Compre já a nova edição do livro MINHO CONNECTION

São Bartolomeu: Rostos de uma tradição, roteiro de uma Romaria Minhota!

De 19 a 24 de agosto, Ponte da Barca, considerada a capital das rusgas populares, vestiu-se toda de festa e animação e viveu a sua Romaria cheia de tradição. O MD registou os melhores momentos desta festa, uma das mais genuínas do Alto Minho.

 

Festa e tradição sem igual

PUB

A Romaria de São Bartolomeu, uma das mais antigas e tradicionais romarias do Alto Minho, mostrou todo o seu brilho ao longo dos cinco dias de festa e fervor. As tradicionais tasquinhas de comida típica portuguesa e nortenha, a feira de artesanato, os palcos musicais, os divertimentos infantis, os ranchos folclóricos do Concelho, tudo um aglomerado de atividades que ofereceu a todos os barquenses – e aos muitos turistas e emigrantes que visitaram a vila por esses dias – uma festa vibrante que enalteceu as tradições, sem deixar de lado a modernidade.  

Muitos foram os testemunhos recolhidos ao longo daqueles dias de festa. “Para nós barquenses, esta é a melhor época do ano. Não só pelo facto de estar calor e estarmos de férias, mas também porque nos juntamos todos para a festa e para o convívio. Reunimo-nos com a nossa família e os nossos amigos, tudo neste ambiente de festa. Não se pode pedir mais”, comenta Joana Andrade, barquense emigrada no Luxemburgo há alguns anos.

GOSTA DESTE CONTEÚDO?

Todas as ruas e esquinas da vila tinham animação. Os cafés mais emblemáticos de Ponte da Barca enchiam-se de fregueses que desfrutavam do ambiente enquanto bebiam um refrescante fino, ou um copinho de vinho verde, tão representativo desta zona do país. A música estava sempre presente nos altifalantes e nas colunas que apareciam espalhadas pelas varandas e soleiras das casas e estabelecimentos comercias.

Ponte da Barca estava ao rubro, e a Romaria apenas tinha começado!…

PUB

Corrida de cavalos e feira do gado, a tradição regressou e encantou

Já na apresentação do cartaz das festas do São Bartolomeu para este ano 2018, foi a grande novidade. Ponte da Barca teria, depois de vários anos de ausência, o regresso da corrida de cavalos e a feira do gado. Ambas as iniciativas foram apresentadas como uma inovação às atividades organizadas para a Romaria de este ano.

A corrida de cavalos foi precedida pela inauguração do Hipódromo de Ponte da Barca, situado na freguesia de Vila Nova de Muía. A inauguração do espaço esteve a cargo do Presidente da Câmara Municipal da Câmara de Ponte da Barca, Augusto Marinho, dos Vereadores do Município e membros da Junta de Freguesia de Ponte da Barca, Vila Nova de Muía e Paço Vedro Magalhães, numa pequena cerimónia presidida pelo Padre José Miranda da Costa.

PUB

Após inauguração e bênção do recinto, deu-se início à corrida de cavalos, no marco do campeonato nacional de corrida de cavalos a trote e galope. Tanto o hipódromo como a ponte circundante à estância, estavam repletos de pessoas que assistiram às quatro corridas que se realizaram nesse dia, e vibraram em cada entrega de prémios por parte do executivo barquense e os membros da organização do evento.

“Há muitos anos que não víamos nas festas de São Bartolomeu a corrida de cavalos. Lembro-me de ser criança e vir assistir às corridas com os meus pais. Era uma das atividades que as pessoas mais gostavam e que mais pessoas reunia. Fico contente por estar a assistir ao regresso da corrida de cavalos, agora acompanhado pelos meus filhos. Sabe muito bem estar aqui e lembrar momentos que foram marcantes na nossa infância”, declara Jacinto Melo, um dos espectadores do evento.

O calor típico do mês de agosto fazia-se sentir em cada tarde de atividades, mas havia um calor muito mais abrasador, o calor humano que se sentia no ambiente e que fazia que a alegria da Romaria fosse contagiante.

PUB

Noites tradicionais com um toque de modernidade

Com o cair da noite a festa ficava mais intensa com atividades para todo o tipo de gostos e idades. De hora em hora, apareciam centenas de pessoas que conviviam envolvidos pelo ambiente de folia que se vivia. Uns sentados nas esplanadas e cafés de eleição; outros a degustarem os pratos mais tradicionais e apetitosos no recinto das tasquinhas, enquanto ouviam a música dos diferentes grupos que atuaram naquele palco.

Ainda quando a Romaria de São Bartolomeu era um hino à tradicionalidade e os costumes barquenses, este ano aliou-se à modernidade. O cartaz das festas manteve as atividades mais tradicionais como os cantares ao desafio, o festival de folclore, a música portuguesa, mas também trouxe cantores como Pedro Abrunhosa e o rapper Piruka que, sem lugar a dúvidas, atraíram o público mais jovem.

Ambos os concertos, cada um no seu registo específico, deixaram a fasquia bem elevada, encantando a todos os espectadores – e curiosos – que por ali passavam. “Trouxe o meu filho adolescente para ver o Piruka, é o rapper do momento, e ele estava eufórico por ter oportunidade de assistir ao show do seu artista preferido. Veio e delirou com o concerto que – gostos à parte – foi excelente! Já eu assisti ao concerto do Pedro Abrunhosa e, sinceramente, fiquei sem palavras. Além de ser um dos melhores cantores do nosso país, tem um desempenho que deixa qualquer um impressionado. Eu adorei! O cartaz deste ano está muito bom, para todos os gostos e idades”, assegura Miguel Tavares.

 

Ponte da Barca, capital das rusgas tradicionais

Naquela que é considerada a noite mais longa do ano em Ponte da Barca, o convite ao MD surgiu de uma maneira inesperada, mas foi aceite de bom agrado. Aceitámos acompanhar e viver de perto o sentimento que se tem ao fazer parte de uma rusga tradicional barquense e, dessa maneira, a nossa rusga nessa noite foi a feliz Rusga da Corisca!

O jantar foi marcada para às 20:00 horas, num restaurante conceituado da vila. Aos poucos, foram chegando os participantes da nossa rusga, perfeitamente vestidos e enfeitados de acessórios alusivos à Romaria. Logo após a chegada dos elementos que formavam a rusga, chegaram também os tocadores de concertina que fizeram as honras do jantar, tocando umas quantas modas para ambientar o repasto.

Naquela sala de refeições encontraram-se, pelo menos, 3 rusgas diferentes, todas elas identificadas com um cartaz e unidas num mesmo sentimento: o amor pelas suas tradições. A alegria “pela noite mais linda que a Barca tem”, como muitos afirmaram.

Durante toda a refeição a animação era visível, e antes de comer ainda houve tempo de dançar um vira que serviu de ‘treino’ para a noite que se avizinhava. Era de admirar as diferentes faixas etárias que se encontravam naquela sala. Até mesmo nos mais pequenitos consegue-se sentir e reconhecer aquele sentimento de apego e de amor pelo que é muito deles. Muito barquense O ambiente era de música, alegria e animação. Naquela noite todos pareciam uma grande família a festejarem o que de melhor têm!

Um bem-haja a todos, mas especialmente, à nossa rusga da Corisca que gentilmente nos convidou e fez-nos sentir parte dessa família. A noite foi encantadora; a vivência inesquecível.

 

Uma história que começou há cinco anos…

Foram muitas as pessoas que conhecemos durante esta reportagem. Muitos testemunhos recolhidos e momentos imortalizados em fotografia. Falámos com muitos estrangeiros que, de férias em Ponte da Barca, ficaram impressionados com a animação e a grandiosidade das festas. Falámos com barquenses – muitos! – que ainda não perderam a capacidade de se surpreenderem e de se arreigarem cada vez mais àquela que é a sua festa, a sua Romaria.

E neste conhecer e descobrir de histórias também conhecemos o Miguel e a Janine, portugueses, de Lisboa, mas com uma costela bem barquense. “Vimos todos os anos à Romaria. Para nós, o São Bartolomeu tem um significado muito especial. Foi aqui que nos conhecemos, foi aqui que começámos a namorar. Temos um amigo em comum que tem as suas raízes cá na Barca, em Sampriz, e foi através dele que nos conhecemos, pela partilha de amizades comuns… e assim começou a nossa história”.

Para Miguel e Janine, o São Bartolomeu tornou-se uma espécie de ritual. É a celebração do início de uma relação que já conta com cinco anos e muitos amigos barquenses que foram juntando-se ao seu grupo predileto de convívio. Muitas são as histórias que esta Romaria esconde, e é por isso que ela se torna tão especia, formosa e íntima.

 

Cortejo Etnográfico e Majestosa Procissão, reflexo do sentimento barquense

Ambas são manifestações genuínas do passado e do presente desta vila Minhota. O Cortejo Etnográfico representa a vida, a cultura e as tradições do povo de antigamente. O povo barquense que trabalhava o linho, que lavrava os campos, que cuidava das suas casas – muitas delas que foram legados ao longo de várias gerações dos seus antepassados. Mas também um povo alegre, cantadeiro e dançador. Um povo que gosta daquilo que é e o representa com orgulho e altruísmo, na sua simplicidade.

Já a Majestosa Procissão reflete o fim último da festa. A fé e a crença cristã dos barquenses que, cheios de fervor e respeito, assistem à marcha com um decoro e silêncio admirável, tocante. Afinal a festa é toda em Honra do São Bartolomeu que ainda quando não é o *adroeiro da vila, é um dos Santos mais acarinhados pelo povo barquense.

 

Viva o S. Bartolomeu, ame o S. Bartolomeu, seja o S. Bartolomeu

E assim culminou mais uma Romaria. Mais uma semana de festa e animação que deixa em todos os barquenses um sentimento de satisfação, mas também de alguma nostalgia. “Para nós, o dia 25 de agostos, cá na Barca, é um dia de depressão coletiva. Não é à toa que para nós quando o S. Bartolomeu acaba, começa o inverno. Vivemos e gostamos muito da nossa tradição, da nossa Romaria. E a partir de amanhã, dia 25, já só faltam 365 dias para a Romaria – e é só isso o que importa!”

Um agradecimento especial a todos aqueles que colaboraram na elaboração desta reportagem. Um bem-haja à Comissão de Festas e ao povo barquense em geral pela sua simpatia, boa disposição e apoio às tradições. Foi um privilégio com que nos honraram!

PUB
  Partilhar este artigo
  Partilhar este artigo
PUB
📌 Mais da Barca
PUB

Junte-se a nós todas as semanas