia, os costumes, a gastronomia e o folclore do meu país. Não tenciono mudar.

Quando, a 30 de Junho de 1945 fui baptizado, tornei-me filho da Igreja UNA, SANTA, CATÓLICA, APOSTÓLICA E ROMANA. Confirmei a minha Fé dez anos depois, na Real e Insigne Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira (Guimarães). Toda a minha vida reconfirmei a minha Fé, uma vezes melhor outras nem tanto. Mas esforcei-me por ser fiel às promessas do meu Baptismo. Caí muitas vezes mas levantei-me, com a ajuda do meu Anjo da Guarda, sempre. Quando chegou o II Concílio do Vaticano, a cuja abertura assisti em directo pela televisão, aderi, quando saíram os seus documentos finais, a todos. A uns com grande entusiasmo a outros com menor “fervor”. Rejubilei com o reconhecimento dado aos leigos como animadores cristãos da ordem temporal. Nunca contestei ou combati um único daqueles. Defendi e ajudei a divulgar os documentos conciliares. Sempre.

Nunca recusei a “Nova Missa” ainda que nunca tenha esquecido a anterior que me ajudou a ser o cristão que quero ser. Desta tenho o sentimento de saudade e se me tivesse sido dada a liberdade que foi vilmente recusada por quase todos os Bispos, participaria de vez em quando nesta, mesmo quando S. João Paulo II Magno fez a primeira tentativa de liberalização do seu uso e que foi “proibida” pelos nossos Bispos. Foi com alegria que li o Motu Proprio Summorum Pontificum  de Bento XVI e, estúpido(!), pensei que teria acabado a ruptura que se tinha aberto na Igreja por causa do modo de celebrar o sacramento dos sacramentos: a Missa. Mas não foi assim. Todos sabemos as dificuldades, insultos (indietristas, lembram-se?), obstáculos e proibições abusivas que muitos Bispos colocaram. Ainda era vivo Bento XVI e o Papa Francisco publica o Moto Proprio que, na prática, proíbe o uso da celebração “Usus antiquior”. Uma afronta ao Papa anterior, que vivo, assistiu ao acto tirânico, de “desfazer” aquilo que ele tinha feito publicar no sentido de apaziguar a Igreja dividida pela Missa! Não compreendo.

Afinal, como é? Que Igreja me estão a impor? Umas vezes aprova-se um documento e logo de seguida é “apagado” e perseguido quem segue o anterior. E o que acho curioso (revoltante!) é que, por exemplo, a Encíclica de Paulo VI sobre o controlo da natalidade foi ferozmente combatida por aqueles que hoje não admitem contestação a documentos deste Papa que merecem … repúdio por parte de quem, como eu, foi baptizado na Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana. De que estou a falar? Por exemplo da inqualificável Declaração FIDUCIA SUPPLICANS, sobre a bênção de casais irregulares e de pares homossexuais (que a Fiducia Supplicans não destrinça!) por parte da Igreja que, assim e da forma caótica da citada Declaração, confunde casais com pares homossexuais e que admite e propõe a bênção ao pecado da sodomia (a basílica de S. Pedro – Roma – já fez saber que está aberta a estas bênçãos). Afinal, as Sagradas Escrituras estão erradas e o Catecismo da Igreja Católica tem de ser “cancelado” nalguns artigos. Isto é o wokismo no seu melhor dentro da Igreja e promovida pelo Papa, Bispos, Clérigos e outros (alguns e barulhentos) leigos cristãos. Estou profundamente revoltado. Apazigua-me a firmeza de muitas Conferências Episcopais que por unanimidade repudiaram a dita Declaração. E o que posso dizer da posição da nossa Conferência Episcopal tão solícita a aprovar um documento altamente condenável e que fez “ ouvidos moucos” para, por exemplo o pedido de Paulo VI – JUBILATE DEO – ou o Moto Proprio Summorum Pontificum mas que se apressou a exigir o cumprimento do Moto Proprio TRADICIONES CUSTODES ! Sou levado a crer que para os Bispos os documentos papais não valem o mesmo, tudo depende do Papa que os publica! Dá para entender? Afinal, como é? Expliquem a vossa incongruência.

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Agora “rebenta” o gravíssimo escândalo de o Cardeal Tucho ter publicado um livro pornográfico (ver o rosto desta Carta) em que devaneia longamente e pormenorizadamente sobre os orgasmos masculino e feminino. O escândalo é de tal ordem que o dito livro (li largas passagens da edição original e fiquei com a sensação de ter lido pornografia pura e dura!), editado no México, foi retirado de todas as plataformas digitais, inclusive da Amazon (quis comprá-lo mas estava já fora do mercado!). E o Cardeal continua à frente do Dicastério para a Doutrina da Fé. Afinal, como é? Em que ficamos? Em quem podemos confiar? O Papa sabe disto, desta porno-obra do seu amigo argentino? A mim põe-se um problema muito sério (podem crer caros Amigos-leitores que é muito sério): fui baptizado na Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana, nela quero permanecer, mas onde ela está? Aprendi e acredito, que onde está Pedro, aí está a Igreja. Mas é a do Tucho? Se é essa, então… como é? Que Igreja é esta que odeia os “ indietristas” e faz sarcasmo dos raros (são cada vez mais e jovens) que usam batina na rua e celebram com dignidade?

Serei cancelado, o que não seria a primeira vez, pela Igreja “Mãe e Mestra”. Incomoda-me o cancelamento? NÃO! Incomodar-me-ia a minha cobardia de não reagir face a tanta barbaridade doutrinal, a tanta prepotência! Como posso fazer “caminho junto” com este tipo de gente que me odeia? Que ataca o que eu acredito e pelo qual dei tanto da minha vida. Que me fechou para lá de uma suposta, mas activa, “limes barbaricum”. Não se esqueçam, caros Amigos-leitores, que os bárbaros eram destemidos e destruíram rapidamente a Roma dissoluta.

Não aguentei ficar calado. Não falei de tudo o que queria e devia por ser tanto que esta Carta deixaria de ser uma Carta para ser um Manifesto de desilusão!

Peço as vossas orações para que nunca seja cobarde nem que as minhas cobardias sejam “meras” micro-cobardias que não deixam de ser cobardias.

 

SILERE NON POSSUM

 

 

 

 

 

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