Ocaso da Vida e Rituais da Saudade

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José Rodrigues Lima

Antropólogo

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Entra viajante, ajoelha e ora

Aqui encontram consolação os vivos

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Aqui terão descanso os mortos

Vai corre para a eternidade

E prepara no tempo a tua

vida de alem campa

O crentes como vós

No intimo do peito

Abrigo a mesma crença e

Guarda o mesmo ideal.

O horizonte é infinito e o

PUB

Olhar humano é estrito

Creio que Deus é eterno

E que a alma é imortal

 

Guerra Junqueiro

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Os monumentos funerários são testemunhos do culto dos antepassados no espaço dos vivos desde tempos imemoriais.

As fotografias familiares reforçam a saudade dos que partiram: “Olha aqui o bisavô ou a avô estimada”, e a conversa segue com recordações felizes.

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A solidariedade que se estabelece numa comunidade, quando se anuncia o falecimento de alguém, novo ou idoso, é significativa. A mobilidade social é uma realidade aquando o velório, o funeral e as missas pelas almas dos falecidos. Aliás, as ofertas em honra dos mortos, a encomendação das almas, a celebração do “cabo d’ ano”, influência da Galiza em terras do Alto Minho, o milho para as almas, a reza anual, as procissões ao cemitério, a cerimónia do “acendimento” na igreja paroquial de Castro Laboreiro e das obradas noutras localidades, no domingo seguinte ao falecimento de alguém, são testemunhos eloquentes de que “os mortos pertencem aos vivos, conforme expressão popular.

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O Padre Aníbal Rodrigues, pároco de Castro Laboreiro, registou o cerimonial do acendimento como contributo para a cultura castreja.

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Algumas destas tradições foram-se perdendo numa sociedade em mudança.

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Por iniciativa de Santo Odilão, abade de Cluny, França (994-1049) é que se instaurou e fixou o dia 2 de Novembro a comemoração de Todos os Fiéis Defuntos. O Santo Abade ordenou que se celebrasse em todos os Mosteiros da Ordem o que aconteceu pela primeira vez em 2 de Novembro no ano de 998. E o foi a partir de lá que se difundiu muito rapidamente por toda a igreja latina.

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Livro “Cicatriz”

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A poetisa Teresa Rita Lopes escreveu, no seu livro “Cicatriz” que “o cemitério é lindo/na espuma de asseio/qual salinha de estar”.

O signo linguístico cemitério, conforme a origem do grego significa “dormitório”, e por derivação dos povos germânicos terá o significado de “jardim da igreja”. Á referida literata acrescenta ainda; “desde que sento à minha mesa /mais mortos do que vivos/percebo a necessidade dos antigos/de imaginar, os deuses lares/de sentir sobre nós/os gestos protetores/dos antepassados/A sua bênção.”

A consciência da morte abre as portas do simbólico da fantasia e do imaginário com apelos ao inconsciente coletivo. Fustel de Coulanges afirmou que uma família era um grupo de pessoas às quais a religião permite invocar o lar e oferecer o mesmo banquete fúnebre aos antepassados.

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Testemunhos – A Lapa dos Defuntos

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Desde o sitio de Cevide, em S. Gregório – Melgaço, onde se encontra um nicho das alminhas, mesmo onde o afluente Trancoso desagua o rio Minho, até ao planalto de Castro Laboreiro, onde o seu conjunto dolménico expressivo, e atravessando litoral minhoto, encontramos o dólmen da Barrosa e a mamoa da Eireira, bem como a pedra do repouso em Cardielos, constituindo testemunhos significativos do culto dos mortos.

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Nas terras do Soajo são referências do culto aos antepassados o dólmen do Mezio, a Lapa dos Defuntos na Portela do Galo, e o monte da freguesia da Ermida na Serra Amarela.

No Lindoso localiza-se o penedo do descanso, ponto de paragem do cortejo fúnebre. Merece referência, ainda, “A cadeia da saudade”, utilizada na zona ribeira da cidade de Viana do Castelo.

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O culto dos mortos é uma constante no Noroeste Peninsular, e tem merecido a investigação de José Mattoso, Pina Cabral, Marcial Gondar, Lison Tolosana, Mandianes de Castro, V. Risco, Taboada, Xivite, A. Fragas Fragas, Patrícia Galdey,  Brian O’Neill, Margarida Durães, Gabriela Oliveira, Constantino Cabral, Clara Saraiva, Marino Ferro, Xosé Rego, entre outros.

Nas sociedades arcaicas, como refere F. Maria, os homens temiam o contágio da morte, simbolizada pela decomposição do cadáver, procurando evitá-la, ou apressá-la através de rituais e práticas funerárias que simultaneamente exprimem a angústia da morte e a aspiração à imortalidade.

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Os símbolos da morte, a iconografia, as manifestações funerárias, os rituais em honra dos antepassados, fazem parte do quotidiano das populações, e apresentam uma diversidade antropológica e histórica.

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Manancial abundante sobre a demografia histórica e a antropologia são os registos paroquiais, incluindo os livros das confrarias das almas, tão arreigadas no Alto Minho. Fazendo uma análise sobre a documentação referida, constatamos abundante informação e doutrinação sobre a morte. “lembra-te da morte e não pecarás”; “Lembra-te homem que és pó. E em pó hás-de tornar-te”; “a vida muda-se, não acaba”. Mesmo assim, é de referir a persistência de alguns ritos pagãos. Nos atos mais solenes dos “vivos”, e a decorrer no calendário anual. O “mortos” estão presentes.

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Rituais funerários

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Em todas as culturas há rituais funerários. Porque no rito dá-se um sentido à própria morte. Onde o ritual não existe ou é pobre, não há humanidade ou o Homem é vivido de modo empobrecido e raquítico. Quando nos últimos instantes de um ser humano ou no seu funeral faltam “os gestos as palavras” que procuram dar um sentido a contar para lá do visível. Quem algum dia participou num funeral em que não houve o mínimo rito – nem sequer uma palavra – experienciou q que é a morte em toda a sua espessura opaca, breu e inumanidade. A situação de incómodo e desconforto até à frustração é vivida quando, por exemplo, devido a uma catástrofe, nem sequer o cadáver do familiar ou do amigo aparece, para uma homenagem última de despedida.

O ocaso da vida… e depois? É uma expressão feliz “no ocaso da vida”. Afinal quando o sol cai no horizonte do lado de cá é noite, mas do outro lado nasce um novo dia. O que se quer sublinhar que, na morte fica sempre uma abertura para o mistério, para a nossa dimensão celeste a que virá chamar-se a “Ressurreição”

(Anselmo Borges, “Corpo e Transcendência”, 2011)   

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Perspetiva Antropológica

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Segundo Mircea Eliade, a agricultura, como técnica profana e como forma de culto, encontra o mundo dos mortos em dois planos distintos. O primeiro é a solidariedade com a terra; os mortos como sementes, são enterrados, penetrando na dimensão clónica só a eles acessível. Por outro lado, a agricultura é, por excelência, uma técnica de fertilidade, da vida que se reproduz multiplicando-se, os mortos são particularmente atraídos por este mistério do renascimento.

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Semelhantes às sementes enterradas na matriz telúrica, os mortos esperam o seu regresso à vida sob uma nova forma. É por isso que eles se aproximam dos vivos, sobretudo nos momentos em que a tensão vital das comunidades atinge o seu máximo, quer dizer, nas festas chamadas da fertilidade, quando as forças da natureza e do grupo humano são evocadas, desencadeadas e exacerbadas por ritos.

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As almas dos mortos estão sedentas de plenitude biológica, de excesso orgânico, pois este transbordamento vital, compensa a pobreza da sua substância, e projeta-nos numa corrente impetuosa de virtualidades e de gérmens. M. Eliade acrescenta, ainda que o festim coletivo representa justamente esta concepção de energia vital, com todos os excessos que implica é, pois, indispensável, tanto para as festas agrícolas como para a comemoração dos mortos. Outrora, os banquetes tinham lugar perto dos próprios túmulos, para que o defunto pudesse participar do excedente vital desencadeado perto dele.

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Citando alguns casos, aquele investigador refere que na Índia, o feijão era uma oferenda levada aos mortos. Na China, o leito conjugal encontrava-se no canto sombrio da casa, no sítio onde se conservavam as sementes, e por cima do lugar onde enterravam os mortos.

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A ligação entre os antepassados, as colheitas e a sexualidade é tão estreita, que os cultos funerários, agrários e genéticos se interpenetram, às vexes, até à sua completa fusão. Nos povos nórdicos, o Natal (Jul) era a festa dos mortos e ao mesmo tempo, uma exaltação de fertilidade e da vida. É no Natal que se realizam banquetes copiosos, e muitas vezes, se celebram os casamentos e se cuida dos túmulos.

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Os mortos regressam nesses dias para tomarem parte nos ritos de fertilidade dos vivos. Na Suécia, a mulher guardava no baú do dote um pedaço de bolo de casamento para o levar consigo para a cova. Da mesma forma, tanto nos países nórdicos como na China, as mulheres são amortalhadas nos vestidos de noivas.

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Rituais na Várzea

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Entre nós, e bem localizada na povoação da Várzea, aldeia do Soajo, mesmo junto da raia portuguesa e galega, ainda há pouco tempo se conservava o costume referido por Mircea Eliade, pois o vestido de noiva acompanhava a defunta para a cova. Noutras localidades, também na noite de Ceia de Natal, os lugares à mesa contam sempre com o falecido ou falecida naquele ano, colocando as famílias pratos e talheres, para os que já partiram, como se estivessem em comunhão física. Em tempos praticou-se o costume de se dormir na cozinha, sobre a palha, na noite de natal, deixando as camas desocupadas para que “os antepassados” que comparecessem, se pudessem deitar e dormir na cama, conforme refere E, Verga de Oliveira.

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A mesa fica com comida, pois durante a noite, os antepassados vem associar-se à festa dos vivos. Aliás, faz parte da estrutura cultural desta zona do Ocidente, a comunhão com os antepassados sendo de sublinhar a Costa da Morte (Galiza).

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Comunhão com os Antigos

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Procurando estar de acordo com o investigador Carlos A. Ferreira de Almeida, os castrejos depois de incinerarem os mortos, colocavam as suas cinzas dentro ou ao lado das suas casas de habitação. Uma sociedade consanguínea que não dispensa a comunhão com os antigos.

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O interesse que os mortos da família e o culto das almas têm nesta zona, nos tempos modernos, e de que uma das mais originais expressões é a dos nichos das alminhas, tem assim longínquos antecedentes.

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Conforme explica Teófilo Braga no livro “O Povo Português nos seus costumes, crenças e tradições, a expressão sapatos de defunto está relacionada com o compromisso duma confraria de Coimbra (1835), que regulando o enterro dos “irmãos”, diz que os sapatos do confrade morto ficariam “para o campaneiro”. Nestas confrarias ou irmandades, o campaneiro era o que avisava para o enterro, tocando a campainha pelas ruas, competindo-lhe essa gratificação.

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Na Escócia este costume está materializado em superstição. O escritor Watter Scott relata nos “Cantos Populares da Escócia” uma canção, a ser executada diante da pessoa falecida, e acompanha-a com esta notícia extraída de um manuscrito; “acredita-se que é bom dar uma vez na vida um par de sapatos a um pobre, porque após a morte, o defunto é obrigado a passar descalço através da sua grande braseira, cheia de espinhos, a não ser que pelos muitos méritos da esmola indicada, se resgate dessa penitência. À margem da braseira aparece um velho e entrega os mesmos sapatos, que em vida lhe foram oferecidos. Assim, calcando-os, o benemérito poderá com eles atravessar os sítios mais ásperos. Em algumas zonas do país, ainda se conserva a expressão: “quem espera por sapatos de defunto, toda a vida anda descalço”

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Relações Sociais

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O antropólogo galego Martino Ferro, procedeu a uma recolha exaustiva da tradição oral, narrando as aparições dos mortos, registando o medo que produzem, e as relações entre vivos e mortos.

O referido antropólogo conclui que aquelas narrativas são uma criação cultural estimável, pois atenuam a angústia perante a morte, transmitindo normas básicas paras a convivência e reforçando as relações sociais. A criação cultural depende dum lugar e dum momento histórico.

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Da Teologia à Ate Floral

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No Alto Minho registamos, ainda, o canto às almas e o toque dos sinos pelas almas benditas, bem como os nichos da alminha que se encontram ao lado dos caminhos.

Os vivos fazem penitência caminhando a um santuário. Os mortos são os romeiros do além que tem de purificar-se para chegarem limpos ao “santuário”

Percorrendo os cemitérios, “jardins da saudade” podemos afirmar que são também espaços culturais onde encontramos símbolos da teologia da esperança, manifestações da arte funerária, fotografias retiradas dos álbuns familiares, poemas de carinho, testemunhando-se o sentimento e as emoções com rituais e silêncios respeitosos.

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Os aromas dos círios acesos e da lamparina de azeite, os sons pesados dos sinos e os tons de arte floral criam um ambiente de grande comunhão entre os presentes e os ausentes.

Assim, constatamos que uma das marcas culturais da nossa memória coletiva, é o culto dos antepassados no espaço dos vivos.

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Os nichos das alminhas necessitam de revitalização, pois são importantes no âmbito do património cultural, merecem o devido relevo pelo seu significado originalidade e testemunhos de sufrágios às benditas almas.

Através do tempo os homens de fé tradicional, tiravam o chapéu ao passar na frente desses monumentos, repletos de emoções saudosas, e muitas vezes surgia uma prece sentida.

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Bibliografia:

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Ariés, Philipe e Duby Georges

História da Vida Privada, 5º vol. – Porto Ed. Afrontamento 1991

 

Essais sur L’histoire de la Morte n Occident de Moyer âge  à nous jours Ed. Souil, Col. Points de Histoire 1975.

 

Arquivo Paroquial de Chaviães – Melgaço

 

Arquivo da Real Confraria do espírito santo de Paredes de Coura

 

Braga, Teófilo – O Povo  Português na sua crença, costumes, volume 1 – Lisboa,  D. Quixote, 1985.

 

Borges, Anselmo, “Corpo e Transcendência”, 2011.

 

Cabral,  João Pina – Os Cultos da morte no Noroeste de Portugal. In “A morte no Portugal Contemporâneo”  trad. Ana Falcão Bastos e José Moura Carvalho, Lisboa, Quero 1985

 

Duby Georges, O Purgatório , Lisboa, Editorial Estampa – 1992

 

Eliade, Mirea – Tratado da História das Religiões, Lisboa – Ed. Cosmos 1970.

 

Ferro, xosé Romon Marino, Aparicion e Santa Compans, Vigo. Edicions Quamio 1995

 

Gonçalves, Flávio “Os painéis do purgatório e a origem das alminhas populares” in Boletim da Biblioteca Municipal de Matosinhos 1959.

 

Le Roy, Ladurie, (Em-Manuel) L’Annuer et la Morten Pay d’oc., Ed. Gal-Limard, Paris 1980

 

Queirós, Francisco, “O cemitério de Viana do Castelo”, CMVC, 2017.

 

Matos, Sebastião José de Sá Matos, “Alminhas e cruzeiros de Barcelos”, 1994.

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